Na manhã de segunda, 27, já com sol quente castigando Barra Mansa, prenúncio de tempestade mais à tarde (que ocorreu), o prefeito Rodrigo Drable, que passou mais de 48 horas internado na Santa Casa de Barra Mansa, por conta de um ataque de um cão da raça American Bully – e não pitbull, como chegou a ser noticiado –, concedeu uma entrevista exclusiva ao Programa ‘Bom Dia, Cidade’, comandado por Sérgio Mama, Rafael Moura e Marise Vieira. “Foi uma noite de terror”, resumiu, relembrando tudo que sofreu na noite do seu aniversário de 42 anos, que seria comemorado na sexta passada.
Drable confirmou, por exemplo, como o aQui noticiou com exclusividade nas redes sociais, que ele estava em casa, ao lado da família para comemorar a data. “Na sexta-feira eu trabalhei até tarde. Recebi minha mãe, meu pai, minha irmã e minha sobrinha para comer uma pizza na minha casa. Estávamos sentados comendo e conversando, quando, às 22 horas, tocaram a campainha. Tinha uma gritaria na rua, estava chovendo e não deu para ver o que era. Abri o portão e fui para a rua”, contou.
O prefeito foi além na conversa com Mama, Rafael e Marise. “Havia dois homens gritando e um senhor caído, com um cachorro comendo ele. O braço já estava com os ossos expostos, e eu fui para cima do cachorro para tentar tirar (o braço da boca do cão, grifo nosso). O cachorro pulou em cima de mim, tentou pegar meu pescoço, mas eu consegui segurar com a mão, ele mordeu meu
peito. Botei a mão dentro da boca dele e os dentes do cachorro atravessaram meu polegar. Ele mordeu muito, mordeu meu braço e mordeu muito o peito. Eu consegui abrir a boca dele, dei um chute, e o senhor que já estava solto deu um chute também e corremos. Nessa de correr, tinha uma pedra, joguei na cabeça dele e acertei bem no lobo frontal. Ele deu uma tonteada e foi o tempo de a gente chegar dentro de casa (quintal), mas ele foi para dentro também”, contou.
Sérgio Mama pediu mais detalhes. “Ele conseguiu entrar na sua casa, Rodrigo?”, indagou, obtendo a seguinte resposta: “Ficou na área externa. Meus cachorros (dois da raça Cane Corso, grifo nosso) impediram que ele fosse para dentro de casa. Do jeito que ele estava enlouquecido, minha porta da varanda de vidro, fininha, ele iria quebrar e entrar em casa. Meus cachorros o contiveram. A gente sangrou muito. Engraçado que o senhor que estava faltando um pedaço do braço não sangrava, a minha, que foi só perfuração, sangrou demais, me banhei em sangue”, contou.
‘O cachorro pulou em cima de mim’
Indagado se o vizinho atacado seria o dono do pitbull, Drable diz que não entendeu nada. “A gente conversou pouco, pois naquele terror estávamos com medo de o cão entrar na minha casa. Conversamos muito pouco. Ele só me contou que esse cachorro apareceu no quintal dele uns dois meses atrás e ele passou a alimentar o cachorro. Ele se relacionou com os outros cachorros que ele tem em casa e ele manteve (o American Bully). Naquela noite, parece que esse cachorro atacou alguém da rua, não entendi bem como, ele (o vizinho) desceu para socorrer e, nisso, o cachorro se voltou contra ele. Tem coisas que eu também não entendi, quando eu saí, a cena já estava montada”, relembrou.
