Pollyanna Xavier
A gente adora uma retrospectiva. Rever fatos que já se passaram nos faz pensar em construir os que estão por vir. 2017 foi um ano emblemático, de golpes e politicagens, de reformas indesejadas, de prisões surpreendentes, até de amigos nossos. Ano de muitas mortes e luta armada, das mesmices em vários setores, sobretudo na segurança pública. As tropas do Exército ‘tomaram’ as ruas do Rio, mas isto não diminuiu a violência na cidade maravilhosa. A favela da Rocinha foi invadida e o maior traficante dela, preso. A polícia fez selfies com o bandido e jogou no Whatsapp. A coisa se espalhou mais rápido do que pólvora.
Nas casas dos brasileiros, famílias inteiras pararam para ver a Bibi Perigosa, personagem de Juliana Paes na novela da TV Globo. Pararam para ver beijos gays até na novela das seis. E muitos voltaram a reclamar. A violência aumentou, e muito. De janeiro a dezembro, mais de 132 policiais militares foram mortos em todo o estado. Na região, Barra Mansa foi uma das cidades mais violentas, com quase 100 assassinatos durante o ano.
Veio o carnaval, festa, feriado, cerveja e samba. Quando achamos que as coisas iam se acalmar, o jatinho levando o ministro Teori Zavaski caiu no mar de Paraty. Ele era relator da Lava Jato e prometia julgar com pressão, dali a alguns dias, os que tinham foro privilegiado. A Polícia Federal falou em acidente. Mais tarde, delações reveladoras do primo do senador Aécio Neves levaram o Brasil a crer que o avião foi derrubado. Até hoje não sabemos o desfecho das investigações.
Por falar em Lava Jato, em 2017 as investigações entraram no seu terceiro ano consecutivo e encarceraram os deputados Edson Albertassi, Jorge Picciani e Paulo Melo. Os três são investigados por envolvimento no esquema de propina envolvendo o transporte coletivo no Rio de Janeiro. Desde então, estão presos na cadeia de Benfica, no Rio.
Na onda de prisões importantes, a ex-governadora Rosinha também teve seu dia de cão. Com ela, já foram três ex-governadores do Rio presos – Cabral, Garotinho e Rosinha. Em Benfica (para onde também foi levado), Garotinho fez birra, divulgou foto de hematomas no pé e disse que foi agredido na prisão. Pode ter sido. Mesmo assim, como castigo, foi levado para Bangu. Poucos dias antes do Natal, o ministro Gilmar Mendes mandou soltar o casal Garotinho. Cabral, porém, permaneceu preso. Em uma de suas oitivas na Justiça, pediu desculpas à população fluminense por ter feito ‘caixa 2’. Vai poder pedir desculpas por mais 84 anos, tempo que já foi condenado a permanecer na cadeia.
Na saúde, um surto de febre amarela deixou os brasileiros desesperados. A doença matou mais de 50 pessoas em Minas Gerais, a maioria em regiões de mata. Foi uma correria aos postos para tomar a vacina. Por aqui, temendo um desabastecimento de vacinas, as unidades de saúde priorizaram quem fosse viajar para as regiões endêmicas. Por pouco a BR-040 não congestionou, já que toda a população deu desculpas de que passaria as férias de janeiro em Minas Gerais.
Na política, os prefeitos eleitos, de olho na mídia, começaram o ano fazendo média. O de São Paulo, por exemplo, Jorge Dória, fantasiou-se de gari e foi varrer uma praça que já estava varrida. Pior, na tentativa de “limpar” a cidade, saiu apagando grafites que eram verdadeiras obras de arte pintadas nos muros de São Paulo. Por aqui também teve espetáculo: Samuca Silva pegou um ônibus coletivo, pagou passagem, rodou a roleta e desceu no ponto da prefeitura. Justificou a atitude dizendo que queria conversar com os usuários do serviço e conhecer, de perto, as mazelas do transporte público em Volta Redonda.
No dia seguinte, cansado de esperar no ponto pelo ônibus, Samuca foi trabalhar a pé. Na andança, conversou com comerciantes, pedestres e quem ia encontrando pelo caminho. Tudo registrado e divulgado em suas redes sociais. No terceiro dia de trabalho, foi de bicicleta. Levou sua equipe de fotografia para registrar todas as pedaladas (no bom sentido, é claro). Do quarto dia em diante, passou a usar seu carro para ir trabalhar. Nem quis chamar Uber ou táxi, pois sabe que a tarifa está cara demais.
