sábado, setembro 7, 2024

Nas alturas

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Por Roberto Marinho

Como se não bastasse ter que pagar por uma das gasolinas mais caras da região, os motoristas de Volta Redonda agora enfrentam uma alta no preço do GNV, combustível que até então era a alternativa mais barata. Principalmente depois da famigerada greve dos caminhoneiros, que na prática só teve como resultado, além dos imensos transtornos, a alta mais absurda da gasolina nos últimos tempos, com o combustível batendo na casa dos R$ 5.  

 

O preço do GNV, por exemplo, nos postos de Volta Redonda está em R$ 3,19, bem mais caro que a média nacional das últimas quatro semanas, apurada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), que é de R$ 2,68 por metro cúbico. O preço médio em Volta Redonda também é maior que o cobrado no estado do Rio, de R$ 2,62, conforme mostra levantamento da ANP. A média na cidade do aço, de acordo com a agência governamental, é de R$ 3,02.

 

“Desse jeito, vamos ter que mudar de cidade para abastecer o carro”, reclama Mário Albuquerque, que usa GNV no seu carro. Ele tem razão. Em cidades paulistas, como Queluz, Cruzeiro, e Bananal, mais próximas de Volta Redonda, o valor é bem inferior ao que é cobrado nos postos do município. “Em São Paulo nós podemos abastecer a R$ 1,98”, disse um leitor do aQui, que fez questão de publicar uma foto no do Facebook para provar que estava dizendo a verdade. Para protestar também. “Em Volta Redonda está a R$ 3,19, ou seja, está R$ 1,21 mais caro”, reclamou. “Já está quase igual ao preço da gasolina”, ironizou.   

 

O que ele não sabe é que sua reclamação tem tudo para não dar em nada. É que a ANP tratou de tirar o dela da reta, ao ser questionada pelo aQui sobre o aumento do GNV em Volta Redonda. Em email enviado à reportagem, a assessoria de comunicação da ANP informou que “não faz controle de preços” e por isso não poderia influenciar no preço do combustível nas bombas.

 

Indagada sobre a possibilidade da existência de um cartel do GNV – já que, assim como no caso da gasolina, o preço varia muito pouco entre os postos da cidade -, a ANP repetiu o que já havia dito ao Ministério Público Federal e à Câmara Municipal: “Recentemente a ANP fez análise do comportamento dos preços dos combustíveis líquidos e não encontrou indícios de cartel”. Pois é, acredite quem quiser.

Defesa do consumidor

Resta então aos motoristas de Volta Redonda que se sentirem prejudicados recorrer ao Procon, órgão de defesa do consumidor. Mas o que exatamente o Procon pode fazer nestes casos? De acordo com o coordenador do órgão, Alexandre Masse, o Procon pouco pode fazer sozinho, mas a pressão de uma série de denúncias pode ajudar reverter o quadro. “O Procon não pode multar os postos, não tem poder para isso, mas as denúncias da população podem fazer a diferença. Como foi no caso da greve dos caminhoneiros, quando identificamos os postos que estavam cobrando preços abusivos e os órgãos competentes realizaram a fiscalização”, explicou.

De acordo com Alexandre, as denúncias devem ser embasadas, com data, hora, o preço cobrado e o nome do posto. “A denúncia deve ser consistente”, dispara, garantindo que a tendência de alta do preço do GNV ainda não havia sido detectada pelo Procon. Mas acrescentou que, a partir das informações prestadas pelo aQui, iria montar uma operação de fiscalização nos postos existentes em Volta Redonda.

 

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