terça-feira, janeiro 21, 2025

Sem contorno

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Leonara Póvoa

Nos últimos 20 anos, ou mais, a população de Volta Redonda acompanhou – mesmo não querendo – os capítulos de uma novela chata, bem ao estilo dramalhão mexicano. A da construção da Rodovia do Contorno, iniciada no governo Baltazar e concluída no governo Samuca. Durante mais de 7 mil dias o lenga-lenga oficial dava conta que, pela cidade do aço, passavam cerca de 10 mil caminhões todos os dias, muitos transportando cargas perigosas.

 

Pois bem, a novela acabou em dezembro do ano passado, quando quase todos os ex-prefeitos envolvidos na construção da mesma, que consumiu 104 milhões dos cofres públicos, mais o governador Luiz Fernando Pezão e uma penca de convidados bateram palmas para o último capítulo da novela, que foi a inauguração da mesma.

 

A todos eles, um recado: a novela não acabou. Faltam detalhes, como obrigar a Nova Dutra e a Acciona, figurantes de luxo, a cuidar de sinalizar as rodovias que controlam – e ganham tubos de dinheiro com o pedágio que cobram – para que os motoristas de caminhões passem a utilizar a Rodovia do Contorno, evitando passar – como sempre fizeram – pela 207 em direção a Salvador, por exemplo, ou pela BR-393, vindo da capital baiana com destino a Volta Redonda, Barra Mansa, até chegar a São Paulo, se for o caso.

 

Quem duvidar da afirmação acima pode tirar a prova dos 9, como fez a reportagem do aQui durante os últimos dias. De terça a quinta, uma repórter do jornal ficou duas horas por dia em cima da passarela do Viaduto Nossa Senhora das Graças para contar, um por um, os caminhões que passavam pela Avenida Getúlio Vargas, no trecho da BR-393. E os números assustam (ver box).

 

É que, em apenas duas horas diárias, o aQui verificou que continuam passando, em média, 127 caminhões pela Avenida Getúlio Vargas – vindos provavelmente de São Paulo – com destino a Barra do Piraí, Três Rios, Juiz de Fora ou Salvador, entre outras cidades ao longo da BR-393; e 67 vindo em sentido contrário. Equivale a 194 caminhões/hora, quatro deles com carga perigosa. Ou seja, a avenida continua sendo usada por 2.328 caminhões por dia.

 

Diminuiu a quantidade? Sim, mas ainda corresponde a um número elevado de veículos, que deveriam estar utilizando a Rodovia do Contorno. Afinal, ela não foi construída para tirar o tráfego pesado de Volta Redonda?

Placas

Quem passa pela Via Dutra, vindo de Resende, por exemplo, com destino a Volta Redonda, pode comprovar que para a concessionária que explora a rodovia, a Rodovia do Contorno ainda não saiu do papel. Que não existe. Os motoristas continuam sendo orientados a pegar a BR 393 passando pelos bairros 9 de Abril, em Barra Mansa, e 207, em Volta Redonda. Quando eles chegam no bairro Conforto, são levados a pegar a BR à direita,  com destino a Salvador, ou à esquerda, sentido Barra Mansa.      

 

Se fossem levados a continuar pela Via Dutra até a segunda entrada para Volta Redonda, nas proximidades do Hospital Regional (que não funciona, apesar de ter sido inaugurado), para utilizar a Rodovia do Contorno, os motoristas ficariam livres dos transtornos de passar por dentro da cidade do aço. A viagem seria até mais curta. E Volta Redonda não teria que continuar convivendo com problemas de trânsito na esfera federal.

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* = 1 caminhão com carga perigosa

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