No ar condicionado do Palácio 17 de Julho, Samuca passou quase que o mês de janeiro inteiro – e o de fevereiro também – com a calculadora em mãos, somando as dívidas deixadas pelo ex-prefeito Neto. Os dois ensaiaram uma briga e trocam farpas até hoje pelas redes sociais. A dívida, dizia em voz alta, girava em torno de R$ 805 milhões. Neto se irritou. “Vai trabalhar e me deixa em paz”, esbravejou o ex-prefeito depois de tanta cutucada.
Em Barra Mansa, o prefeito Rodrigo Drable começou o ano faxinando, literalmente, a cidade. Rodrigo herdou uma prefeitura falida e, surpreendentemente, conseguiu, já na primeira semana de trabalho, R$ 11 milhões para começar seu governo. Mas a grana só podia ser usada na área da Saúde. E foi. Em abril, com as contas em dia, pagou a primeira parcela do 13º dos servidores e todos os fornecedores da prefeitura. Surpreendeu!
E as notícias não pararam de chegar. 2017 foi o ano da carne de papelão, da aprovação da Reforma Trabalhista, da falta de orçamento da Polícia Federal para emitir passaportes, do Luciano Huck como pré-candidato à presidência em 2018 (loucura, loucura, loucura!), da galera que se sentiu rica ao sacar o FGTS. E o que falar do gás de cozinha, que passou a custar quase que o preço de um fogão?! Enfim. Por aQui, a Rodovia do Contorno foi inaugurada, a CSN não foi fechada, e, pasmem, quase não se falou mais da Floresta da Cicuta, que continua sendo poluída pelo lixo que é despejado perto da Sessenta.
Selecionamos os melhores acontecimentos que marcaram o ano de 2017 em Volta Redonda e região. Confira todos eles aQui.
Revés na economia:
Rodrigo Drable, prefeito de Barra Mansa, decretou estado de calamidade financeira, em janeiro, devido ao caixa vazio e às dívidas deixadas pelo seu antecessor Jonas Marins. No mesmo decreto, anunciou o fim das gratificações ilegais para funcionários fantasmas. O corte deixou muito fantasma comunista assustado.
Em março, a informação de que a CSA iria demitir até centenas de funcionários deixou os trabalhadores preocupados. A assessoria de imprensa da Siderúrgica negou as demissões. Mas elas ocorreram sim, aos poucos, e durante o ano todo. As dispensas estavam previstas na reformulação da CSA, que em 2016 foi vendida para a argentina Ternium.
Sorte na economia:
A fábrica da Nissan, em Resende, criou o segundo turno e contratou 600 novos funcionários. O anúncio oficial aconteceu em fevereiro e as contratações se estenderam até o meio do ano.
Na MAN, a recuperação veio em junho. A fábrica de caminhões e ônibus de Resende encerrou o Programa de Proteção ao Emprego, do governo Federal, e retornou com os mais de 500 trabalhadores que estavam em regime de lay-off. Em negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos, a MAN ainda prometeu estabilidade para seus funcionários até o final de 2018.
A Câmara de Volta Redonda aprovou, em fevereiro, o pedido do prefeito Samuca para autorizar a negociação de uma dívida antiga que a Cohab tinha com o FGTS. A transação com a Caixa Econômica foi concluída em outubro e foram negociados R$ 222 milhões em dívidas. Com isto, a prefeitura saiu do Cauc, uma espécie de SPC/Serasa dos municípios.
CSN
A CSN anunciou contratações de 1.500 trabalhadores para atuar na reforma do Alto Forno 3 e ainda para as áreas de manutenção, operação e gerenciamento da UPV. As contratações aconteceram a partir de abril.
Em março, o aQui divulgou com exclusividade que Enéas Garcia Diniz (foto abaixo), braço direito de Benjamin Steinbruch, foi nomeado diretor geral de Operações da CSN Mineração. Desde então, Enéas passou a trabalhar em Minas Gerais e em São Paulo. E pouco tem vindo à cidade do aço, sua terra natal.
