A CSN bem que tentou mudar a jornada de trabalho dos metalúrgicos da Usina Presidente Vargas, mas não conseguiu. Não desta vez. Na terça, 26, os operários do turno de revezamento da UPV participaram de um plebiscito na Praça Juarez Antunes e votaram não contra a volta do turno de oito horas. Foram 2.045 votos contra 1.153. O resultado já foi encaminhado à direção da empresa. “Este resultado deixou clara a posição da maioria dos metalúrgicos em não abrir mão do turno de 6 horas. O Sindicato permanecerá junto com os trabalhadores sempre na luta pelo interesse da maioria”, garante Silvio Campos, presidente do Sindicato.
Esta não foi a primeira vez que o Sindicato dos Metalúrgicos consultou os trabalhadores da CSN sobre o turno de 6 horas. Em 2008, houve um primeiro plebiscito que pôs fim aos acordos que pagavam valores baixos como compensação para a permanência do turno de oito horas na UPV. Na época, a CSN praticava jornadas com intervalos de apenas meia hora para a refeição, o que acabou gerando inúmeros processos trabalhistas e indenizações que hoje já estão sendo pagas aos trabalhadores que sofreram com o problema.
O que está por trás?
A Lei 13.467/2017 que instituiu a Reforma Trabalhista entra em vigor a partir no dia 11 de novembro. Na prática, se a CSN não conseguir negociar a volta do turno de oito horas até esta data, dificilmente conseguirá após ela. A própria Constituição prevê o turno de 6 horas por ser um risco ergonômico, uma insalubridade, e só admite sua alteração por meio de norma coletiva. Os trabalhadores do turno de revezamento da CSN não querem a mudança na jornada e isto ficou claro no plebiscito da terça, 26.
Na prática, os operários sabem que o acréscimo de duas horas no turno acarretará na extinção de uma letra, gerando demissões em todos os setores da usina e, por consequência, um aumento no número de acidentes de trabalho. O Sindicato também tem consciência disto, por isto defende a permanência do turno de 6 horas e o fim da tentativa de a CSN negociar qualquer mudança neste sentido.