Mateus Gusmão
Em 2016, segundo dados oficiais da Secretaria de Segurança Pública, 150 estabelecimentos comerciais foram roubados em Volta Redonda e Barra Mansa, área de atuação do 28º Batalhão da Polícia Militar. O número, apesar de alto, não deve assustar o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), nem o comandante geral da Polícia Militar, Wolney Dias. Prova disso é que, por ordem deles, 29 PMs, lotados no Batalhão do Aço, foram transferidos, temporariamente, para batalhões da Baixada Fluminense. O total dos policiais da região deslocados chega a 50 – vão se juntar a mais 100 de todo o interior do Estado. Irão, literalmente, reforçar a segurança de cidades como Nova Iguaçu e Mesquita, como se o Sul Fluminense estivesse em ‘mar de brigadeiro’.
O pior de tudo é que quem fez o pedido da transferência dos PMs da região foram as entidades empresariais de Nova Iguaçu – Câmara de Dirigente Lojista (CDL) e Associação Comercial (Aciap). Fato que deixou o presidente da Câmara de Volta Redonda, Sidney Dinho (PEN), que é policial militar reformado, pra lá de irritado. P.. mesmo. Tanto que na tarde de quinta, 4, Dinho e o vereador Edson Quinto, se encontraram com as forças de segurança que atuam na cidade: o delegado da Polícia Civil, Eliezer Lourenço; o comandante da Guarda Municipal, Paulo Dalboni; o comandante da PM, Coronel Portella, entre outros, para tratar do tema.
Foi nessa reunião que os parlamentares descobriram que os PMs de todo o interior não irão atuar nas favelas cariocas, locais onde o caos impera. Muito pelo contrário. Vão reforçar a segurança dos comerciantes da Baixada Fluminense. “Os policiais que foram transferidos, temporariamente, para o 20º BPM, de Mesquita e Nova Iguaçu, vão fazer o policiamento a pé das 13 às 20 horas no comércio dessas cidades”, revelou Dinho, questionando ‘a força’ que a CDL e a Aciap de Nova Iguaçu teriam no governo Pezão, que é de Piraí, para conseguir a transferência dos policiais. “Como tirar PMs do 28º BPM, onde a criminalidade está crescendo, para garantir a segurança do comércio nessas cidades. Tiraram os policiais de suas casas para isso”, disparou.
O parlamentar lembra também que os empresários de Volta Redonda, quando são de seus interesses, lotam o plenário da Câmara para pressionar os vereadores. “Então é importante que essas entidades, CDL e Aciap de Volta Redonda, também possam cobrar. Elas têm que fazer o seu papel. A Câmara de Vereadores está pressionando, está movimentando politicamente para conseguir que esses policiais fiquem na cidade do aço”, comentou Dinho, ressaltando que já conversou com os deputados estaduais e o deputado federal Deley de Oliveira sobre o caso.
Dinho lembrou que o Rio de Janeiro passa por um momento muito difícil e que entenderia se os PMs fossem deslocados para atuar nas favelas, em pé de guerra. “Mas transferência para fazer segurança no comércio não entendo. Fato é que aqui em Volta Redonda também temos comerciantes sendo assaltados, transeuntes sendo roubados, casas invadidas, assassinatos quase todos os dias. Nosso efetivo aqui não é o ideal, ele já é reduzido”, comentou o parlamentar, que tem conhecimento de causa por ter feito parte da P2.
Dinho foi além. Disse que as condições de hospedagem que serão oferecidas aos PMs transferidos são desumanas. “Não há cama, chuveiro quente e nem alimentação direito. Hoje, se a gente for lá ao batalhão de Nova Iguaçu vamos ver isso, essa condição. E essa determinação veio de cima, do comandante Portella, aqui de Volta Redonda nada se pode fazer. Isso que fizeram é uma sacanagem com Volta Redonda, uma sacanagem do Comando Geral da PM e do governador do Estado”, criticou Dinho. “A intenção dessas autoridades é tirar mais de 150 policiais do interior para reforçar a capital”, acrescentou.
O presidente da Câmara de Volta Redonda, entretanto, destacou que essas transferências serão temporárias. “Mas se a gente não fizer nenhum movimento, esses policiais nunca mais vão voltar para Volta Redonda. Volto a pedir para que os empresários locais, que se sentem tão fortes para nos pressionarem na Câmara, que cobrem uma posição do governador”, comparou, deixando um alerta. “Quando os criminosos souberam que estamos com menos 29 policiais nas ruas, com certeza essa criminalidade vai descer para o asfalto”, concluiu.
GM no comércio
Antes de saber da transferência dos PMs para a Baixada, e para atender os empresários locais, o prefeito Samuca Silva já tinha determinado ao comando da Guarda Municipal que passasse a atuar mais forte nos centros comerciais até o Dia das Mães, domingo, 14. A operação de segurança vai funcionar em sistema de rodízio.
O comandante da GM, Paulo Dalboni, explicou o objetivo da operação. ”Nós estamos presentes nas faixas de pedestres e com viaturas ao longo das vias para garantir a eficácia na fluidez do trânsito e a segurança para as pessoas que vão ao comércio”, enfatizou. O Ciosp Móvel estará presente em dias alternativos nos principais pontos comerciais da cidade. É. Pode ser!