Paulo Lins saiu da diretoria executiva de Produção da CSN no final de junho. Em seu lugar, entrou o engenheiro Pedro Gutemberg Quariguasi Netto. Pedro assumiu em julho e fez mudanças em várias gerências, tanto na UPV quanto na GalvaSud.
A CSN deu início, em setembro, às negociações com o Sindicato dos Metalúrgicos pela volta do turno de 8 horas na UPV. Em dezembro, o turno foi reimplantado.
Também em setembro, um ofício enviado pelo ICMBio ao gabinete do deputado federal Deley de Oliveira revelou uma negociação, em estágio avançado, entre CSN e o Instituto Chico Mendes para gerirem, em conjunto, a Floresta da Cicuta. A descoberta do documento deu muito o que falar.
No dia 1º de dezembro, a SEA, Inea e a Ceca entregaram uma intimação à CSN, determinando a paralisação das atividades na UPV pelo não cumprimento integral do TAC firmado em 2016. A decisão foi um choque. Depois de muita negociação, a CSN conseguiu um prazo de 180 dias para colocar as pendências ambientais em dia e a decisão de ‘fechar’ a UPV (como se isso fosse possível, grifo nosso) foi engavetada.
CIDADE:
Em maio, o prefeito Samuca alterou o horário do comércio de Volta Redonda, tornando-o mais flexível, e ainda criou as chamadas ‘ruas de compras’ para fomentar o comércio nos principais centros da cidade do aço. A flexibilização do horário, porém, não agradou a todos os comerciantes. Alguns reclamaram que não foram chamados pelo prefeito para discutir as mudanças. As ruas de compras, até que provem o contrário, também não deram certo.
A Rodovia do Contorno saiu, finalmente, do papel. Ela foi inaugurada no dia 8 de dezembro com a presença do governador Pezão e dos prefeitos que passaram por ela, como Neto, Gotardo, Baltazar (representado por sua esposa Marri) e Samuca. Hudson Braga e Edson Albertassi, que lutaram muito pela conclusão da rodovia, não puderam comparecer.
Por pouco, muito pouco, a prefeitura de Volta Redonda não arrematou, em leilão, o prédio do antigo Hospital São Camilo, na Vila. O local seria transformado no Hospital do Idoso e a hasta pública até chegou a ser realizada. Mas depois que o martelo foi batido, no final de novembro, um oficial de Justiça entregou uma notificação aos representantes da prefeitura, informando que os antigos donos do imóvel quitaram todas as suas dívidas. A alternativa foi alugar o prédio do antigo hospital para a implantação da nova unidade que vai atender, exclusivamente, idosos. Aliás, a inauguração Hospital do Idoso aconteceu na última quarta, 27. Abriu as portas, oficialmente, na terça, 2 de janeiro de 2018.
Por falar em leilão e hospital, o governo Samuca arrematou por cerca de R$ 6 milhões, no início de dezembro, o prédio do antigo Hospital Santa Margarida. Foi uma pechincha, pois o valor original era de R$ 22 milhões. A unidade, quando voltar a operar, no segundo semestre de 2018, vai aumentar em cerca de 150 leitos a capacidade de atendimento da Secretaria de Saúde.
SAÚDE:
Um surto de Febre Amarela deixou os moradores de Volta Redonda e região apavorados. A correria aos postos de saúde para tomar a vacina fez com que as filas se formassem ainda de madrugada. 550 casos suspeitos da doença – especialmente em cidades localizadas na divisa entre Minas e Rio de Janeiro – fizeram com que o governo Pezão montasse uma ‘operação barreira’ para tentar conter o avanço da Febre Amarela. A prioridade na vacinação era para quem fosse viajar para Minas Gerais. O prefeito Samuca chegou a pedir que as pessoas não viajassem, preocupado com um possível desabastecimento da vacina nos postos.
O prefeito Rodrigo Drable rompeu, em janeiro, com a OS Geração Saúde e fechou, por sete dias, todos os Postos de Saúde da Família de Barra Mansa. Depois de uma semana, os reabriu com novos médicos e disponibilidade de exames. Rodrigo fez isto porque a empresa deixou uma dívida de R$ 53 milhões referente a pagamentos de funcionários e recolhimentos trabalhistas e também porque considerava superfaturado o acordo que Jonas Marins fez com a OS Geração Saúde.
