No último domingo, 6, foi celebrado o Dia Estadual de Conscientização, Mobilização e Combate à Tuberculose. Celebrado pode ter sido, mas comemorado jamais. É que, apesar das campanhas, os números ainda preocupam. Em 2016, foram registrados algo em torno de 15 mil casos da doença e, deste total, 12 mil eram novos registros. “Muita gente não sabe, mas a tuberculose tem cura. O grande problema é que nem todos concluem o tratamento; nossa taxa de abandono, em 2016, foi de 11,4%. De acordo com a OMS, teríamos que ter essa taxa em, no máximo, 5%. O diagnóstico também é muito importante e os sintomas não devem ser negligenciados. Quem apresenta uma tosse persistente, há mais de 15 dias, deve procurar uma unidade de saúde perto de casa – explica o secretário estadual de Saúde, Luiz Antonio Teixeira Jr.
Um dos principais sintomas da tuberculose é a tosse seca ou contínua, no início da doença. Por isso, é preciso ficar alerta ao apresentar esse sintoma por duas semanas ou mais. Outros sinais frequentes são: cansaço excessivo, febre baixa, geralmente no final da tarde, suor noturno, dor no tórax, falta de apetite, emagrecimento, fraqueza e prostração, podendo ainda ocorrer escarro com sangue. “Para considerarmos a doença sob controle, temos de alcançar uma incidência de três casos por 100 mil habitantes, mas, em 2016, essa taxa ficou em 70 casos para 100 mil habitantes, fato que preocupa e precisa do engajamento de todos”, explica Ana Alice Pereira, coordenadora do Programa de Combate à Tuberculose da secretaria de Estado de Saúde.
O tratamento deve ser feito por um período mínimo de seis meses, sem interrupção. Geralmente, os pacientes que seguem as orientações médicas até o final são curados. Depois de 15 dias usando a medicação, os pacientes deixam de ser transmissores da doença, mas para evitar uma recaída e ainda o surgimento da forma resistente da doença, é essencial que o tratamento seja realizado sem interrupções e pelo período estabelecido pelo médico.
Tuberculose x Aids
Os soropositivos são mais vulneráveis à doença. Pessoas vivendo com HIV/Aids têm maior probabilidade de adoecer quando entram em contato com outra pessoa que esteja transmitindo a doença. “Sempre que a tuberculose é investigada em um paciente é necessário fazer o teste de HIV também. Muitas pessoas são soropositivas e a tuberculose se apresenta como a primeira doença, devido à sua baixa imunidade provocada pelo desenvolvimento da Aids”, explica Ana Alice.
A doença
A tuberculose é uma doença infectocontagiosa causada por uma bactéria, a Mycobacterium tuberculosis, conhecida também como bacilo de Koch. A bactéria afeta principalmente os pulmões, mas também pode atingir outros órgãos e tecidos, como as meninges, pleura, rins, gânglios, pele, olhos e aparelho genital (Tuberculose Extrapulmonar).
Tratamento longo
O tratamento é longo, com duração mínima de seis meses, e é muito importante que não seja interrompido. A interrupção do tratamento pode levar a recaídas da doença, com uma forma já resistente às drogas, cujo tratamento será mais prolongado (mínimo de 18 meses).
Prevenção
Para prevenir as formas graves da doença, como a meningite, por exemplo, é necessário imunizar as crianças obrigatoriamente, no primeiro ano de vida ou no máximo até cinco anos, com a vacina BCG. Crianças soropositivas ou recém-nascidas que apresentam sinais ou sintomas de Aids não devem receber a vacina. A doença não é transmitida através de objetos compartilhados, como copos, talheres e pratos. Ao tossir, espirrar ou falar, os doentes eliminam bacilos no ar e podem transmitir a doença. Em ambientes fechados, esses bacilos podem ser inalados por quem convive por muitas horas neste espaço.
Dia ‘D’ da Hanseníase
Se você tem manchas esbranquiçadas e avermelhadas dormentes ou sem sensibilidade na pele é bom ficar em alerta e procurar o quanto antes uma unidade básica de saúde. Ou um bom dermatologista. É que os sintomas podem indicar que você está com hanseníase, uma das doenças mais antigas da história e que ainda é um grande desafio para a saúde pública, embora tenha cura. Atualmente, 1.049 casos estão sendo tratados no estado, mas o número de pessoas com hanseníase pode ser ainda maior. A falta da busca ao tratamento contribui para o avanço silencioso da doença.
“O alerta está sendo feito. A população precisa desconfiar, ao primeiro sinal ou sintoma, e procurar um profissional de saúde para um diagnóstico correto. A oferta do serviço e o esclarecimento sobre a doença são fundamentais para desmistificar a hanseníase. Estamos trabalhando em conjunto com os municípios, orientando os profissionais de saúde para uma busca ativa e a diminuição real dos casos”, ressalta o secretário estadual de Saúde, Luiz Antônio Teixeira.
Cuidados com a doença
A hanseníase, antigamente conhecida como lepra, é uma doença crônica, infectocontagiosa, causada por um bacilo (chamado bacilo de Hansen) e afeta diretamente a pele e nervos periféricos, podendo levar a sérias incapacidades físicas, caso não diagnosticada e tratada precocemente. A transmissão se dá de pessoa a pessoa através, principalmente, de tosse e espirro, mas a doença tem cura por meio de tratamento com antibióticos e reabilitação física e psicossocial. A associação de medicamentos, denominada poliquimioterapia, é a prática mais indicada e está disponível no Sistema Único de Saúde. O paciente que segue o tempo e doses necessários do tratamento possui as chances de cura significativamente mais altas.
Em caso de dúvidas, basta ligar para o Telehansen 08000-26 2001 ou enviar uma mensagem para o ZapHansen no número (21) 979120108.
Tuberculose e Hanseníase em Volta Redonda
Segundo dados da secretaria de Saúde de Volta Redonda, atualmente a cidade registra 164 pacientes em tratamento. Detalhe importante: de janeiro a agosto foram registrados 132 casos novos de tuberculose.
A tuberculose, lembra Alfredo Peixoto, titular da pasta, é uma doença que tem cura. “O tratamento tem duração de seis meses, com repasse de medicações gratuitas pelo governo Federal, que são distribuídas pelo CDI (Centro de Doenças Infecciosas) e pode ser feito em todas as unidades de saúde. Volta Redonda está iniciando um processo de descentralização do diagnóstico de tuberculose”, pontua. “O objetivo é melhorar a captação e adesão dos pacientes ao tratamento, com identificação de sintomáticos respiratórios de forma precoce nas unidades de saúde”, reforça.
Quanto aos casos de Hanseníase, os números mostram que existem 16 pacientes em tratamento, sendo que de janeiro a agosto foram registrados 8 novos casos.