O progresso da sociedade não passa somente pelas descobertas científicas e tecnológicas que permitem melhorar o estilo de vida e a relação das pessoas entre si e com o meio em que vivem. O progresso passa pela superação das visões distorcidas e o reconhecimento das interpretações erradas que se faz dos conceitos da vida.
Entre os conceitos a serem superados e exterminados da convivência humana, deve se destacar os preconceitos sobre todos os aspectos e formas. Não se pode admitir de forma alguma que se alimente distinção, separação, discriminação, racismo ou qualquer “apartheid” Social.
A discriminação social é um dos mais graves atentados que já se cometeu contra a humanidade e que ainda sobrevive na cabeça e nos corações de diversos grupos humanos que não conseguiram evoluir ou mesmo rever seus próprios conceitos formados em momentos muito obscuros da história humana.
A discriminação racial classifica os seres humanos de acordo com a cor da sua pele, sua raça e suas origens, alimentada por teorias preconceituosas, que ensinam que há raça superior a outra e pessoas melhores. Todas estas teorias já foram refutadas e reconhecidas como fúteis por não serem nem honestas e menos ainda humanas.
Não basta refutar as teorias, é preciso combater as práticas e a comunicação preconceituosa que ainda se permite cultivar em determinados ambientes e nas interatividades sociais. Ninguém nasce racista ou preconceituoso, se aprende em algum lugar. O ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, afirmou: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender”.
O fato é que não basta somente ensinar o fim do preconceito racial, se faz necessário ensinar a amar. E amar a todos de forma indistinta e sem nenhum sentimento de orgulho que leve alguém a sentir-se superior ao outro. O amor a todos os seres humanos deve ser cultivado nos lares, ambientes e espaços de convivência. Ninguém foi criador inferior a ninguém e tampouco nasceu para ser melhor que ninguém. Os desníveis são uma falta de harmonia na convivência humana e, acima de tudo, falta de amor humano injetado nas veias e no coração.
O fato é que ainda há pessoas que absorveram alta dose de preconceito, racismo e soberba comportamental dentro dos seus próprios lares, e alimentam ou mesmo disseminam estes conceitos vergonhosos e humilhantes.
Não podemos tolerar brincadeiras ou piadas que humilhem e destratem qualquer pessoa. Não pode-se admitir escolhas preferenciais que discriminem a cor da pele do outro, como se ele fosse inferior. Não se pode elevar ninguém a custa da humilhação de outra pessoa.
O racismo e o preconceito racial devem ser tão repudiados como se rejeita a fome, a miséria, a guerra e a todos os crimes. Não há diferença entre racismo de branco ou de negro. Todo racismo é selvagem e desumano. Ele fere de forma letal a convivência sadia, projeta pessoas egoístas e ignorantes e joga outros no campo da marginalidade social.
As práticas de preconceitos raciais devem ser denunciadas e combatidas como qualquer outro crime. Nunca se deve considerar tais práticas como uma coisa menor ou sem importância. A indiferença ou o pouco caso com um assunto tão sério aumenta a prática disseminada – mesmo que inconsciente – deste comportamento doentio.
Não se combate o mal com o mal, mas com a verdade e o bem. A verdade a ser ensinada, vivida e praticada é a que somos todos irmãos e irmãs, temos um Único e mesmo Pai a quem chamamos de Deus. Um Pai que tem filhos de todas raças, apontando para a riqueza da diversidade e beleza da interatividade. O bem precisa ser vivido, ensinado e praticado e ambientes separatistas e discriminatórios devem ser abolidos da convivência humana. Não basta ser contrário ao preconceito racial, é preciso viver e ensinar a viver o amor entre todos.
Padre Róger Araújo é jornalista e membro da Comunidade Canção Nova. Apresentador do Programa “A Bíblia no meu dia a dia” na TV Canção Nova. Autor dos livros “João Paulo II – Uma vida de Santidade”, “Repensando a Vida” e “Descomplicando a Vida” pela Editora Canção Nova.