Em abril, um suposto surto de leishmaniose assustou moradores de Volta Redonda. Treze cães contraíram a doença e tiveram de ser sacrificados. Veterinários alertaram para os sintomas da leishmaniose, mas a prefeitura negou o surto.
POLÍCIA:
Em março, um crime chocou a população de Volta Redonda. Foi encontrado morto, em seu apartamento, no Aterrado, o professor de Ciências Contábeis do UniFoa, Hyder Marcelo Araújo Lima, 37. As investigações apontaram que o crime foi cometido pelo ex-companheiro de Hyder, Carlos Eduardo Borges de Andrade. Ele foi preso em abril.
A história de Danila Areal ficou conhecida em Volta Redonda e no Brasil todo no final de maio. A vendedora, de 28 anos, mãe de duas filhas, fez uma transmissão ao vivo em sua página no Facebook para denunciar as agressões sofridas pelo ex-marido. Com medo de ser assassinada por ele, Danila implorou à Justiça por uma medida protetiva. Conseguiu. Dias depois, o ex-marido se apresentou à Polícia e contou outra versão para a história. A partir daí os jornais não publicaram mais nada. É óbvio que nada justifica a agressão, mas a velha máxima de que em briga de marido e mulher ninguém mete a colher ainda tá valendo.
Uma mega operação da Polícia Civil (intitulada Open Doors) foi deflagrada em agosto em Volta Redonda e Barra Mansa e desarticulou uma quadrilha que desviou R$ 2 milhões de contas bancárias no Sul Fluminense. Foram presos 28 pessoas, dentre elas o empresário conhecido como Léo Carroça, dono da boate Mistura Carioca, no Conforto.
POLÍTICA
No início de fevereiro, o prefeito Samuca criou um dossiê contra o prefeito Neto, e o entregou ao Ministério Público, Tribunal de Contas do Estado e da União (TCE e TCU). O documento, com quase 500 páginas, foi apresentado aos vereadores durante sessão na Câmara e continha pelo menos 12 anexos de irregularidades, dentre elas muitas obras feitas sem licitação. Samuca chegou a dizer que as irregularidades se tratavam de improbidade administrativa e teriam sido encontradas pela Comissão Permanente de Controle de Gastos, criada por ele no início de seu mandato.
Em abril, o Tribunal de Contas do Estado sugeriu que a Câmara de Vereadores de Volta Redonda rejeitasse as contas de 2011 do prefeito Neto. Samuca, claro, adorou e procurou o presidente da Casa, Dinho, para um tê-te-à-tê-te. Foi nesta época que Neto mandou Samuca cuidar do seu governo e esquecer que ele existia. “Me esquece e vai trabalhar”, disse Neto. No final de abril, porém, os vereadores da cidade do aço rejeitaram as contas de Neto e o tornaram inelegível por oito anos. O engraçado é que mesmo assim Neto anunciou que pretende voltar já em 2020. Conta com um ás na manga: suas contas não teriam sido rejeitadas por má-fé. O caso vai parar na Justiça Eleitoral.
Em maio, o aQui publicou em primeira mão que a secretária de Saúde de Volta Redonda, Márcia Cury, teria pedido demissão do cargo. Samuca negou. Um mês depois, admitiu a saída de Márcia e indicou o veterinário Alfredo Peixoto, que era o seu secretário de Meio Ambiente, para ocupar o seu lugar na pasta. Para amenizar a crise que se instalou, Samuca anunciou que ela seria a nova diretora do Hospital São João Batista. Só que Márcia Cury não foi bem recebida por lá, o que fez com que assumisse uma das diretorias do Hospital Regional (que mesmo depois de um ano inaugurado, continua sem funcionar). A ida para o Estado não deu muito certo e, em julho, Márcia voltou ao governo Samuca. Desde então, meio que no ostracismo, ela desempenha um papel simbólico de assessora especial do prefeito.
No melhor estilo ‘onde está wally?’, Jonas Marins foi procurado durante o mês de maio, em todos os seus endereços. O suposto sumiço do ex-prefeito de Barra Mansa tinha explicação: ele teve as contas de 2015 rejeitadas pela Comissão de Finanças da Câmara de Vereadores, que deu 15 dias pra ele se explicar, mas para isto, ele precisava ser notificado. Funcionários da Casa Legislativa chegaram a fazer guarda na porta da casa de Jonas de domingo a domingo, para lhe entregar a notificação, mas não o encontraram. Em junho, Jonas apareceu e concedeu entrevista ao aQui. Disse que não sumiu e que ocorreram inúmeros desencontros. Semanas depois, foi julgado pela Câmara, que rejeitou suas contas e o tornou inelegível por 8 anos.
