A comparação é inevitável e a diferença no cálculo é astronômica: a PLR da CSN é a menor de todas as outras empresas do porte dela. Nem precisa ser do porte, pode ser menor. A MAN, por exemplo, aprovou a PPR dos trabalhadores durante as negociações do acordo coletivo 2018/2019 na última semana e concordou em pagar uma Participação dos Resultados no valor de R$ 7 mil. A Nissan, que detém uma fatia bem pequena no mercado doméstico, pagou uma PPR de R$ 5 mil. Até terceirizadas que atuam dentro da UPV ofereceram PPR acima de mil reais. A CSN, pasmem, queria pagar apenas 0,1 salário. Em valores reais, isto significa míseros R$ 100,00 para cada mil reais.
É claro que os trabalhadores não concordaram com o valor e a chiadeira foi geral. O Sindicato dos Metalúrgicos, que não tem prerrogativa para negociar a PPR, interveio na questão e pediu à CSN para recalcular o valor do benefício. Em reunião com representantes da empresa foi oferecido 0,92 salário, o que representa R$ 920,00 para cada mil reais, pagos em duas parcelas. O Sindicato marcou uma assembleia para a última quinta, 17, na Praça Juarez Antunes, para apresentar e votar a proposta da CSN.
No início da noite de quarta, 16, o gerente de Recursos Humanos da CSN, Anderson Castro, enviou um ofício ao Sindicato pedindo a prorrogação da assembleia para a terça que vem, dia 22. Segundo informações repassadas ao aQui por uma fonte, a CSN apresentou uma proposta de pagar a PPR escalonada, da seguinte forma: 1,5 salário pra quem ganha até R 3.200,00; 0,9 salário para os demais, a ser pago em duas vezes. Uma parcela já no dia 30 deste mês, a outra no dia 30 de agosto.
O ofício da CSN coincidiu não apenas com a véspera da assembleia do Sindicato, mas também com a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2018 da empresa. Segundo balanço financeiro apresentado pela própria diretoria executiva, a CSN registrou um lucro líquido de R$ 1,486 bilhão entre janeiro e março de 2018. E o bom resultado contrastou com os valores de PPR que ela se propôs a pagar. “A direção do Sindicato aceitou estender o prazo na expectativa de que o esforço e o bom desempenho dos trabalhadores sejam reconhecidos pela empresa”, disse Silvio Campos.
Procurado para falar sobre a nova proposta da CSN, o sindicalista limitou-se a dizer que a mesma não atende as expectativas da categoria. Silvio deixou a entender que sua expectativa era que a empresa chegasse a pelo menos 2,4 salário. Como não chegou, o Sindicato se recusa a continuar a negociação com a CSN. Diante do impasse, a solução encontrada pelos representantes da empresa será, segundo uma fonte, levar o documento à comissão da PPR, onde terá tudo para ser aprovada, alfineta a fonte, lembrando que nenhum metalúrgico que faz parte da Comissão que negocia a PPR tem estabilidade no emprego.
Em 2017, a PPR dos trabalhadores da CSN foi paga no dia 30 de abril e os valores foram equivalentes a 2,4 salários. Este ano, o benefício não foi pago na data porque os valores propostos estavam muito abaixo do esperado. Em boletim divulgado à categoria, o Sindicato dos Metalúrgicos faz um apelo para que todos os operários da CSN participem da assembleia que vai votar a Participação nos Lucros e Resultados da Siderúrgica.