O ano mal começou e a região já começa a contabilizar registros de acidentes nas linhas de trem: na madrugada de sábado, 17, Carlos Roberto Silva Dias, 40, morreu atropelado por um trem, na altura de Três Poços, em Volta Redonda. Em Três Rios, no mesmo dia, um motociclista também foi atingido por outro trem, quando tentava atravessar a linha férrea, mesmo com os sinais indicando a passagem da locomotiva naquele momento. Para sorte do motoqueiro imprudente, ele sofreu apenas ferimentos leves.
Os dois acidentes, coincidentemente, ocorreram logo após a MRS Logística, empresa que opera as linhas férreas no Sudeste, divulgar um balanço do número de acidentes em 2017, nas 105 cidades onde opera, incluindo Volta Redonda e Barra Mansa, entre outras. Detalhe: as notícias não são boas. É que as estatísticas da empresa mostram que o número de acidentes aumentou 10% em 2017, se comparado com 2016. No total, foram registrados 103 atropelamentos e abalroamentos nas linhas de trens durante o ano de 2017, enquanto que em 2016 houve 93 acidentes. No Sul Fluminense – entre Valença e Barra do Piraí – a situação foi um pouco mais tranquila: foram sete acidentes em 2017, contra 12 no ano anterior, o que corresponde a uma queda de quase 50% no número de ocorrências.
Ainda assim, as consequências dos acidentes nas linhas férreas são geralmente muito graves, principalmente nos casos de atropelamentos, como sugere a morte ocorrida na semana passada. No único acidente registrado em Volta Redonda em 2017, a estudante Sara Teixeira Batista, 23, foi atropelada por um trem no Núcleo de Posse Princesa Isabel (local conhecido como Buraco Quente), no Jardim Amália II. Sara, moradora da Boa Sorte, em Barra Mansa, teve um dos pés amputados no acidente, que aconteceu em novembro.
Em Barra Mansa, onde houve dois registros de acidentes em 2017 (um a menos que 2016), a consequência do atropelamento para uma das vítimas também foi bastante grave, com ferimentos traumáticos. José Roberto Braga, 58, teve as duas pernas amputadas na altura dos joelhos após ter sido atropelado por um trem, na passagem de nível da Saudade, também em novembro do ano passado.
Nos vídeos de segurança disponibilizados pela MRS – vários pontos das linhas férreas, principalmente nos trechos urbanos, são monitorados por câmeras – é possível verificar que praticamente todos os acidentes acontecem por imprudência dos pedestres (atropelamentos) ou motoristas (abalroamentos), que não respeitam a sinalização alertando para a passagem das composições. A operadora das ferrovias aponta como principais motivos para a imprudência a desatenção, a pressa, o uso de celulares ao atravessar a ferrovia, além do efeito do álcool e das drogas.
“Por isso, uma das nossas linhas de atuação está diretamente ligada ao trabalho de conscientização junto às comunidades vizinhas à ferrovia. O trem tem prioridade nas passagens em nível porque é muito pesado e não freia como um automóvel”, pontua Uascar Carvalho, gerente geral de Faixa de Domínio e Interferências da MRS.
Segundo ele, atitudes simples podem ajudar a zerar o número de acidentes, como atravessar a linha férrea apenas em locais permitidos, não tentar passar na frente do trem quando a composição estiver se aproximando. “Enfim, a adoção do comportamento seguro”, aponta o gerente, lembrando as placas presentes em quase todas as travessias de nível pelo Brasil: pare, olhe, escute!
Apesar de considerar os números bons em relação a outros meios de transporte, a MRS lembra que os indicativos e o aumento de 10% nas ocorrências são “um alerta para os motoristas e pedestres que atravessam as ferrovias”.
Na região, além de Volta Redonda, que manteve o mesmo número de acidentes, e Barra Mansa, que teve a redução de uma ocorrência, Valença e Pinheiral apresentaram queda no número de acidentes, sendo que esta última cidade teve somente um acidente em 2017, contra cinco registros no ano anterior. Barra do Piraí foi o único município que teve número maior de acidentes, com dois registros em 2016 e três em 2017.
Em todo o trecho operado pela MRS a cidade mais problemática, de longe, é Juiz de Fora, em Minas Gerais, que teve 15 acidentes em 2017. Para se ter uma ideia, é quase o dobro de ocorrências da segunda colocada – Itaguaí, na Baixada Fluminense –, que contabilizou sete acidentes no ano passado.