Aos jornalistas do programa ‘Bom Dia, Cidade’, Rodrigo Drable falou sobre a sua ação heroica ao salvar a vida do vizinho. “Nós dois corremos riscos. O cachorro me atacou e ele (vizinho) acabou me ajudando também. Mas eu penso que, se eu não tivesse ido lá, realmente o cachorro iria comer ele todo”, reconheceu, sem se aprofundar muito no seu ato de heroísmo, passando a seguir a falar da experiência que tem para com animais. “O cachorro, na verdade, nem era pitbull. Era um American Bully, aquele pitbull musculoso. Eu tenho dois ‘Cane Corso’, que é um cão italiano de grande porte. A fêmea tem 60 quilos e o macho, 75. Parecem monstruosos, mas são dóceis. Eu acho que isso vai com a criação do cão, né? É claro que tem o temperamento, tem uma série de fatores. Eles são cães de guarda, apesar de serem muito dóceis comigo. São tratados como cães de guarda, eles têm horário, rotina. Quem quer ter um cão tem que primeiro conhecer, entender as necessidades do animal e tratá-lo da forma adequada. Os meus são extremamente obedientes, são cachorros treinados. Acho que a pessoa que se propõe a ter um animal desse porte, extremamente perigoso, tem que ter (oferecer) um tratamento adequado ao cachorro.
‘Nem era pitbull, era um American Bully’
Socorro
Na entrevista a Mama, Rafael e Marise, Rodrigo Drable acabou confessando que no bairro onde mora, o serviço de telefonia é de péssima qualidade. “Aqui em casa não pega telefone. É raro pegar, como agora, que estamos nos falando. Não fui eu que chamei as ambulâncias (uma do Samu e outra da Central de Ambulâncias), pois estava sem condição, mas vieram e nos levaram para a Santa Casa. Eu e o seu Ederson fomos atendidos lá muito bem, tomamos a vacina. Por sinal, a vacina é quase tão ruim quanto levar a mordida. Tomei uma em cada banda da bunda e está doendo até hoje. Você sabe que homem não tem resistência para agulha igual a mulher, né? Agulha para a gente é igual kryptonita pa- ra o Super-Homem”, comparou, brincando com a situação.
‘Joguei uma pedra e acertei bem no lobo frontal. Ele deu uma tonteada e foi o tempo de a gente chegar em casa’
Indagado se já estava totalmente recuperado, Drable contou que não. “No sábado (25) eu tentei voltar para casa, mas sangrou muito, de molhar a roupa, tive que voltar para o hospital. Ontem (domingo) o sangramento diminuiu bem, tive alta e estou em casa. Tenho que fazer repouso. Eu não sabia que ferida de mordida de cão não pode ser fechada com ponto porque é contaminada. Tem que cicatrizar aberta. Como no meu caso, as mordidas foram muito profundas, tem uma de 2 centímetros e meio, eu não posso fazer movimento porque senão sangra, então estou de repouso”, detalhou.
Na entrevista, Drable desmentiu a informação que correu na internet de que ele teria ido para a Santa Casa e o vizinho (Ederson Marcelino) para a UPA. Não foi bem assim. “Fui muito bem atendido na Santa Casa, eu e o seu Ederson, um do lado do outro, muito bem atendidos. Ele está em uma situação muito mais complicada do que a minha. Para salvar o braço dele, terá que ser feito enxerto e ele vai ter todo o atendimento. A minha é muito mais simples, mas não posso fazer esforço porque volta a sangrar. Tem que esperar alguns dias para cicatrizar e esperar que não tenha hemorragia, porque perdi muito sangue, para não infeccionar”.
Outra novidade revelada por Drable aos jornalistas do ‘Bom Dia, Cidade’ é que o cão teria morrido. “Quando ele entrou na minha casa, meus cachorros o cercaram e ele correu para o lado da piscina e caiu na piscina. Ele se afogou, ficou no fundo da piscina e ninguém viu. Ele ficou afogado na piscina, e os meus cães ficaram latindo do lado de fora; a gente não sabia o que era. Fomos ver depois que o animal estava no fundo da piscina. Foi uma coisa horrível”, pontuou.
‘Meus cães o cercaram e ele caiu na piscina’
Antes de encerrar, Drable falou sobre o vizinho, a quem salvou. “É uma pessoa muito agradável, muito simpática. Tenho pouco contato com ele, só de “oi”, “boa tarde”, “boa noite”. Um cara muito simpático, sempre o vejo trabalhando, chegando de casa e saindo, um homem trabalhador. Coitado, ele sofreu muito, ainda vai ficar ali dentro (hospital) bastante tempo, estava com o osso exposto. Se eu não tivesse chegado lá, o cachorro iria comer ele”, finalizou.