sexta-feira, outubro 4, 2024

Sem educação

Professores do UBM estão sem receber há quatro meses e ameaçam entrar em greve; instituição não se pronunciou

Pollyanna Xavier

Uma situação recorrente voltou a envolver professores e alunos do Centro Universitário de Barra Mansa, o UBM. Trata-se do atraso no pagamento dos salários, décimo terceiro de 2021, férias e outros direitos trabalhistas. No início da semana, um grupo de docentes publicou uma nota de repúdio contra a instituição comunicando aos alunos e à comunidade acadêmica a interrupção das aulas devido à inadimplência da faculdade. Segundo o documento, são 112 dias sem pagar o salário de abril e mais de 225 dias sem depositar a 1ª parcela do 13° do ano passado. O UBM também estaria devendo o FGTS há mais de cinco anos. “Estamos vivenciando graves violações em nossos direitos”, escreveram os professores na nota de repúdio.
O documento denuncia o descaso da universidade para com os professores, que acreditam terem sido iludidos com promessas de depósito de salários. “Fomos compelidos a aceitar o silêncio e a falta de transparência dos dirigentes. Fomos enganados com promessas falsas. Fomos cobrados e realizamos diversas atividades acadêmicas e laborais sem questionar, tudo em prol do corpo discente, sem que a obrigação de nos remunerar fosse efetivada”, denunciaram.
De acordo com os professores, não é de hoje que o UBM tem parcelado o pagamento dos salários de seus funcionários (administrativo, professores, dentre outros), mas, de abril pra cá, nem as parcelas estariam sendo pagas. “Tentamos o diálogo, procuramos o UBM (….), sem êxito”, lamentaram, acrescentando que as contribuições previdenciárias também não estariam sendo recolhidas, o que prejudicaria a condição de segurado dos professores e funcionários junto ao INSS. “Estamos cansados, sem condições financeiras e exauridos emocionalmente para manter a nossa conduta honesta e a ética”, registraram.
Os professores acreditam até que os salários de julho, cuja data limite de pagamento é no 5° dia útil de agosto, não serão depositados, prejudicando cerca de 250 profissionais tanto do Centro Universitário quanto do Colégio de Aplicação. “Afeta todo mundo. Afeta os demais funcionários que trabalham na secretaria, biblioteca, recepção, núcleo de educação à distância e outros setores (…) Tem funcionário relatando que está sobrevivendo com a ajuda de amigos e doações de cesta básica”, contou ao aQui um professor que preferiu não se identificar. Ao jornal, ele disse que além de todas as irregularidades e violações aos direitos trabalhistas, o corpo docente ainda estaria sofrendo assédios e retaliações quando fala em denunciar o problema.
Na nota de repúdio, os professores ressaltam que o atraso tem resultado em situações vexatórias e pedem que os alunos cobrem uma postura do UBM e das coordenações dos cursos, através de e-mails e publicações nas redes sociais. “O salário é o meio de sobrevivência do seu professor e demais componentes da comunidade acadêmica. O atraso reiterado provoca transtornos desnecessários e vexatórios. Isso é inconstitucional, desumano e vergonhoso! Muitos estão impossibilitados de honrar seus compromissos financeiros. O UBM sabe disso e nada faz! Precisamos somar forças. Por isso, enviem e-mails para a coordenação do seu curso. Cobrem uma atitude verdadeira, transparente e assertiva repudiando tal fato”, solicitam.
Ainda de acordo com a nota, as aulas serão prejudicadas pela inadimplência do UBM, porque os professores consideram cruzar os braços na próxima semana, até que os valores sejam depositados.
Histórico
Os atrasos e o parcelamento no pagamento dos salários dos professores e funcionários do UBM são um problema antigo e que já foi parar na Justiça em situações anteriores. Em 2017, a inadimplência com os professores resultou na deflagração de uma greve. Na época, a instituição alegou dificuldade financeira e prometeu o pagamento dos atrasados num determinado mês, mas não cumpriu com o prometido. Os débitos foram parcelados e depositados com um considerável atraso.
O aQui entrou em contato com o UBM no início da tarde de quinta, 28, para que a instituição comentasse a nota de repúdio dos professores e se pronunciasse sobre o pagamento dos salários. Por telefone, uma funcionária disse que não tinha nenhum assessor de imprensa naquele momento no prédio da faculdade e que, por isto, não poderia atender a demanda do jornal.

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