Pollyanna Xavier
Pela primeira vez na história da CSN, o pagamento do Programa de Participação dos Resultados (PPR), antiga Girafa, foi tumultuado. Aliás, corrigindo, o pagamento não! Mas as discussões sobre os valores a serem pagos. Na segunda, 21, a Comissão Paritária da PPR – formada em sua maioria por representantes da CSN e na minoria por trabalhadores – aprovou a proposta da empresa, de liberar 1,5 salário para quem ganhou até R$ 3,2 mil em dezembro de 2017, e de 90% do salário para quem recebe acima de R$ 3,2 mil. Os valores, segundo a CSN, serão pagos em duas parcelas: a primeira na terça que vem, dia 29, e a segunda no dia 30 de agosto. O Sindicato não concordou com a proposta e já fala em realizar uma assembleia para consultar os trabalhadores sobre o fim da Comissão.
A ideia de Silvio Campos é convocar, nos próximos dias, os trabalhadores da CSN para uma votação (secreta) a fim de consultar os operários sobre o fim da Comissão Paritária da PPR. Dependendo do resultado, ele vai acionar a Justiça para tentar mudar a forma de negociar o benefício. “O sindicato acredita que no ano que vem poderá negociar, colocando metas factíveis e critérios que possam ser cumpridos e colocando, com clareza e limpidez, informações para que o metalúrgico possa acompanhar e ter a possibilidade de fazer um resultado positivo para os dois lados”, justificou.
Desde 2000, quando entrou em vigor a Lei Federal nº. 10.101, a CSN negocia o valor e a data de pagamento da PPR com a comissão, sem a participação do Sindicato. Embora a lei diga que as negociações podem, sim, ser feitas com um ou com o outro, a CSN vem negociando exclusivamente com a Comissão, deixando o Sindicato de fora. Para Silvio, esta forma de negociar, excluindo o Sindicato, faz com que os trabalhadores sofram perdas no benefício, porque a Comissão (formada mais por pessoas ligadas a empresa do que aos trabalhadores) dificilmente vai discordar de uma proposta da Siderúrgica.
Ele tem razão. De acordo com o boletim do Sindicato, por pouco os trabalhadores da CSN ficariam sem a PPR este ano ou receberiam um valor muito baixo – talvez o menor da história da PPR. Pra se ter uma ideia, a primeira proposta oferecida pela CSN este ano (referente ao exercício de 2017) foi de 0.10 do salário, ou seja, para cada R$ 1.000,00 (mil reais) de salário, o trabalhador receberia apenas R$ 100 de PPR. Devido ao valor baixo, o Sindicato interviu e pediu que a CSN melhorasse a proposta. A CSN sentou novamente com a Comissão e conseguiu aprovar a oferta de 1,5 salário.
Na pauta
Quase um mês depois da data base dos trabalhadores – 1º de maio – o Sindicato dos Metalúrgicos e a CSN vão começar a negociar a renovação do acordo coletivo 2018/2019. A primeira reunião será na terça, 29, e servirá para entregar a pauta de reivindicação dos trabalhadores. No documento, o Sindicato pede um reajuste salarial com base no INPC e ainda um aumento real, cujo percentual não foi divulgado. Sobre o cartão alimentação, o Sindicato vai pedir um aumento dos atuais R$ 385 para R$ 500, com carga extra de R$ 500 em dezembro e ainda a redução de 5% para 1% da participação do trabalhador.
Além dos itens econômicos, o Sindicato também irá discutir as pautas sociais. Dentre elas a ampliação da cobertura do plano odontológico, melhorias na qualidade da refeição, a liberação do café da manhã para os operários do turno de revezamento de 8 horas e ainda a volta da cesta de Natal, que foi cortada no final do ano passado. Outro ponto interessante é o desconto de 1,5% (na folha) de todos os funcionários não sindicalizados, que usufruírem dos benefícios do acordo coletivo. A medida, se aceita, vai forçar a sindicalização de todos os trabalhadores da CSN.
Veja abaixo algumas das principais reinvindicações do acordo coletivo:
Reajuste Salarial – INPC pleno, retroativo a 1º de maio e mais aumento real.
Cartão-alimentação – R$ 500/mês, com carga extra de R$ 500 em dez/2018 e redução da participação para 1%.
Plano Odontológico – Sem a participação do funcionário. E ampliar a cobertura, incluindo cirurgias, implantes, aparelhos ortodônticos, além de criar convênios com outras clínicas.
Refeitórios/Alimentação – Melhorar a qualidade e liberar o desjejum aos funcionários do turno de revezamento de 8 horas.
Plano de Saúde – Garantir tempo mínimo para consultas e emergências. Reduzir o tempo para atendimento no raio ‘x’, garantir disponibilidade para demanda em emergência e acidentados. Criar um SAC sobre a rede de atendimento.
Plano de cargos e salários – Definir o piso salarial mínimo para cada função, os critérios de progressão salarial dentro da função, com detalhes e ampla divulgação aos funcionários. Estabelecer o piso salarial em R$ 1.300,00 e fazer o realinhamento salarial para a mesma função.
Insalubridade – Pagar a insalubridade a todos os funcionários lotadas no UPV, e que tenha de pronta entrega o PPP de cada funcionário exposto a agente insalubre. Além de que o PPP contenha especificado todos os agentes nocivos e as intensidades de exposição.
Adicional de turno – Rever o adicional de turno pelas horas da intrínseca jornada de 8 horas.
Cesta de Natal – Fornecimento da cesta de Natal, aumentando os itens e a qualidade.
KIT escolar – Fornecimento do kit escolar para cada filho de funcionário cursando o ensino médio ou fundamental até idade de 18 anos, completados em fev/2019.
Não sindicalizados – Serão descontados 1,5% de todos os funcionários não sindicalizados, que usufruírem dos benefícios do acordo coletivo.
ETPC – Desconto de 50% na mensalidade escolar na ETPC, desde que concordem com o desconto em folha e seja abrangente a todos os seus empregados e dependentes.
Creche – Estender a gratuidade da creche para filhos dos funcionários.
Empréstimo – Reajuste do valor de empréstimo para R$ 4 mil. E que retome o pagamento em 12 vezes, sem juros.
Estacionamentos – Ampliação dos estacionamentos para carros e motos e que estes se mantenham o acesso disponível 24 horas por dia.