Em julho, o prefeito Samuca deixou o Partido Verde e se filiou ao Podemos, do senador Romário (ver grampos nesta edição sobre a possibilidade de os dois criarem uma chapa para disputar as eleições de 2018 para o governo do Estado).
O polêmico deputado federal Jair Bolsonaro (foto acima) esteve em Volta Redonda em setembro. Veio dar uma palestra no Cine 9 de Abril. Causou furor entre seus seguidores e foi hostilizado e xingado por um pequeno grupo de 30 opositores.
O Tribunal de Contas do Estado do Rio determinou, em setembro, que os vereadores de Volta Redonda do ano de 1996 devolvessem aos cofres públicos o equivalente a R$ 1.879.738,15. Em parecer técnico, o TCE alegou irregularidades no pagamento de verbas indenizatórias. A maioria dos vereadores intimada já é falecida. Dentre os (vivos) que foram condenados à devolução do dinheiro estão Zoinho (foto abaixo), o médico Luiz Gonzaga Lula de Oliveira, a sindicalista Maria das Dores Pereira (Sepe), Walmir Vitor, Paulo Conrado e José Augusto Miranda.
Edson Albertassi quase assumiu uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado. Quase. Ele foi preso em novembro, teve a prisão revogada pela Alerj, mas a Justiça conseguiu derrubar a decisão da Alerj, reconduzindo-o à prisão.
Em outubro, a secretária de Cultura de Volta Redonda, Márcia Fernandes, foi exonerada do cargo. Saiu culpando os vereadores, dizendo ter sido pressionada por eles a deixar a pasta.
CULTURA:
Em julho, o prefeito Rodrigo Drable promoveu o I Festival de Música Internacional, em Barra Mansa
Com a exposição “Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”, lançada em agosto, o Banco Santander causou uma polêmica sem precedentes na história da cultura brasileira. A mostra apresentava personagens aparentemente praticando atos de pedofilia e zoofilia e foi vista por crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. Em Volta Redonda, o vereador Paulo Conrado enviou um ofício à presidência do banco, questionando o teor da obra. O banco respondeu ao ofício e disse que por conta das críticas recebidas em todo o Brasil, resolveu cancelar a exposição.
COMPORTAMENTO:
2017 foi um ano de alerta para muitos pais de adolescentes. É que entre os jovens surgiu um jogo fatal de nome “Baleia Azul”, que consistia em uma série de desafios que deveriam ser cumpridos, e o último deles era o suicídio. Infelizmente, o jogo fez muitas vítimas no país. Em Barra Mansa, a polícia registrou, no final de maio, o suicídio de um adolescente, de apenas 14 anos, morador do bairro São Pedro, Segundo amigos, ele jogava o “Baleia Azul”. Seu corpo foi encontrado enforcado pelo irmão mais novo, de apenas 6 anos.
Em setembro, alunos do Colégio Macedo Soares protestaram contra uma decisão da Guarda Municipal de proibir o vendedor ambulante Levi Dionísio (58 anos) de vender balas na porta da escola. Levi, que vendia doces no local há mais de 20 anos, chegou a ser preso pela Guarda, que alegou ter sido desacatada pelo ambulante. Infelizmente, dois meses depois deste episódio Levi Dionísio faleceu, vítima de um infarto.
O Sindicato dos Profissionais da Educação (Sepe) ajuizou uma ação, em setembro, pedindo a anulação da ordem de serviço do maestro-secretário Vantoil de Souza, que promovia orações do Pai Nosso nas escolas de Barra Mansa. Conseguiu. A Justiça concedeu liminar determinando que a prefeitura de Barra Mansa parasse de promover a oração. O problema, na verdade, não era a oração, mas era o fato de que os alunos eram divididos em duas filas: a dos que oravam e a dos que não oravam. Para a Justiça, o Estado não pode praticar a segregação religiosa. Não mesmo!
