Com 16 quilômetros de extensão, o Rio Brandão é um dos principais de Volta Redonda, nascendo em Getulândia, tendo sua foz no Rio Paraíba do Sul. Apesar disso, sempre foi um rio segregado – tanto que muitos o chamam de córrego Brandão. Pior. Todo voltarredondense já viu algum tipo de lixo, como móvel velho, sendo descartado ao longo do seu trajeto, incluindo no coração da Vila, à altura do Jardim dos Inocentes. Mas parece que esses dias estão contados. Pelo menos se depender da secretaria de Meio Ambiente de Volta Redonda.
Prova disso é que a renomada White Martins, uma multinacional, foi multada em R$ 1 milhão por, justamente, poluir o Rio Brandão. Trata-se da maior multa já aplicada pelo município por dano ambiental na história da cidade do aço. O aQui recebeu, através do Facebook, diversas fotos e vídeos que comprovam a poluição do riacho. Os líquidos, parecido com esgoto industrial, estariam sendo despejados pela White Martins próximo à Estação de Tratamento de Esgoto Gil Portugal, na Vila.
Cópias dos mesmos vídeos foram enviados à secretaria de Meio Ambiente. A pasta, responsável por fazer a fiscalização ambiental em todo o município, enviou fiscais ao local e constatou a veracidade das denúncias. Tem mais. Aplicou a multa de R$ 1 milhão à White Martins por poluição hídrica, mortandade de peixes, dano à unidade de conservação e ainda por dificultar a fiscalização, já que a empresa não informou à pasta o local dos poços de monitoramento da galeria de águas pluviais.
A informação foi confirmada ao aQui pela secretaria de Meio Ambiente e a multa já foi até entregue à empresa. De acordo com o secretário, Mauricio Ruiz, uma equipe de fiscalização da secretaria esteve no dia 24 de outubro no local para fiscalizar a verificar a autenticidade da denúncia. “No momento em que a equipe chegou ao local, foi constatado visualmente que o efluente advindo da primeira manilha ao entrar em contato com as águas do Rio Brandão provocava a formação de uma espuma de cor branca”, disse. “Estava havendo descarga de poluentes. Ainda estamos investigando a origem desses poluentes, mas são oriundos da White Martins”, destacou.
De acordo com Mauricio, em um dia de visitas técnicas ao local, os agentes de fiscalização foram alertados que havia peixes mortos no Rio Brandão na altura onde estavam caindo os efluentes da White Martins. “Cabe destacar que a mortandade ocorreu somente no trecho da descarga da água contaminada. Percorremos outras partes do rio e não encontramos nenhum outro peixe morto”, destacou o secretário.
Ao aQui, o secretário explicou que pelo fato da Licença Ambiental da White Martins ser dada pela secretaria de Meio Ambiente de Volta Redonda, cabe ao órgão fiscalizar a empresa. Questionado se a SMMA poderia fazer a fiscalização da CSN, o secretário afirmou que essa já seria uma responsabilidade do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). “Por ter licença ambiental dada pelo Governo do Estado, cabe ao Inea essa fiscalização”, acrescentou.
Ainda segundo o secretário, vale ressaltar que a poluição ao Rio Brandão pode interferir na captação de água do Rio Paraíba, que abastece as cidades da região e boa parte do estado do Rio. “Qualquer lançamento de efluentes que possa causar a interrupção de captação de água, vai gerar prejuízos incalculáveis para a maioria das cidades da região”, comentou o secretário.
A empresa White Martins poderá, dentro do processo, se manifestar sobre o caso, fazer a defesa e explicar os motivos pela emissão de poluentes no Rio Brandão.