quinta-feira, janeiro 23, 2025
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Tarcísio abandona CSP Conlutas e ironiza ataque do G5, de ex-companheiros

Por Pollyanna Xavier

A última edição do aQui caiu como uma bomba no meio sindical de Volta Redonda e região. Tarcísio Xavier, advogado e assessor jurídico do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Edimar Miguel, recebeu o jornal já na noite de sexta, 17, e reagiu com espanto ao noticiário. Ficou até meio revoltado. Em grupos de WhatsApp, ele gravou dois áudios e anunciou o seu desligamento da CSP Conlutas – a principal central sindical que apoiou a chapa de Edimar nas eleições de 2022. “A partir deste momento, não me considero mais militante da Conlutas. Estou saindo e vou militar sozinho dentro do Sindicato sem nenhuma organização atrás de mim, ao lado do presidente (Edimar), defendendo o presidente contra qualquer tipo de tentativa de querer destruir a nossa luta e de querer destruir a nossa história”, desabafou Tarcísio.
A decisão de deixar a Conlutas foi tomada depois que Tarcísio leu a matéria veiculada pelo aQui, dando conta que cinco dos seis diretores do Sindicato – o batizado G5 – racharam de vez com Edimar Miguel. Tudo por culpa de Tarcísio, alegaram. Segundo eles, o advogado estaria exercendo forte influência sobre Edimar, tentando implantar um modelo de militância, especialmente entre os trabalhadores da CSN, que teria funcionado no passado, mas que não funcionaria nos dias atuais. “Quanta honra, cara, quanta honra saber que o Tarcísio vive do passado. Quanta honra que o Tarcísio vive da história, vive daqueles momentos lindos de luta que houveram (sic) nesta cidade, nesta empresa”, ironizou Tarcísio, para, em seguida, completar: “Quanta honra saber que o G5 reconhece a história de uma liderança importante”.
Tarcísio foi além. Criticou o G5, a quem diz ter ajudado no último ano, quando foi criada uma comissão de trabalhadores dentro da CSN para acompanhar as negociações da campanha salarial de 2022. Na época, operários da comissão foram demitidos e parte deles acabou formando a chapa 2, que saiu vitoriosa nas eleições do Sindicato. Além disto, os demitidos entraram com uma ação de reintegração e foram defendidos por Tarcísio. A questão ainda não foi encerrada pela Justiça do Trabalho. “Olha só a postura do G5 (…), você tem lá dois membros da comissão que foram afastados e vão ser reintegrados definitivamente, que eu ajudei, eu ajudei”, frisou.
Ele continuou. “Eu orientei a greve do ano passado. Qual foi o advogado que estava lá na porta da CSN apoiando a luta? Eu. Quem era o advogado que estava dando orientação jurídica? Eu. Quem orientou a comissão a fazer uma assembleia e eleger os companheiros, convocar a assembleia por edital no jornal, fazer uma ata e registrar a ata em cartório, encaminhar ofício para CSN, encaminhar o ofício para o sindicato para poder dar legitimidade à comissão? Eu”, insistiu, se autodefendendo do G5. Para Tarcísio, até o impedimento de participar da reunião com a CSN, para discutir o acordo de turno (na semana passada), teria participação do G5. “Eu orientei e fui expulso da reunião”, reclamou.
De fato, Tarcísio não pôde participar da reunião com a executiva do Sindicato e representantes da CSN, realizada no dia 16 de novembro. Em ofício enviado ao Sindicato, a empresa limitou a participação de pessoas que não fossem da Executiva. A verdade é que a CSN não queria negociar com o Comitê de Luta, criado por Tarcísio e que reuniu, além do sindicato dos Metalúrgicos, o dos Vigilantes. “A CSN não gosta desta coisa de unificar pauta e sindicatos. Ela prefere negociar de forma individualizada, então a ideia era sentar para conversar somente com o Sindicato dos Metalúrgicos”, comentou uma fonte da empresa.
Quando Edimar soube da restrição, teria enviado mensagens aos representantes da CSN dizendo que levaria Tarcísio – seu assessor jurídico e advogado particular. Minutos antes da reunião, Tarcísio teria sido convidado a sair, o que o deixou contrariado. “A CSN não pode intervir na escolha do Sindicato, quem deve ou não deve participar da reunião. O sindicato leva quem ele quiser”, esbravejou no áudio.
No mesmo áudio, Tarcísio contou que chegou para a reunião com a CSN e teria encontrado os integrantes do G5, ainda do lado de fora da UPV, que tinham acabado de gravar um vídeo aos trabalhadores. O grupo não teria falado nada sobre a participação de Tarcísio no encontro. “Esperaram a gente entrar na sala e sentar na mesa, na presença da CSN, e pediram para eu me retirar da reunião, porque era só da Executiva. Pediram para mim que eu me retirasse da reunião (sic)”, reclamou, dizendo-se decepcionado. “Eles não tiveram a coragem de soltar um boletim na porta da fábrica defendendo o turno de 6 horas. Parece que o G5 é que determina a política. Se você soltar um boletim na porta da fábrica, então você está voltando ao passado, e não podemos voltar ao passado”, chiou.

TRAIÇÃO E TURNO
Tarcísio também não poupou críticas à CSP Conlutas, à qual é filiado desde que a executiva municipal foi fundada. “Estas pessoas (referindose ao G5) não são dignas de serem militantes da Conlutas (…) Esta política é uma rendição, e a Conlutas está se rendendo a uma política covarde e traidora”, disparou. “Eu não fico um minuto sequer dentro da Conlutas, não falo daquela central do passado que eu tenho orgulho de ter participado, e que eu ajudei a fundar. Nesta Conlutas de hoje, eu não me sinto representado”, concluiu.
O aQui tentou falar com os integrantes do G5, mas eles não quiseram comentar o áudio de Tarcísio. A verdade é que, desde a última edição do aQui, publicada no sábado, 18, dando conta do racha entre cinco diretores e Edimar, por causa de Tarcísio, a situação no Sindicato ficou insustentável. A questão foi agravada pelo resultado da votação do acordo de turno, em que os trabalhadores da CSN rejeitaram a proposta da empresa. Esperava-se que cerca de 5 mil votantes comparecessem à praça, mas apenas 2.654 votaram. Destes, 824 aceitaram a oferta da CSN, que consistia em R$ 5 mil de compensação financeira pela renovação da jornada de oito horas, enquanto 1.827 a rejeitaram. Foram apurados ainda dois votos nulos e um branco.
A votação aconteceu na Praça Juarez Antunes, e a apuração dos votos terminou por volta das 18 horas. De cima do carro de som, Edimar anunciou o resultado em clima de comemoração. Ele e Tarcísio defendiam a volta do turno de seis horas na UPV e fizeram campanha para que os metalúrgicos rejeitassem a proposta da empresa. Antes de deixar a praça, Edimar encaminhou mensagem à CSN pedindo a reabertura das negociações, mas até o fechamento desta edição, não havia respostas.
Nas redes sociais, alguns trabalhadores deixaram claro que o fato de rejeitarem a proposta da CSN não significa que querem a volta do turno de seis horas. O que eles realmente desejam é que a CSN melhore a proposta e apresente uma compensação financeira maior do que os R$ 5 mil oferecidos. Vale lembrar que a mesma proposta foi apresentada e aprovada na CSN Cimentos e na GalvaSud (Porto Real).

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