Por Vinícius de Oliveira
A população de Volta Redonda está revoltada com a Light. E com razão. É que sempre no período de chuvas a empresa não consegue manter os serviços de emergência e manutenção funcionando a contento. “Basta escurecer o céu que a luz acaba”, ironiza um dos moradores do Parque do Contorno, que reclama de viver no breu. Não é só ele. Quem mora no Complexo do Santo Agostinho (Volta Grande II, III e IV, Parque São Jorge) e Santa Cruz amarga picos constantes de luz. Na Vila, Aterrado e Jardim Amália também. “Na quarta (31), dia de sol quente, a luz ficou piscando várias vezes. É dose”, esbravejou outro cliente, que mora no Jardim Normândia, inconformado com os transtornos e prejuízos financeiros que a Light vem gerando em Volta Redonda.
Segundo o Procon local, embora as quedas de energia prolongadas não sejam registradas diretamente, tem havido um aumento nas solicitações de indenização por danos em equipamentos devido a picos de energia. “Não é possível apontar quais bairros são os mais afetados. Essa demanda de falta de energia por longo período em bairros ou ruas acaba não chegando até o Procon. Mas o que tem aumentado é a solicitação de indenização por danos em equipamento por picos de energia”, explicou um representante da instituição, sem revelar o número exato.
A falta de eficiência da Light, especialmente nos dias de chuvas, tem gerado tantos transtornos que o Procon de Volta Redonda se viu obrigado a acionar a empresa, e o problema foi discutido há 15 dias. “Pontuamos o problema de deficiência da concessionária principalmente neste período de chuvas constantes. Acertamos um canal para facilitar os pedidos de reparo de equipamentos e prejuízos comprovados”, garantiu o representante do Procon.
Daqui a um ano, o contrato que garante a Light o direito de distribuição de energia elétrica no território fluminense chegará ao fim, e a concessionária quer renová-lo, mas uma dívida de cerca de R$11 bilhões põe em risco as negociações. Para o vereador Rodrigo Furtado, conhecido por sua atuação contra a Light, a empresa não tem a menor condição de continuar prestando o serviço. “A empresa está em recuperação judicial. Está tentando estender o contrato de concessão por mais 30 anos, sem ter condições de prestar esse serviço. A população tem pagado caro essa falta de compromisso. Ela deve criar mecanismos para que o serviço seja ininterrupto, para não deixar os usuários que pagam a conta sem energia”, justifica.
Rodrigo destaca ainda a importância de uma atuação mais dura do poder público. “A prefeitura deveria produzir uma carta de repúdio reclamando que o serviço não é suficiente e a empresa não atende a contento. No Rio, esse problema é crônico. Não investiram e pegaram na época das vacas gordas. A Light é campeã de reclamatórias nos juizados especiais e na justiça comum por conta desse serviço inadequado que é prestado. As empresas fazem o que querem, porque não tem fiscalização”, disparou.
“Imagina quem depende de aparelhos eletrônicos dentro de casa. Um dependente de home care pode até morrer se ficar muito tempo sem energia elétrica. E, em casos desse tipo, é a Light quem deve ressarcir o prejuízo. Nesse quesito, o Código de Defesa do Consumir em seu artigo 14 é claro: o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”, completou.
NOTA DA REDAÇÃO: Procurada pelo aQui, a Light informou que as quedas de energia estão relacionadas aos temporais, vendavais, queda de árvores e galhos na rede. E ainda por causas como interferências de animais e erosão. Os bairros mais afetados seriam Vila Americana, Santo Agostinho, Volta Grande e Água Limpa, em Volta Redonda; e Moinho de Vento e adjacentes, além do distrito de Amparo, em Barra Mansa.
Acerca dos pedidos de indenização, a Light diz não ter recebido do Procon nenhuma solicitação em janeiro deste ano em Barra Mansa. Já em Volta Redonda, a empresa afirma, registrou 30% a menos de reclamações em janeiro de 2024, em comparação com o mesmo período do ano passado. Por fim, a Light garante que realiza inspeções e manutenções preventivas de forma periódica nas linhas de distribuição que atendem aos dois municípios, além de atuar com podas de árvore e serviços de rede para melhorar a qualidade do fornecimento de energia aos clientes