Quem não dá assistência…

Metalúrgicos realizam assembleia e criam sindicato só para quem trabalha em Resende

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A movimentação dos metalúrgicos de Resende, em torno da criação de um sindicato próprio, reuniu em só lugar (e do mesmo lado) Edimar Miguel, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda, seus seis diretores e ainda o assessor jurídico Tarcísio Xavier. A situação aconteceu no domingo, 26, na Chácara Santa Lúcia, na Itapuca, e até a Polícia Militar foi chamada. A confusão aconteceu porque, segundo Edimar, pessoas ligadas à gestão passada estariam montando um sindicato paralelo para enfraquecer o que já existe. “Isto é uma fraude”, esbravejava.
Não satisfeito, e depois de ter sido impedido de entrar na chácara onde era realizada a reunião, Edimar & Cia gravaram vídeos e promoveu a sua própria assembleia, só que ao invés de contar com trabalhadores locais, reunia integrantes do próprio sindicato , e sindicalistas de Minas Gerais, ligados a CSP Conlutas. Na pauta, aprovação ou não de um segundo sindicato dos metalúrgicos em Resende. Pelo estatuto, a assembleia de Edimar não tem valor legal, porque foi realizada sem a presença de trabalhadores de Resende.
Nos vídeos postados nas redes sociais e nos aplicativos de mensagens, Edimar fez julgamentos sobre quem estaria por trás da empreitada e afirmou que se tratavam de “pelegos derrotados pela atual direção do Sindicato”. Segundo ele, estas pessoas estariam agindo com o objetivo de “fugir da luta coletiva de trabalhadores e trabalhadoras”. Em outra publicação, Edimar alegou que “a direção do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense está sob ataque de grupos derrotados que tentam criar sindicados
divisionistas para rachar a base de associados e favorecer os patrões e empresas. Não conseguiram!”, acredita.
Segundo apurado pelo aQui, o novo Sindicato dos Metalúrgicos de Resende chegou a ser oficialmente criado no domingo, 26, durante assembleia realizada dentro da Chácara Santa Lucia, com a presença de metalúrgicos do município. Eles elegeram como presidente, por aclamação, o ex- vereador de Resende, Jeremias Casemiro, conhecido por Mirim, que foi quem chamou a Polícia Militar depois que Edimar e comitiva chegaram no local forçando a entrada com a finalidade de encerrar a assembleia.
Uma fonte ouvida pelo jornal contou que os metalúrgicos de Resende criaram o novo sindicato em busca de uma representatividade sindical, alegando que a atual gestão de Edimar, ao contrário da anterior, não possui nenhum diretor executivo de Resende, de Itatiaia, Porto Real ou de nenhuma outra cidade da região das Agulhas Negras. A fonte foi além. Disse que Mirim teve o apoio da Confederação Nacional Metalúrgica (CNM), que também estaria ajudando na documentação para a criação da nova entidade, e que eles cumpriram todos os requisitos legais, previstos na Legislação.
Prova disto é que o edital de convocação da assembleia para a criação do novo sindicato foi publicado dentro do prazo, no início de novembro, em jornais diários de grande circulação. “O edital foi publicado há 22 dias e neste período ninguém se manifestou. No dia da assembleia, o Edimar quis interferir. Porque não fez isto antes?”, questionou Vitor Raymundo, o Vitor Véio, ex-metalúrgico da CSN e atual coordenador da verdadeira Oposição Sindical.
Vitor foi procurado pelo aQui, porque a princípio, diretores do Sindicato dos Metalúrgicos teriam dito ao jornal que integrantes da chapa 3 estariam organizando o novo Sindicato, o que, segundo ele, não é verdade. Vitor foi o cabeça da Chapa 3 nas eleições sindicais e garantiu que nenhum membro da sua chapa esteve envolvido no episódio de Resende. “Não tem ninguém da chapa 3, eu garanto. Quem encabeçou isto daí foi o Mirim”, comentou.
O ex-sindicalista disse ainda que os trabalhadores de Resende só criaram um outro sindicato na mesma base porque a atual gestão não estaria atendendo as expectativas dos trabalhadores da cidade vizinha a Volta Redonda. Eles reclamaram, por exemplo, que a última vez que Edimar esteve em Resende foi na campanha salarial da ArcelorMittal, mesmo assim, colocou em votação a proposta apresentada pela empresa, sem questionar. “Eles não se sentem representados”, concluiu Vitor.
O aQui tentou falar com Jeremias Casemiro, eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Resende, mas não conseguiu entrevistá-lo. Por Whats App, Mirim confirmou que a eleição da primeira diretoria de Resende não teve participação de nenhum sindicalista ou membro de chapa que tenha participado das eleições do Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda. Disse também que ele próprio chegou a disputar as eleições em 2014, quando perdeu para Silvio Campos e que sempre foi um desejo dos metalúrgicos de Resende terem sua própria representatividade, coisa que não vinham tendo.