sábado, dezembro 14, 2024

Saindo

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Vinícius de Oliveira

Poucos ex-presidentes da Câmara de Volta Redonda deixaram tantas marcas quanto Sidney Dinho. O ex-policial, dono de dois mandatos consecutivos, pediu a um grupo de parlamentares, antes mesmo do início dessa legislatura, a oportunidade de ser o comandante do Poder Legislativo. Não queria o cargo para se promover, mas para administrar a Casa. E foi com a sensação de dever cumprido que na quinta, 14, Dinho subiu à tribuna para se despedir.

 

Usando um dos versículos da Bíblia, Dinho se disse satisfeito. “Eu procurei combater o bom combate, consegui chegar ao final da missão e guardei a minha fé. Não pude fazer o que queria, mas fiz tudo o que podia”, declarou. “Nos pautamos nos princípios constitucionais que regem a administração pública. Quero agradecer aos servidores, desde os que atuam nos serviços gerais até os assessores. Foram essenciais para conseguirmos fazer bastante coisa”, avaliou.

 

De fato, Dinho fez muito. Uma de suas primeiras investidas foi contra o ex-prefeito Neto. Foi pela insistência de Dinho em colocar em votação as contas de Neto referentes a 2011 e 2013 que o ex-prefeito teve suas contas rejeitadas. O golpe foi certeiro (15 vereadores votaram pela reprovação), mas não fatal. Recentemente, Neto declarou que pretende voltar em 2020. “Quero voltar a ser prefeito de Volta Redonda”, disse Neto, certo de que tem cartas na manga para contornar juridicamente sua inegelibilidade.

 

Sobre a declaração impactante do ex-prefeito Neto, Dinho tentou não polemizar. “Quando assumi a presidência da Câmara, prometi que colocaria em votação todas as contas do ex-prefeito.  Só não consegui as de 2015 e 2016 porque o Neto conseguiu junto ao Tribunal de Contas mais tempo para apresentá-las. Sei que com a reprovação de suas contas, ele fica inelegível. Se conseguir voltar, pode ter certeza, não foi por inércia do Legislativo ou furo”, comentou.

 

Dinho avaliou ainda sua relação com Samuca Silva. Que foi conturbada, tanto que culminou, entre outras, com a queda da ex-secretária de Cultura, Márcia Fernandes, consolidando o avanço conservador na Câmara. “O que fiz foi manter a relação de independência entre os poderes. Nunca aceitei ingerência fora da Casa. Mas não foi só contra o prefeito. Percebi manobras políticas para desestabilizar a Câmara. Apenas defendi nossa autonomia”, justificou Dinho.

 

Tem mais. Dinho também entrou em polêmicas com os rappers das rodas de Rima, da Vila, afirmando que o grupo se divide em facções e bateu de frente com a comunidade LGBT quando soube que a prefeitura tentava implementar ações afirmativas como a adoção do nome social pra trans, criação de casa de acolhimento no Aero Clube para jovens homossexuais expulsos de casa (que não vingou, grifo nosso) e a polêmica discussão de gênero nas escolas.

 

“Eu tenho meu posicionamento. Mas enquanto estive como presidente da Câmara, mantive minha imparcialidade. A condução da Câmara foi imparcial”, frisou Dinho. Perguntado se os demais vereadores também agiram assim, Dinho desconversou. “Os vereadores podem propor ideias, pedidos. Vai do entendimento de cada um. São prerrogativas que a Constituição lhe assegura. Não posso dizer que eles agiram com imparcialidade ou que isso foi certo ou errado”.

 

Em seu discurso de despedida, Dinho disse que, mesmo reformando o Plenário da Casa, “deixando-o mais moderno sem modificar a história que ele conta”, economizou cerca de R$ 132 mil e devolveu R$ 839 mil à prefeitura. “Ao adotarmos o pregão presencial, conseguimos garantir preços muito mais baixos para prestação de serviços”, contou, lamentando não ter  quitado dívidas com os servidores. “A Câmara tinha R$ 175 mil de dívida com os funcionários referentes a licença especial. Paguei R$ 75 mil. Só não quitei o resto porque a Lei de Responsabilidade não me permitiu, pois ela prevê um limite de gasto com pessoal. Fica para o próximo presidente a responsabilidade de terminar de quitar essa dívida”, disse.

 

Sobre o futuro, Dinho disse que pretende se candidatar a deputado estadual pelo Patriota. “Desde abril, quando o partido ainda era PEN (Partido Ecológico Nacional), eu já tinha deixado meu nome à disposição”, resumiu, salientando que espera pelo posicionamento de seu grupo político para confirmar sua pré-candidatura. “Sei que vai ser difícil, pois enfrentaremos desgaste da classe política. Vou com a cara e a coragem, e que venha 2018”.

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