Vinicius de Oliveira e Emanueli Porfirio
Não é de hoje que a população de Volta Redonda vem se assustando com o aumento da criminali-dade. Faz sentido. Só nesta semana, dois homens foram assassinados em menos de seis horas. Ambos foram executados e a Polícia suspeita que as vítimas tenham sido mortas por traficantes. Pior vive quem mora em Angra dos Reis, onde o clima de terror impera por conta da guerra do tráfico. Na Costa Verde, como um todo, segundo informações do Instituo de Segurança Pública do Rio (ISP), os números de assaltos e mortes dispararam. O curioso é que nenhum dos militares que ‘assumiram’ a segurança do Estado reconhece que a insegurança tanto em Volta Redonda quanto em Angra dos Reis tem relação direta com a intervenção militar no estado do Rio. Mas eles também não negam.
Em sua passagem relâmpago pela região, o secretário de Segurança Pública, general de brigada Richard Fernandez Nunes, garantiu que os militares estão atentos ao aumento da criminalidade no Sul Fluminense, especialmente em Angra dos Reis. Embora não tenha admitido que a bandidagem tenha fugido para o interior para escapar das tropas da intervenção, Richard disse que está atento ao fato. “Estamos aqui justamente para tratar de um combate mais eficaz à criminalidade nessas áreas, para que não haja nenhum tipo de influência negativa nesse sentido que possa haver esse tipo de migração. Temos que controlar isso, é o combate à criminalidade persistente e contínua que vai nos garantir que isso (a migração dos bandidos) não aconteça”, explicou, sem dar detalhes de como a tese seria colocada em prática.
Sobre Volta Redonda, que já foi área de segurança nacional durante a ditadura, o general deu a entender que a cidade estaria (no seu ver) relativamente em paz. Explicou aos jornalistas que o principal mal da cidade do aço é o roubo de rua e que ele estaria pensando em estratégias para minar o problema. “Aqui em Volta Redonda existe uma preocupação setorial principalmente com a questão de roubo de rua, que precisa ser combatido com mais eficácia, e está sendo assim”, relatou, afirmando que estão investindo em ações de inteligência.
“Inclusive esse é nosso objetivo aqui hoje. Viemos conhecer de perto o trabalho da DPA (Departamento de Polícia Administrativa) e do CPA (Comando de Policiamento de Área) para tomar as melhores decisões em prol do Estado. É importante manter esse tipo de contato com os policiais e delegados”, explicou o militar, após participar de uma cerimônia de formatura no pátio do 28º Batalhão da Polícia Militar, em Volta Redonda.
Além disso, Richard explicou que o Exército fornecerá mais meios para que os policiais da região possam trabalhar e, assim, garantir a segurança das fronteiras com a capital, evitando a migração da bandidagem, principal medo de quem mora no Sul Fluminense desde que a intervenção foi decretada, no início do ano. “Vamos garantir reforços para a Polícia”, prometeu.
Uma das ações previstas pelo general passa por militarizar todas as forças de segurança, inclusive as Guardas Municipais. Quando questionado se era a favor do esquema orquestrado pelo prefeito de Barra Mansa, Rodrigo Drable, de reunir policiais militares e GMs em uma “força tarefa regional” para garantir a paz e a ordem no Sul Fluminense, Richard disse não ver problema na iniciativa. Afirmou, inclusive, que não vê problemas nos GMs andarem armados. “É claro que eles precisam ser treinados de forma séria. Mas já vemos esse tipo de integração (da GM com a PM). É uma tendência. Já acontece em Volta Redonda, por exemplo. Eu vi isso hoje, uma Guarda Municipal com cerca de 200 integrantes que trabalha perfeitamente integrada com a Polícia Militar”, teorizou.
Visivelmente avesso à imprensa, o secretário-general não quis falar muito. Mas fez questão de avaliar positivamente a intervenção militar na capital. Disse que o processo é feito por etapas, e que as primeiras foram de adaptação e conhecimento das demandas do estado. “Fazemos um balanço positivo da intervenção. Reestruturamos o sistema mudando a chefia e efetuamos um planejamento integrado. Isso já possibilitou o pagamento em dia dos policiais”, frisou Richard, satisfeito.
Ele disse ainda que visitas às Risps (Regiões Integradas de Segurança Pública) serão uma constante. “Pretendo fazer isso todo mês. Visitarei ao menos duas nesse período. É de suma importância alinhar as ações de segurança pública em todo o estado, ter contato direto, estar por perto”, explicou Richard, que seguiu para Angra dos Reis, de helicóptero, para ver lá do alto, em segurança, o olho do furacão no Sul Fluminense.
GM
Um dia antes da visita do general à região, o prefeito Rodrigo Drable, que é presidente do Consórcio Intermunicipal de Segurança com Cidadania do Médio Vale do Paraíba Fluminense (Cisegci), apresentou uma polêmica ideia sugerida pelo vereador Jefferson Mamede, seu ex-chefe da área de Segurança. Meio que espalhafatosa, por sinal. A de criar uma Força Regional de Segurança Pública. Detalhe: composta por cerca de 300 guardas municipais.
Mamede pretende detalhar o seu projeto nas próximas semanas durante reunião que será realizada com os prefeitos integrantes do Cisegci. “Atualmente, os 13 municípios participantes do Cisegci somam mais de três mil guardas municipais. Podemos capacitar 10% desse efetivo para colaborar de forma integrada com outras forças como as Polícias Militar e Civil em grandes eventos na região”, analisou o vereador barramansense.
Para o prefeito Rodrigo Drable, a parceria com a Polícia Militar, por exemplo, tem sido muito importante para a manutenção da segurança no município e com as ações do Consórcio será possível ampliá-las. “Essa parceria que já existe entre a Guarda Municipal de Barra Mansa e a Polícia Militar através da Ronda Escolar tem dado certo e mostra que é possível trabalhar em conjunto pelo bem da população”, crê.
Na reunião de segurança, o comandante do 5º CPA, coronel Antônio Jorge Goulart, prestou contas sobre a atuação da Polícia Militar de janeiro a abril deste ano. “Nesses quatro meses, foram recolhidos na região cerca de 60 quilos de drogas, 83 armas, sendo um fuzil e uma submetralhadora, três granadas e realizadas mais de 500 prisões e apreensões, o que coloca o 5º CPA em sexto colocado no número de prisões no estado do Rio de Janeiro”, enfatizou.