Vinicius de Oliveira
Na segunda, 6, o governador Cláudio Castro liberou mais dim-dim para os municípios. A verba é carimbada para a área da Educação, a ser usada no projeto E-Tec para transformar 50 Cieps fluminenses em ‘Escolas de Novas Tecnologias e Oportunidades’. O ambicioso programa contemplou um Ciep de Barra Mansa, na Bocaininha, e dois de Volta Redonda, no Santo Agostinho e no Belmonte. A escolha das escolas tomou como base o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das localidades com maior vulnerabilidade social e deve beneficiar cerca de 24 mil alunos da rede estadual.
“A remodelagem dos 50 Cieps tem o objetivo de reforçar o papel fundamental da educação na reconstrução do nosso estado. Uma juventude bem formada para a vida e para o mercado de trabalho gera um futuro melhor para toda a sociedade, com mais oportunidades, renda, segurança e qualidade de vida. Desde que assumi, coloquei como prioridade a valorização da nossa maior estrela, o professor. Esse projeto, sem dúvida, também melhora a estrutura para os nossos mestres”, crê o governador.
Entre os recursos tecnológicos prometidos estão a distribuição de mais de 24 mil Chromebooks, sistemas de monitoramento por câmera, conexão à internet de alta qualidade, lousa digital e área destinada às atividades de produção audiovisual, robótica e salas makers. Todas as unidades E-Tecs, segundo o governo, serão sustentáveis e receberão painéis solares e lâmpadas de LED, além de reuso de água, coleta seletiva de lixo e horta comunitária.
Outra promessa do despretensioso Cláudio Castro refere-se aos aparelhos de identificação facial que serão implantados. “Além de aumentarem a segurança, eles servirão para a contenção de despesas, como, por exemplo, para o cálculo correto de merenda a ser preparada com base no controle de frequência identificado. Estamos incentivando nossos alunos a buscarem carreiras inovadoras, com novos instrumentos à disposição deles, e professores com nova visão de mundo e fazendo a diferença na formação da futura geração fluminense”, declarou o secretário de Educação, Alexandre Valle.
Mas o Sepe (Sindicato dos Profissionais da Educação) não acredita nas boas intenções do governador. Em nota, a entidade afirma que o projeto “trata de mais uma política eleitoreira, visando se eleger em novembro deste ano”. “Já vimos esse filme antes, no qual gasta-se milhões em recursos tecnológicos, os quais ficam sem condições de uso em pouco tempo por falta de pessoal para manutenção. Enquanto isso, a rede estadual segue com, segundo estimativa do MP, uma carência de 7 mil professores! Além disso, há escolas carentes de pessoal de administrativo e de apoio como secretárias e coordenadores de turno. Para completar, a verba da merenda foi reduzida, submetendo os alunos à situação cruel de alimentação insuficiente para o necessário desenvolvimento da aprendizagem. Lançar um projeto faraônico para fazer campanha eleitoral diante deste quadro é um escárnio”, desabafou a direção do Sepe.
Na nota, o órgão questiona o governador sobre a atual condição salarial dos professores. “Os profissionais que estão na ativa amargam perdas salariais desde 2014; os professores recebem abaixo do mínimo estabelecido nacionalmente para a categoria. A situação dos aposentados também é um total desrespeito. O governo tem dívidas com estes profissionais e simplesmente protela o seu pagamento, submetendo-os à situação de vulnerabilidade. Muitos estão morrendo sem receber seus direitos! Mas aposentado não dá voto, não é, governador?”, ironizou.
Por fim, o sindicato reconhece a necessidade de modernização das escolas, mas defende que ela só se materializa em qualidade com política de Estado e não com política de governo. “Simplesmente jogar um monte de equipamentos caros dentro das escolas, sem pessoas para mantê-los funcionando, beneficia apenas as empresas que lucram alto com vendas vultosas para o poder público e serve apenas para o governador candidato posar para a foto no dia da inauguração”.