segunda-feira, janeiro 13, 2025

Sem apoio

conselheiros

Mateus Gusmão

Quando a pauta da sessão da Câmara de Volta Redonda na noite de quinta, 4, foi distribuída, os vereadores tomaram um baita susto. Motivo: seriam lidos dois ofícios enviados à Casa com acusações contra o governo Samuca Silva (PV). Pior. Eram de integrantes do 1º Conselho Tutelar. Em um deles, os conselheiros denunciavam a “inércia” do Poder Executivo por não garantir o acesso de alunos à Escola Municipal Mato Grosso do Sul, no Nova Primavera. No segundo, a denúncia é espinhosa para os verdes. Trata de uma tentativa do Palácio 17 de Julho de reduzir a autonomia do Conselho Tutelar. Importante: os ofícios também foram encaminhados ao Ministério Público.

 

Todos os 21 vereadores receberam as denúncias feitas pelos conselheiros. E a Comissão de Defesa da Criança e do Adolescente terá cinco dias para dar um parecer sobre o caso da Escola Mato Grosso do Sul. A sessão legislativa foi acompanhada pelos três conselheiros que assinaram os ofícios: Rodnei Oliveira, Vera Lúcia e José Roberto. Os três concederam uma entrevista exclusiva ao aQui para explicar os motivos que os levaram a pedir ajuda dos vereadores e do MP.

 

Segundo eles, pais de alunos da Escola Municipal Mato Grosso do Sul foram procurar o Conselho Tutelar por causa da insegurança que reina na unidade de ensino. “Na escola, que é do 6º ao 9º ano, estudam crianças e adolescentes do Caieiras e do Nova Primavera. E há a rixa entre os bairros, como vem acontecendo em alguns locais. Alguns alunos, que moram no Nova Primavera, estariam sendo ameaçados, inclusive por traficantes”, destacou a conselheira Vera Lúcia, ressaltando que eles procuraram a secretária de Educação, Rita de Cássia, para tratar do assunto.

 

A reunião aconteceu há cerca de um mês. “Quando as famílias nos procuraram eram 43 alunos que estavam sem ir à escola”, comentou Rodnei. “A secretária demonstrou interesse em nos ajudar e ficou acordado – em reunião com a secretária, os pais dos alunos e nós, conselheiros – que, de forma paliativa, seria colocado um ônibus à disposição desses alunos, para que pelo menos eles pudessem ir para a escola”, completou, ressaltando que já se passou um mês e o ônibus ainda não apareceu. “A secretária de Educação disse que ainda não conseguiu despachar com o prefeito Samuca sobre o tema”, acrescentou Rodnei.

 

Já o conselheiro José Roberto afirmou que com o ofício entregue aos parlamentares e ao MP, eles esperam conseguir apoio para que o problema seja solucionado. “Os alunos precisam voltar a estudar. A secretária de Educação está nos atendendo, sendo solícita, mas queremos uma solução. Estamos sendo cobrados”, comentou.

 

Sem estrutura

No ofício onde relatam a suposta tentativa de interferir no Conselho Tutelar, os  conselheiros dizem que encaminharam um pedido à secretaria de Governo solicitando a disponibilização de um motorista da prefeitura para os serviços noturnos do órgão. O problema é que o ofício não foi sequer recebido pelo prefeito de Volta Redonda. “Nos disseram que o ofício deveria ser assinado pela secretária do Conselho Tutelar, que é indicada pela prefeitura. E isso nunca aconteceu, é a primeira vez que nos pediram isso. O chefe de gabinete de Samuca já está ciente do caso”, comentou Rodnei Oliveira.

 

De acordo com os conselheiros, eles precisam apurar algumas denúncias durante a noite, quando estão de plantão. “Nós tínhamos um carro à disposição, que nós mesmos dirigíamos. Mas quando o novo governo assumiu, isso foi proibido. A gente não pode mais dirigir. Então fomos solicitar que possamos ter um motorista à nossa disposição, das 21 às 3 horas da manhã. Mas nem conseguimos entregar o ofício”, disparou José Roberto.

 

Questionados se já fizeram algum contato com o prefeito Samuca Silva, os conselheiros afirmaram que não. “Ainda não fomos procurados, não tivemos qualquer diálogo com ele”, acrescentaram. Tem mais. Disseram que o ex-prefeito Neto sempre foi acusado de não dialogar com os servidores. “Mas pelo menos naquela época a gente tinha condições de trabalho. Agora não temos condições e nem diálogo”, concluíram os conselheiros, esperando que o pedido de ajuda aos vereadores possa surtir efeito.

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