Por Paolla Gilson
Tão badalado em Volta Redonda, o ‘Fale com o Prefeito’ não tinha quase nada de novo. Era uma cópia melhorada – de um programa de Neto – para que Samuca Silva (Podemos) recebesse 10 voltarredondenses por semana. O prefeito até os esperava às sextas-feiras – todo sorridente – na rampa de acesso ao Palácio 17 de Julho. Como não estava dando muito certo, decidiram mudá-lo. A novidade seria implantada em agosto: Samuca passaria a receber dois moradores por dia. Isso mesmo. Dois na segunda, dois na terça… Fato inédito na política local e, porque não, regional, estadual e até na União.
Por enquanto, tudo não passou de uma boa intenção. Pelo menos é o que ficou evidente quando eu, sem me identificar como repórter do aQui, tentei marcar um encontro com Samuca Silva. Queria descobrir como funcionaria o novo ‘Fale com o Prefeito’. Acabei descobrindo que, na verdade, existem várias falhas em sua execução.
Minha primeira ida ao Palácio 17 de Julho ocorreu na terça, 1º. Fui bem recebida na recepção, e olha que outras pessoas também estavam lá com o mesmo objetivo. Nos mandaram ficar em casa aguardando retorno. Nos prometeram a resposta até sexta, 4.
Ledo engano. Nenhuma ligação eu recebi. Não sei se os outros receberam, mas eu fiquei a ver navios. Na segunda, 7, por volta das 11 horas, voltei à sede da prefeitura. Fui informada que o prefeito ainda estaria definindo as datas para o atendimento e que iriam entrar em contato para combinar o ‘bate papo’ ainda para agosto. Ou seja, teria que esperar. Como paciência não é o meu forte, desisti. Como moradora de Volta Redonda, não quero mais falar com Samuca. Como repórter, pode ser. Minha primeira pergunta, caso eu o entreviste, será”: o senhor não iria conversar, a partir de agosto, com dois voltarredondenses por dia?”.
Vendo os releases oficiais que o Palácio 17 de Julho já encaminhou à redação do aQui descubro que alguns dos que já conseguiram conversar com o prefeito nas edições anteriores acabaram saindo satisfeitos. Ou seja, o azar foi meu. “Moro em Volta Redonda há anos e nunca tinha entrado na prefeitura. Fui bem atendido, o prefeito é muito coerente. Eu tenho uma casa desde 1990 e até hoje não tinha regularizado. Esse foi meu assunto com o prefeito, que se comprometeu a me atender e mandar uma equipe da Furban até o local”, contou Antonio Jorge Molina, conforme texto oficial.
O mecanismo do programa, se for implantado, vai passar a funcionar do seguinte modo: os interessados, que não é o meu caso, terão que se dirigir ao Palácio 17 de Julho a partir das 9 horas e concorrer a uma das 40 vagas que serão disponibilizadas ‘sempre’ no primeiro dia útil de cada mês. Terão que fornecer o nome completo, o bairro onde moram, telefones e, principalmente, informar o tema do papo com o prefeito. Se tiverem sorte (eu não tive), receberão a resposta em poucos dias.
Samuca, é claro, adorou a mudança, que ainda não conseguiu implementar. “O projeto cresceu, pois atendeu as demandas da população de forma direta. Vamos mudar a forma, para atender melhor as pessoas. Assim, meu compromisso será diário. Vou ouvir todos os dias as necessidades da população”, prometeu. Pena que até ontem, sexta, 11, isso não tenha ocorrido. Eu e mais 22 moradores ficamos a ouvir estórias palacianas.
Paolla Gilson é jornalista, tem 23 anos, nasceu em Vassouras e se formou pelo UniFOA em 2016.