O metalúrgico Rafael de Oliveira Silva, 38, passou por maus bocados em setembro. Desempregado, ele foi envolvido em um golpe de oportunidade de emprego oferecida em uma rede social. Como não caiu na picaretagem, passou a ser difamado na internet como se fosse um estuprador de crianças. Com medo de ser linchado na rua, Rafael e a esposa mal saíam de casa. Até que ele resolveu levar o caso para a Polícia e para a imprensa. A notícia se espalhou e Rafael recebeu apoio da população. A história teve um final feliz: é que Rafael acabou contratado pela CSN para trabalhar na Usina Presidente Vargas.
GERAL:
Ainda em janeiro, o Sindicato dos Engenheiros da CSN obteve na Justiça uma vitória para os aposentados que perderam o plano de saúde (Bradesco) ao se desligarem da empresa. A notícia fez milhares de aposentados pularem de alegria, o problema é que nem todos tiveram direito: apenas os que tinham entrado na Justiça contra a CSN na época que se aposentaram. Ou seja, uma minoria. O Senge prometeu reverter a questão na Justiça, mas o ano terminou e a coisa ficou só na promessa.
Em março, o prefeito Samuca falou pela primeira vez, e com exclusividade ao aQui, sobre privatizar o Saae-VR. Na ocasião, Samuca disse que convocaria a população para um seminário, onde abordaria o assunto. A possibilidade de uma privatização surgiu depois que seu governo enfrentou, logo nos primeiros dias de janeiro, vários problemas de rompimento de canos e falhas no abastecimento de água por toda a cidade. Sanado o problema, Samuca voltou atrás na questão da venda do Saae e admitiu que a autarquia precisa de uma boa quantia em dinheiro para modernizar seu sistema de abastecimento de água. E trocou a direção da autarquia, nomeando José Geraldo, o Zeca, para comandá-la a partir de 27 de julho.
O governo do Estado inaugurou, em março, a Penitenciária Inspetor Luís Fernandes Bandeira Duarte, em Resende. A unidade possui dois pavilhões, 417 vagas e para a sua inauguração recebeu a transferência de quase 300 internos dos regimes fechado e semiaberto que cumpriam pena na Penitenciária Milton Dias Moreira, em Japeri. A cadeia está localizada na divisa com Porto Real, próximo ao bairro de Bulhões.
Ubirajara Vaz foi reeleito presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas de Volta Redonda. Bira está à frente da AAP-VR há 23 anos e ficará no cargo até 31 de março de 2021, se a Justiça permitir.
Em junho, peladeiros da Voldac foram impedidos de jogar bola no campo do Ressaquinha. É que a Justiça reintegrou o clube ao patrimônio da CSN. A notícia foi publicada com exclusividade pelo aQui e a decisão de reintegração foi dada pelo juiz André Aiex. Em setembro foi a vez do Clube Foto Filatélico ser reintegrado à CSN. A decisão foi da 2ª Vara Cível.
Um acordo firmado entre o prefeito Samuca e representantes do Sindicato do Funcionalismo Público, realizado em junho na 6ª Vara Cível, garantiu aos servidores da prefeitura de Volta Redonda o enquadramento ao novo Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) a partir de janeiro de 2018. Cerca de 4 mil servidores serão beneficiados no PCCS.
Em junho, o aQui publicou com exclusividade que o prefeito Samuca Silva pretendia tornar nulo o decreto de n.º 1.745, em vigor desde 26 de junho de 1984, que proibia a construção de motéis dentro do perímetro urbano de Volta Redonda. O antigo decreto foi assinado pelo ex-prefeito Benevenuto dos Santos.
O Sindicato dos Funcionários Públicos de Volta Redonda surpreendeu. Em negociação com o prefeito Samuca para a campanha salarial, durante o mês de agosto, o presidente da entidade, Ataíde de Oliveira, incluiu na pauta a implantação de um Programa de Demissão Voluntária (PDV) para os servidores. A alternativa foi proposta para que Samuca cumprisse sua promessa de reajustar o salário da categoria. O PDV está quase saindo do forno.
O Ministério da Saúde cancelou o certificado de filantropia da Associação dos Aposentados e Pensionistas de Volta Redonda. Foi em agosto. A entidade recorreu e aguarda decisão definitiva do MS sobre seu pedido de reconsideração pela falha administrativa que cometeu, mesmo sabendo que poderia perder mais de R$ 400 mil por mês em isenção de impostos.
