terça-feira, janeiro 21, 2025

Sem pânico

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Mateus Gusmão e Luiz Vieira

Como aprendizes de Sun Tzu, sábio chinês, autor do livro ‘A Arte da Guerra’, os representantes da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, se armaram para não serem surpreendidos pelo comando do movimento das mulheres e familiares dos PMs, como ocorreu no Espírito Santo, onde ninguém entra e ninguém sai dos quartéis capixabas. É que Sun Tzu ensinava que, numa guerra, é preciso conhecer a si mesmo e conhecer o inimigo. O que é o caso. Assim, na calada da noite, os comandantes deram as ordens: todas as viaturas de todos os quartéis, inclusive o de Volta Redonda, não poderiam ficar aquarteladas. Ficariam nas ruas, de sobreaviso para atender a qualquer chamado. E assim foi feito, o que surpreendeu o inimigo. 

 

Só que os adversários também estavam se preparando para o pior e, ao invés de esperarem para agir na madrugada de quinta para sexta, anteciparam a estratégia e tomaram a maioria dos quartéis a partir das 18 horas de quinta, 9. Na cidade do aço, o acesso ao 28º Batalhão foi fechado por cerca de dez homens e mulheres (a maioria). Azar ou sorte, não impediram a saída de nenhuma viatura. Só de poucos PMS, que trabalham na área administrativa do Batalhão do Aço. Outro detalhe: o comando do 28º BPM chegou a convocar todos os policiais militares da reserva. Caso as mulheres impedissem os trabalhos da PM, eles seriam chamados para agir nas ruas para garantir a segurança da população.

 

Os dois lados – comando e movimento das mulheres – chegaram a comemorar a estratégia adotada. Não deveriam. É que os boatos passaram a tomar conta de todas as conversas em Volta Redonda, Barra Mansa e cidades vizinhas sob comando do 28º BPM. Como solidárias, várias pessoas foram até o Batalhão do Aço, na Voldac, para mostrar apoio ao movimento das mulheres dos PMs. Buzinando e gritando, agiam como se os atos de violência de Vitória (ES) fossem acontecer. Uma senhora, de 80 anos ligou para a redação do aQui. Estava assustada com a informação que tinha recebido de que bandidos do Alemão (morro carioca) estavam prestes a invadir Volta Redonda. Pura sacanagem de quem espalhou o falso boato.

 

Até o prefeito Samuca Silva ficou preocupado e, bem aconselhado, usou as redes sociais para acalmar a população. “Estou aqui para garantir à população que a ordem e a segurança serão mantidas. Conversei com os comandantes do batalhão de Volta Redonda e com o comandante geral da PM no Rio. Estou acompanhando a justa manifestação das famílias dos oficiais, que querem apenas o salário em dia e uma vida digna. Mas a segurança da cidade não pode ficar comprometida. As viaturas das PMs estão a postos em pontos estratégicos de Volta Redonda e há vários pontos de abastecimento”, destacou.

 

Tem mais. Samuca anunciou que todos os agentes da Guarda Municipal estavam de prontidão para agir, caso necessário. “Deixei todo o efetivo da Guarda Municipal de sobreaviso e nas ruas para colaborar com a segurança de todos. Temos fé que em breve a situação será regularizada nos batalhões. Peço à população que mantenha a calma e espero que o governador (Pezão) ache, o mais breve possível, as respostas para as reivindicações dos policiais”, concluiu Samuca.

 

Assim como em Volta Redonda, o prefeito de Barra Mansa, Rodrigo Drable, também deixou a Guarda Municipal em alerta total. E desde a madrugada de ontem, sexta, 10, os GMs estão reforçando o policiamento com rondas pelas ruas da cidade. De acordo com o comandante da GM, Joel Valcir Pereira, 32 homens estão circulando a pé pelas ruas do Centro, Barbará, Ano Bom e Vila Nova, além de oito viaturas. No apoio, segundo Joel, a operação conta com mais 15 veículos e quatro motocicletas. “Começamos nosso trabalho às 5 horas da manhã. A cidade está em ordem, nada fora do normal. Mas vamos manter essa ronda até ter a certeza de que esse movimento está descartado”, garantiu Valcir.

 

Já o secretário de Ordem Pública, o ex-vereador Luiz Furlani, disse que as rondas são de extrema importância para evitar o pior, a desordem. “Entendemos as manifestações que estão acontecendo pelos familiares dos nossos policiais militares, mas tomamos todas as medidas de segurança necessárias, junto com o prefeito Rodrigo Drable, para manter a ordem e não deixar qualquer problema se espalhar pela cidade”, avaliou.

 

Tudo tranquilo

Ontem, sexta, 10, só quem passava em frente ao 28º BPM, na Voldac, percebia que algo incomum estava acontecendo. Era o bloqueio feito por apenas um grupo de 10 mulheres, na entrada do quartel. Nas ruas, tudo estava tranquilo. “O que é isso?” indagou uma cobradora da Viação Sul Fluminense ao repórter do aQui, quando ia para a sede da empresa, por volta das 6 horas. “Protesto das mulheres dos PMS”, responde o repórter. “Ah, tá”, limitou-se a dizer, continuando sua marcha para o batente. 

 

 Assim como ela, centenas de funcionários de todos os tipos de lojas – ao contrário do que aconteceu no Espírito Santo – foram trabalhar na manhã de ontem, sexta, 10. Lojas, escolas, supermercados, bares e bancos funcionaram normalmente. E nem os boatos maldosos de arrastões proliferaram como na noite anterior. Ainda bem.

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