quinta-feira, janeiro 23, 2025
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Sonhando acordado

Felipe Santa Cruz sonha com apoio de Neto, Munir e Deley, que pretendem apoiar Cláudio Castro

Mateus Gusmão

Daqui a exatos 112 dias, os eleitores do estado do Rio irão às urnas para escolher quem irá ocupar o Palácio Guanabara pelos próximos quatro anos. A disputa, segundo as pesquisas eleitorais, mostra que os indecisos predominam. Nenhum dos atuais candidatos consegue, por exemplo, ser bem avaliado, tanto que todos perdem para os votos em branco e nulos (ver box). Nos bastidores, para piorar, as traições rolam soltas, com o beneplácito do TRE/RJ. Uma delas ocorre em Volta Redonda, onde o prefeito Neto já tornou pública a intenção do seu grupo e dos seus candidatos – Munir e Deley – não acompanharem a orientação de suas legendas (DEM e PSD) para apoiarem Cláudio Castro, pré-candidato do PL à reeleição.
A traição partidária está tão consolidada que Felipe Santa Cruz, ex-presidente da OAB nacional, lançado pelo prefeito Eduardo Paes como pré-candidato do PSD no estado do Rio, esteve em Volta Redonda na terça, 7, e sequer viu o rosto do trio Neto, Munir e Deley. A assessoria de imprensa de Santa Cruz chegou a anunciar que ele se encontraria com o prefeito da cidade do aço e daria uma coletiva de imprensa, o que não aconteceu.
Durante sua passagem por Volta Redonda, Felipe Santa Cruz concedeu uma entrevista exclusiva ao aQui. E disse esperar reverter a traição. “Eu vejo com pragmatismo essa situação. Os prefeitos precisam das verbas do governo do Estado. Mas ele (Neto) vai ver que somos a melhor opção. Espero contar com o apoio dele”, disse, dando a entender que o apoio de Neto a Cláudio Castro se daria por conta dos recursos do Estado que estão sendo liberados para a cidade do aço.
Sobre a postura de Deley e Munir, que alegam ter autorização de Eduardo Paes para apoiar o nome do atual governador, Santa Cruz foi incisivo. “Eu não participei dessa conversa. Mas ainda há bastante tempo (até a eleição). Quero contar com o voto deles”, completou, cutucando o seu adversário do PL. “O governador Cláudio Castro é mais do mesmo. Precisamos discutir mais o estado, políticas públicas para segurança pública, geração de emprego, turismo e saúde”, disse.
O candidato do PSD também esteve na OAB de Barra Mansa e foi recebido pela vice-prefeita Fátima Lima, que é pré-candidata a deputada federal, assim como Deley. “Eu estou correndo o estado para conversar com as pessoas. Eu brinco que sou um candidato em treinamento, estou me enveredando por esse caminho agora da política. Minha atuação sempre foi na profissão. Mas tenho visto muita abertura favorável à candidatura”, avaliou Santa Cruz.
Segundo ele, o Sul Fluminense tem várias oportunidades de desenvolvimento. “É o caso do turismo nas cidades do Vale do Café; precisamos estimular esse setor. A região também é um grande polo industrial, mas estamos perdendo a guerra fiscal com outros estados e perdendo empresas. Precisamos tornar o Rio mais competitivo”, acrescentou, salientando que ainda não teve conversas com a direção da CSN. “Mas isso vai acontecer, sei da importância da siderúrgica para Volta Redonda e região”, sublinhou.
Questionado se sua candidatura seria uma ‘terceira via’ contra a polarização entre Cláudio Castro e Marcelo Freixo, Felipe Santa Cruz disse não gostar do termo. “Eu acho essa coisa de terceira via pejorativa. Eu quero desenvolver e discutir políticas públicas. Tratar dos problemas do Rio, saindo deste Fla x Flu ideológico”, completou, ressaltando que ainda não há definição sobre o candidato a vice em sua chapa. “Isso será definido perto das convenções partidárias (em agosto)”, afirmou.
Felipe Santa Cruz ainda aproveitou para comentar a distribuição de recursos públicos (oriundos da venda da Cedae) que Cláudio Castro está promovendo aos municípios fluminenses, às vésperas da eleição. “Podemos estar perdendo uma grande oportunidade com isso, pois ele (Castro) está gastando isso para a campanha eleitoral. Existem obras urgentes nesse meio? Existem. Mas me parece que está faltando planejamento”, disparou.

Em baixa

Se o taciturno Cláudio Castro andar pela Avenida Amaral Peixoto hoje, sábado, 11, ou qualquer dia da semana, ele não será muito reconhecido. Eleito vice-governador do também então desconhecido Wilson Witzel, Castro só assumiu o Palácio Guanabara graças ao impeachment do ex-juiz. Desde a venda da Cedae passou a investir milhões e milhões em cidades do interior, visando se tornar mais conhecido. Só em Volta Redonda, onde esteve na semana passada, anunciou investimentos da ordem de R$ 300 milhões, sem contar que no ano passado já tinha liberado mais de R$ 100 milhões para o Palácio 17 de Julho. O dinheiro, da Saúde, foi usado por Neto para pagar os salários de servidores durante vários meses.
O ‘xis’ da questão é que a estratégia do ilustre desconhecido Cláudio Castro não tem dado muito certo. Prova foi apresentada pela Paraná Pesquisas ao liberar uma pesquisa de intenção de votos para as eleições de outubro. Na versão estimulada (quando o entrevistador mostra as opções de voto para governador), brancos e nulos receberam 24,7% das citações. Mais do que Cláudio Castro (PL). O atual governador aparece com 23,2% das intenções de voto. Tem mais. Castro aparece empatado tecnicamente com o deputado Marcelo Freixo (PSB), que tem 21.4%. Atrás, bem atrás, surgem Rodrigo Neves (PDT), com 8%; Coronel Emir Larangeira (PMB), com 2,6%; Felipe Santa Cruz (PSD), com 2,3%; Eduardo Serra (PCB), com 1,8%; Cyro Garcia (PSTU), com 1,7%; e Paulo Ganime (Novo), com 1%.
Na versão de votos espontâneos (quando nenhuma alternativa é apresentada), 76,4% não sabem ou não responderam em quem vão votar, enquanto 8,9% disseram que votarão em branco, nulo ou em ninguém. Nela, Cláudio Castro aparece com apenas 7,4%, seguido por Freixo com 5%. A pesquisa está devidamente registrada no Tribunal Superior Eleitoral. O nível de confiança é de 95,0% para uma margem estimada de erro de aproximadamente 2,5%.

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