Em agosto, o prefeito Samuca fez uma proposta à CSN envolvendo o Escritório Central. A ideia era trocar a dívida da empresa (R$ 50 milhões só de ISS) pelo prédio de 16 andares. A proposta de permuta foi entregue por Samuca ao diretor Luiz Paulo Barreto. Até hoje a CSN não deu resposta se aceita ou não. Só fica dizendo que quer, mas sem bater o martelo.
Também em agosto, Samuca Silva anunciou a criação do Hospital do Idoso nas dependências do antigo prédio da São Camilo, na Vila. A unidade foi inaugurada na última quarta-feira do ano, dia 27.
UBER:
2017 foi o ano da Uber na cidade do aço. A notícia de que o aplicativo iria chegar em Volta Redonda circulou em janeiro e em abril já era realidade. Os taxistas, claro, chiaram bastante. Chiam até hoje. O prefeito Samuca chegou a proibir o aplicativo, depois voltou atrás e lançou uma pesquisa para saber o que a população achava da novidade. O ano passou e o Uber permaneceu. Aliás, uma corrida da Vila ao Aterrado custa em torno de R$ 7,00, enquanto que de táxi não sai por menos de R$ 20,00. Só que em horas de alta procura o preço dispara, especialmente nas noites de sexta e sábado.
CIDADE:
Em abril, o prefeito Rodrigo Drable completou 100 dias de governo e comemorou as realizações feitas em prol de Barra Mansa. Na lista estão: a reinauguração da UPA e da UTI Neonatal, a retomada de todas as obras paralisadas, a inauguração de quatro quadras, a reabertura do Parque da Saudade e do Horto, reparos no Parque da Cidade, a reestruturação da Susesp e a reabertura da fábrica de asfalto. Rodrigo citou ainda a qualificação da Santa Casa como Hospital de Transplante de Órgãos e ainda a inauguração da Creche Espírito Santo! Salve!
Em maio, a prefeitura de Volta Redonda pagou mico ao anunciar a vinda de uma empresa de tecnologia, de Guapimirim (RJ). Só que a tal empresa, que geraria 25 empregos diretos, sempre foi da cidade do aço. Ela funcionava em uma casa modesta, sem placas, no bairro Jardim Normândia. O que de fato ocorreu é que a tal empresa transferiu para a cidade do aço o CPNJ que estava inscrito em Guapimirim. Uma rotina muito comum no mundo fiscal, que dispensa divulgação.
O Tribunal de Contas do Estado recomendou, o prefeito Samuca obedeceu e os vereadores de Volta Redonda aprovaram, em setembro, a criação da Taxa de Iluminação. A recomendação do TCE também se estendeu a Barra Mansa. Mas lá, os vereadores ficaram com medo da reação popular e a lei ficou para ser discutida em 2018, ano de eleição…
Em outubro, Samuca Silva colocou em circulação um ônibus elétrico. Mas logo na viagem inaugural o veículo sofreu uma pane elétrica. Durante o tempo que circulou pelas áreas comerciais de Volta Redonda transportou apenas 7 mil pessoas, a maioria idosos – a passeio – e jovens, interessados no Wi-FI grátis. Foi embora e não deixou saudades.
OBITUÁRIO:
O ex-vereador de Barra Mansa, João Batista Oliveira, o João Leiteiro, morreu no dia 23 de janeiro, vítima de um câncer. Ele tinha 77 anos.
O prefeito de Porto Real, Jorge Serfiotis, morreu no dia 31 de julho, vítima de insuficiência respiratória, provocada por um câncer no pulmão. Ele tinha 66 anos e foi sucedido pelo vice, Ailton Marques.
Na madrugada do dia 27 de fevereiro, morreu padre Paulo Quiquita de Oliveira, aos 64 anos, vítima de pneumonia agravada por uma leucemia. Padre Quiquita exercia a função de vigário paroquial no setor de Sagrada Família, em Dorândia/Vargem Alegre e lutava contra a leucemia há 15 anos.
O advogado Hudson Rodrigues de Oliveira, que chegou a ser procurador da prefeitura de Volta Redonda nos dois primeiros mandatos do ex-prefeito Neto, morreu aos 87 anos na noite de 14 de março. Hudson Oliveira também foi vice-presidente do Detran-RJ e da Cehab-RJ, nas gestões em que Neto foi presidente.
