Um novo sistema de transporte de passageiros está sendo implantado, meio que à força, em Volta Redonda: o de mototáxis. O serviço está sendo oferecido, entre outros, pelo aplicativo ‘99 Táxi’, e as plataformas existentes andam caindo no gosto de muitos volta- redondenses, que querem aproveitar a tarifa barata e mais agilidade, principalmente com a queda na qualidade dos ‘ubers’ e diante dos preços mais salgados dos táxis convencionais.
O ‘xis’ da questão é que o serviço de mototáxi é irregular e será combatido. Quem garante é a própria prefeitura de Volta Redonda, que confirmou, com exclusividade ao aQui, através da secretaria de Transporte e Mobilidade Urbana, que na cidade do aço a Lei Municipal 3.984 de 2004 proíbe o uso de veículo de duas rodas na prestação de serviços de trans- porte de passageiro, sendo passível de fiscalização e sanções pertinentes.
Questionada se haverá ações de fiscalização, a prefeitura disse que sim.
“A secretaria de Ordem Pública (Semop) e a Guarda Municipal vão desenvolver ações integradas com a STMU, com o objetivo de fazer os ajustes necessários para quem estiver fazendo qualquer tipo de transporte irregular na cidade”, acrescentou.
Enquanto os GMs não saem às ruas para combater os mototáxis, eles seguem rodando livremente pela cidade do aço. E com um preço acessível, digamos assim. O aQui simulou uma ‘corrida’ do Palácio 17 de Julho, no Aterrado, até a subprefeitura do Retiro. Na opção de ‘99Moto’, a corrida sairia por R$ 7,40, enquanto no ‘99Pop’ – com carros populares –, a R$ 10,00. Na opção ‘99 Confort’, com veículos mais ‘novos’, a corrida sairia por R$ 12,00.
Além do ‘99 Táxi’, o Uber também começou a operar o serviço de moto-táxi em Volta Redonda. Mas por cobrar uma taxa maior do motociclista parceiro da plataforma (cerca de 40% da tarifa da corrida), o aplicativo está sendo pouco utilizado. Com a mesma simulação, do Palácio 17 de Julho à subprefeitura do Retiro, a corrida de moto sairia por R$ 6,02 e, de carro, R$ 10,99.
A reportagem do aQui também resolveu testar o serviço oferecido pelos mototáxis. Na segunda, 6, solicitou uma corrida da Vila Mury, na Avenida das Magnólias, até a Praça da Colina, por volta das 19 horas, através do ‘99 Táxi’. Uma corrida convencional, com um carro, estava saindo por R$ 17,00. Como era a primeira vez que usava a ferramenta de moto, o repórter teve um desconto e a corrida saiu por pouco mais de R$ 2,00.
O piloto chegou rapidamente para pegar o cliente (repórter), mas não usava a identificação de que estaria a serviço do aplicativo (como colete típico), porém a placa era a mesma informada pela plataforma digital. O capacete foi oferecido e, durante o trajeto, o mo- toqueiro chegou a fazer algumas ultrapassagens perigosas. Detalhe: só quando chegou ao local do destino foi percebido que a moto estava sem retrovisor, o que foi relatado ao ‘99 Táxi’.
O motociclista Eduardo Reis é um dos que se inscreveram no ‘99 Táxi’ para fazer parte da opção ‘99 Moto’. Segundo ele, sua aprovação foi rápida e saiu em menos de 24 horas. “Eles pediram documento da moto, documento pessoal e exigiram que na carteira de Habilitação constasse a opção ‘atividade remunerada’”, destacou, ressaltando que há relatos de companheiros de que a aprovação pode demorar mais de cinco dias. “Acho que por minha CNH ser antiga, com tempo pilotando, acabaram aprovando mais rápido”, completou.
Eduardo, que também trabalha como motoboy, disse que está utilizando o aplicativo para complementar a renda. “Não fico o dia inteiro rodando, como muitos estão fazendo, mas consigo ‘tirar um troco’. No último domingo, por exemplo, consegui fazer R$ 130,00 em cerca de cinco horas”, salientou, garantindo que a cada dia mais passageiros estão pedindo ‘mototáxis’ pelo aplicativo. “Parece que as pessoas estão sabendo mais sobre o aplicativo agora e, como é mais barato e rápido que pedir um carro, estão usando mais”, destacou.
Caso foi parar na Justiça no Rio
Sem regulamentação como serviço de transporte de passageiros por moto, as empresas ‘99 Táxi’ e Uber estão enfrentando batalhas judiciais para conseguir operar os ‘mototáxis’ no Rio de Janeiro. É que o prefeito Eduardo Paes proibiu a operação na cidade mara- vilhosa, e o caso foi parar na Justiça. Em fevereiro, a 99 ganhou na Justiça o direito de retomar as atividades de mototáxi, após o veto inicial da administração da capital fluminense. A empresa ingressou com uma ação por abuso de poder, alegando que o serviço não deve ser categorizado como mototáxi e, sim, como corrida, conforme prevê a legislação de transporte privado de passageiros. A decisão determina que a SMTR (Se- cretaria Municipal de Transportes) do Rio se abstenha de impedir a operação das atividades, mas a prefeitura carioca pretende recorrer para retomar a proibição.
Em São Paulo, a situação é a mesma, mas o serviço segue proibido por enquanto. Por decreto, o prefeito Ricardo Nunes alega que não há segurança comprovada para os passageiros. “A segurança dos motociclistas, a redução no número de sinistros fatais no trânsito e o impacto no sistema público de saúde são preocupações”, diz a nota da prefeitura de São Paulo