quarta-feira, janeiro 15, 2025
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Quaresma: tempo favorável à conversão

Por Padre Wagner Ferreira

Por meio do tempo litúrgico da Quaresma, a Igreja se prepara para celebrar o mistério do Cristo Ressuscitado, ven- cedor da morte e do pecado. Tal preparação acontece à luz da Palavra de Deus proclamada nas celebrações da Santa Missa, convidando-nos à conversão, ou seja, renún- cia a toda forma de peca- do para se viver com maior entusiasmo a vida nova do Espírito Santo.
No itinerário quares- mal, somos exortados por Cristo Jesus a fazer penitên- cia por meio da esmola, da oração e do jejum, atentos a não praticá-la motivados pela vanglória dos hipó- critas, cujo interesse é o cul- to a si mesmos (cf. Mt 6,1- 6.16-18). A partir do apelo da Igreja “convertei-vos e crede no Evangelho”, que cheguemos à Páscoa do
Cristo ressuscitado mais comprometidos com o duplo mandamento do amor, sabendo que, sem o cultivo sincero do amor a Deus e ao próximo, não seremos nada mais do que pó e que ao pó retor- naremos.
Ao mencionar a con- versão ao mandamento do amor, recordamos que São João, em sua primeira carta, não deixa dúvidas sobre o estreito vínculo que há entre oamoraDeuseao próximo: “Se alguém disser ‘Amo a Deus’, mas odeia o seu ir-mão, é mentiroso,
pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quemnãovê.Eesteéo mandamento que dele recebemos: quem ama a Deus, ame também seu ir- mão” (1 Jo 4,20-21). Não foi à toa que, dentre as prá- ticas penitenciais mencio- nadas por Jesus, a esmola simboliza o dever cristão de manifestar, em gestos concretos de misericórdia, o infinito amor com o qual Deus ama a todos.
Como ocorre anual- mente por ocasião da Qua- resma, o Papa Francisco presenteia à Igreja com uma mensagem. Neste ano, com o tema “Através do deserto, Deus guia-nos para a liberdade”, o Santo Padre afirma que a Quaresma é tempo de agir, e agir significa também parar: “parar em oração, para acolher a Palavra de Deus, e parar como o Samaritano na presença do irmão ferido. O amor a Deus e ao próximo for- mam um único amor. Não ter outros deuses é parar na presença de Deus, junto da carne do próximo”. Conti- nua o Papa Francisco: “Por isso, oração, esmola e jejum não são três exercícios in- dependentes, mas um úni- co movimento de abertura, de esvaziamento: lancemos fora os ídolos que nos tor- nam pesados, fora os ape- gos que nos aprisionam.”
O empenho de amar os irmãos mais necessita- dos motivou os bispos da Igreja no Brasil a promo- ver a Campanha da Frater- nidade. Já se vão 60 anos de uma caminhada de tes- temunho de fé, esperança e amor, onde a Igreja não mede esforços para atingir os seguintes objetivos: 1. Despertar o espírito comu- nitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular, os cristãos na busca do bem comum; 2.
Educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor; 3. Reno- var a consciência da res- ponsabilidade de todos pe- la ação da Igreja na evange- lização, na promoção hu- mana, em vista de uma so- ciedade justa, fraterna e solidária (cf. https:// campanhas.cnbb.org.br/ campanha-da-fraternidade.
Com o tema “Frater- nidade e Amizade Social” e o lema “Vós sois todos ir- mãos e irmãs” (cf. Mt 23,8), a CF 2024 tem como obje- tivo geral, conforme o seu texto-base, promover e fortalecer os vínculos da amizade social, para que, em Jesus Cristo, a paz seja realidade entre todas as pessoas e povos.
Dentre tantos dons que Jesus ressuscitado concedeu à humanidade, damos destaque à paz, que não é simples resultado de “acordo entre cavalhei- ros”, mas consequência da graça divina do encontro pessoal com Cristo Jesus, o Príncipe da Paz. Com tantas guerras em curso pelo mundo, sem contar o crescimento da violência urbana, como se torna urgente o nosso compro- misso com a bem-aventu- rança ensinada por Jesus no Sermão da Montanha: “Bem-aventurados os que promovem a paz, pois serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).
Nesse contexto, não poderia deixar de men- cionar o legado carismático do saudoso padre Jonas Abib, justamente por ter ensinado sobre o princípio evangélico de viver a reconciliação em contínua dinâmica de dar e pedir perdão. Peçamos a Deus a graça da conversão à paz de Cristo, por meio da reconciliação e do cultivo do amor fraterno.

Padre Wagner Ferreira da Silva é presidente da comunidade Canção Nova e da Fundação João Paulo II.

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