quinta-feira, outubro 3, 2024
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Novo delegado anuncia guerra ao tráfico de drogas

Delegado Vinícius Coutinho também conheceu a estrutura da Semop

Por Mateus Gusmão

Em pouco mais de 20 dias à frente da 93a DP de Volta Redonda, o delegado Vinícius de Mello Coutinho já tem um raio-x da segurança pública na cidade do aço: o vilão é o tráfico de drogas. Em entrevista exclusiva ao aQui, o delegado falou de suas prioridades comandando a principal delegacia do Sul Fluminense. Ele assumiu o cargo nomeado pelo secretário de Polícia Civil, Marcus Amim, em substituição ao delegado Fábio Asty, que ficou apenas duas semanas na cidade do aço.
Vinícius não é um desconhecido na região. Ele atuou como delegado adjunto da 90a DP, em Barra Mansa, durante cinco anos. “Por conta do trabalho, não dava para conhecer muito Volta Redonda. Mas, pelo o que a gente sabe, o maior problema dos municípios da região é especialmente o tráfico de drogas. Nossa expectativa é conseguir atender a demanda, melhorando nossos serviços administrativos e operacionais”, destacou o delegado, ressaltando que a delegacia atualmente conta com um número inferior ao necessário. “A Polícia Civil está com um concurso público aberto, e esperamos receber novos policiais em dezembro”, disse.
Questionado sobre os homicídios que ocorrem na cidade do aço, ele concorda com seus antecessores que a maioria estaria ligada a brigas entre traficantes. “Eu ainda não tenho como dar um diagnóstico, mas sabemos que a questão dos homicídios é, em sua maioria, ligada ao tráfico de drogas. Isso a gente percebe também conversando com outros delegados de unidades do Sul Fluminense”, destacou. “A gente está tentando aproveitar a mão de obra que é daqui. Os policiais que são de Volta Redonda fazem parte da nossa equipe de investigação, porque conhecem os locais, têm mais conhecimentos da área”, completou.
Vinícius ainda destacou que um dos seus objetivos comandando a 93a DP será a elucidação dos crimes que ocorrerem na cidade. “A nossa pretensão é elucidar casos de homicídios e de roubos. Queremos esclarecer esses crimes e apontar as suas autorias, para que os culpados sejam penalizados”, afirmou, ressaltando que a população pode ajudar comunicando o crime, entrando em contato como 190 e o disk- denúncia. “A gente espera que ninguém precise, mas a delegacia está de portas abertas para quem precisar. Somos parceiros da população”, disse.
Sobre descobrir quem andou cometendo crimes na cidade, a Polícia Civil já está atuando nesse sentido. Na semana passada, policiais da 93a DP prenderam um homem de 29 anos, suspeito de cometer um assassinato em 19 de setembro, na Praça José Roberto Pinho, no Volta Grande, em Volta Redonda. O setor de Inteligência da DP apurou que o suspeito teria vindo de Rio das Ostras, em um veículo de aplicativo, para cometer outro homicídio na cidade. Ele foi interceptado chegando no município e, na DP, confirmou a autoria do assassinato e acabou preso em flagrante.
Outro homicídio elucidado pela equipe da 93a DP foi o de Wellison de Melo Peixoto, 56, morto em 18 de setembro. Ele foi encontrado sem vida na cozinha da sua residência, no Vila Brasília. No primeiro momento, o caso chegou a ser tratado como suicídio. Mas, após investigações, a Polícia chegou à conclusão que Wellison foi morto a golpes de faca desferidos pela sua própria esposa. Ela foi presa na segunda, 6, e na delegacia confirmou a autoria do crime.
A pedido do aQui, o delegado analisou a reportagem publicada na edição 1379, dando conta da ousadia de traficantes de Volta Redonda em expor armas e drogas nas redes sociais, além de fazer ameaças a rivais. “Não penso que eles estejam mais ousados. Acho que essa exposição é uma característica dessa juventude, uma necessidade de querer se mostrar, aparecer. O que posso dizer, para não dar informações demais, é que estamos atentos e trabalhando em cima disso e dessas informações que estão nas redes sociais”, concluiu.