Em setembro, o nadador Ramon Mello, 25 anos, morreu no Texas (EUA), vítima de AVC. Ramon era natural de Itatiaia e foi revelado pelo Clube dos Funcionários.
ESPORTE:
Em janeiro, o Voltaço obteve a sua primeira – e última – vitória na Taça Guanabara. Foi num jogo contra o Vasco da Gama. A vitória colocou o time de aço de volta na briga por uma das duas vagas na semifinal do torneio. A alegria, porém, durou menos de uma semana: o Voltaço perdeu do Cruzeiro por 2 a 1, o que o tirou da competição.
MEIO AMBIENTE:
Em fevereiro, Samuca recebeu a visita de diretores da CSN e de uma empresa de consultoria ambiental, que foram apresentar um estudo técnico que concluiu que o solo do Volta Grande IV – apesar de contaminado por dejetos – não seria nocivo à saúde da população. A ideia da CSN era apresentar o estudo aos moradores, porém, foi impedida pelo MPF, que conseguiu liminar impedindo o encontro. O MPF impediu também que a CSN oferecesse aos moradores uma amostragem voluntária, que consistia na análise dos quintais (não cimentados). A CSN recorreu e meses depois conseguiu realizar o encontro com a população. Na época, o MPF alegou que o estudo era tendencioso e colocou em xeque a credibilidade da empresa que o realizou.
SEGURANÇA PÚBLICA:
O delegado Antônio Furtado tentou ser vice-prefeito de Volta Redonda. Como não conseguiu, acabou assumindo a 101ª DP de Pinheiral. Foi no dia 9 de janeiro.
Policiais civis e peritos da 93ª DP aderiram à greve da categoria, em janeiro. Na porta da delegacia afixaram um cartaz que dizia que só seriam atendidos casos de prisão em flagrante, mandado de prisão, remoção de cadáver e roubo de veículos. Os agentes cobravam o pagamento do 13º salário, além da quitação do Regime Adicional de Serviços (RAS) e do adicional por metas alcançadas no segundo semestre de 2015.
Em fevereiro foi a vez das esposas de policiais militares ocuparem as entradas do 28º BPM e promoverem uma manifestação contra o Estado por conta do atraso no pagamento dos salários dos maridos. A mulherada impediu que qualquer viatura saísse do batalhão. A manifestação durou apenas alguns dias.
Em maio, o governador Pezão transferiu quase 50 policiais militares lotados no 28º BPM para batalhões da Baixada Fluminense. O grupo foi reforçar a segurança de Nova Iguaçu e Mesquita. O pedido de transferência partiu das entidades empresariais destes dois municípios da Baixada. E os daqui nada fizeram para impedir.
O prefeito Rodrigo Drable inaugurou, em outubro, na ocasião do aniversário de Barra Mansa, o Centro Estratégico de Segurança Pública (Cesp). O prédio funciona nos mesmo moldes do Ciosp de Volta Redonda e está localizado na Avenida Joaquim Leite. O Cesp é responsável por integrar as forças de segurança pública e monitora 72 câmeras espalhadas por ruas e avenidas da cidade.
Quem não se lembra da história do chanceler do Qatar, Rafael dos Santos Pinto? Pois é, de longe ou de perto essa história foi o maior mico que o prefeito Samuca já pagou, desde que assumiu a prefeitura, no dia 1 de janeiro. A começar pelo nome (bem abrasileirado) do tal chanceler: Rafael dos Santos Pinto. Ele se passou por um representante dos Emirados Árabes e conseguiu um encontro com Samuca Silva, no Rio, onde teria prometido verba para a construção do sonhado aeroporto regional na cidade do aço. Disse ainda que milionários do seu país tinham interesse em investir no município e chegou prometer levar Samuca e uma comitiva de empresários ao Qatar para fecharem muitos negócios. A farsa foi descoberta pelo jornalista Aurélio Paiva, que publicou uma entrevista com representantes da Embaixada do Qatar no Brasil. “É golpe. Esta pessoa não é diplomata. Não nos representa”, garantiu Safy Abuhamra, RP da embaixada. Foi o mico do ano!