‘Grata surpresa’
Na terça, 7, a delegada Juliana Montes, que assumiu a Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher (Deam-VR), visitou as instalações da secretaria de Ordem Pública da prefeitura de Volta Redonda, sendo recebida pelo titular da pasta, PM Luiz Henrique. Juliana elogiou a estrutura que a prefeitura oferece às forças de segurança, como a Patrulha Maria da Penha e a cessão das imagens do Ciosp (Centro Integrado de Operações de Segurança Pública), que auxiliam na identificação de suspeitos de crimes.
“Estou muito satisfeita de poder trabalhar em Volta Redonda. E é uma grata surpresa conhecer toda essa estrutura da secretaria de Ordem Pública, do Ceam (Centro Especializado de Atendimento à Mulher) e tudo que se refere ao amparo à mulher. Já sabia que era uma cidade muito estruturada, mas, ao conhecer de perto, realmente foi uma grata surpresa. A violência doméstica ultrapassa, e muito, o crime e a questão policial. A gente precisa da atuação da sociedade e do Estado como um todo na proteção da mulher; antes e depois do atendimento policial”, afirmou Juliana.
Luiz Henrique deu as boas-vindas à nova titular da Deam e reforçou a integração entre as forças de segurança que, segundo ele, vêm trazendo resultados positivos para Volta Redonda. “É muito importante essa pessoalidade entre os gestores de segurança para fortalecer ainda mais a integração, de modo a entender as demandas da cidade. A Deam é uma marca de muito prestígio e que traz muita segurança às mulheres. Queremos auxiliar no que for preciso para uma pronta resposta às ocorrências de violência de gênero e doméstica”, ressaltou.

Mulheres negras, as maiores vítimas
A secretaria de Políticas Públicas e Direitos Humanos da prefeitura de Volta Redonda participou do Fórum de Lançamento do Dossiê Mulher, que, em mais de 240 páginas, apresenta dados importantes sobre o perfil dos agressores no estado do Rio e orienta a adoção de políticas públicas para a prevenção e o enfrentamento institucional da violência, tendo por base a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006).
Titular da pasta, Glória Amorim destacou a importância do documento. “O Dossiê Mulher é um instrumento importante para reflexão e ferramenta que auxilia na elaboração de políticas públicas para as mulheres. Não se faz projetos sem dados, e o Dossiê nos auxilia nesse processo”, relatou, apontando que a violência psicológica ficou em primeiro lugar no ranking da violência contra a mulher. “E essa violência, infelizmente, sempre leva ao feminicídio.” A chefe de gabinete da SMDH, Juliana Rodrigues, comentou os efeitos que o Dossiê Mulher pode ter no atendimento às mulheres vítimas de violência. “Tivermos 111 casos de feminicídio no estado do Rio em 2022, sendo que 60% são de
mulheres negras. O Dossiê nos mostrou que 14 mulheres sofrem violência, em média, a cada hora. Em se tratando de violência sexual, as mulheres negras também foram as mais vitimadas; em torno de 125 mil mulheres sofreram violência no estado, são números estarrecedores. Pelo segundo ano consecutivo, a violência psicológica é a que mais aparece nos dados registrados, e pela primeira vez foram divulgados os dados relacionados aos autores das violências, o que também é muito importante para que possamos conhecer o perfil dos agressores”, comentou.
Ela foi além. “O dossiê torna possível a nossa atuação de forma direcionada, e podemos desenvolver um trabalho mais consistente com base na realidade. O Fórum teve a participação de profissionais de diversos setores (assistentes sociais, delegadas, promotoras, juízas), e todas nós temos que conhecer o perfil das mulheres em situação de violência para realizar este atendimento com sucesso”, pontua. “Os atravessamentos e dinâmicas dos atendimentos para uma mulher negra são diferentes daqueles direcionados a uma mulher branca, que são diferentes dos destinados a uma mulher trans, assim como para uma mulher cis”, exemplificou.

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