‘Não houve dolo’

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Roberto Marinho

Na sexta, 2, o ex-prefeito Neto recebeu alguns dos caciques do MDB e partidos aliados, como o DEM. Na mesa, os famosos quitutes de D. Munira. E entre um quibe e outro, trataram da candidatura de Neto a governador. Ou a de Eduardo Paes, ex-prefeito do Rio, tendo Neto de vice e Cesar Maia, outro ex-prefeito do Rio, como candidato ao Senado. Ou ainda a da chapa Cesar Maia e Neto, caso Eduardo Paes rompa com o grupo, o que é pouco provável. 

 

Arrumando as peças do jogo estavam o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (pré-candidato do DEM à Presidência, grifo nosso), o governador Luiz Fernando Pezão, o secretário estadual da Casa Civil e Desenvolvimento Econômico, Christino Áureo, os deputados federais Deley de Oliveira e Laura Carneiro, além de 13 prefeitos do Sul Fluminense, e o prefeito de Campos, Rafael Diniz. Ou seja, foi conversa de gente grande.

 

Durante a semana, em entrevista exclusiva ao aQui, sobre o convite feito por Rodrigo Maia, com aval de Pezão, o ex-prefeito Neto não disse nem que sim nem que não. Mas se mostrou agradecido. “Primeiro, eu fico muito feliz, porque é o reconhecimento de uma trajetória política. Mas não é o que eu quero. O que eu quero é ajudar o Rio de Janeiro a sair dessa situação, e acho que estou ajudando um pouco, eu e minha equipe”, disse ele, completando: “A vontade política do Rodrigo é que o Eduardo Paes saia para governador, comigo de vice, e o César Maia para senador. Não disse que aceito, não aceitei nada”, despistou.

 

Neto também considerou a presença de tantos prefeitos – menos Samuca Silva, como ele mesmo frisou – como um sinal do prestígio que tem. “Fiquei muito feliz, porque todos os 13 prefeitos que eu convidei foram, com exceção do Samuca”, pontuou.

 

Outra especulação é se o ex-prefeito de Volta Redonda conseguiria ser candidato por ter tido as contas municipais de 2011 e 2013 rejeitadas pelo TCE e pela Câmara. Neto aposta que consegue, e já tem a defesa na ponta da língua. “Diversos prefeitos já foram candidatos a outro cargo eletivo, mesmo tendo as contas rejeitadas. Existe a tese de que, se não há dolo, não se torna inelegível. Vou bater nessa tecla. Existem vários exemplos: o José Luiz Anchite (prefeito de Barra do Piraí), o Zito (Prefeito de Duque de Caxias), e outros”, disse, ressaltando que isso não quer dizer que ele aceitou ser candidato a vice-governador. “Não estou dizendo que sou candidato, mas as fontes jurídicas que consultei dizem que a tese é válida. Então eu acredito que tenho chance de conseguir ser candidato”, ponderou Neto.

 

Ele vai além. Confessa que já entrou com um pedido de reconsideração no TCE sobre a rejeição das suas contas. E adianta que o que o preocupa mesmo seria uma ação do Ministério Público. “Tem a ação do Ministério Público sobre as contas de 2011, que é um pouco mais pesado”, disse, garantindo que a alegação de que ele teria remanejado mais que os 30% permitidos por lei não procede. “Existe uma lei no Orçamento Municipal que quando o remanejamento é na mesma secretaria, pode ser feito. Eu ainda provei que outros 19 municípios tiveram o mesmo problema, mas só as contas de Volta Redonda foram rejeitadas”, avaliou Neto, que já disse em mais de uma ocasião que os conselheiros do TCE – vários deles presos por corrupção – não gostariam dele porque “é honesto”.

 

Outro ponto da rejeição das contas, a não aplicação do percentual mínimo na Educação, também foi rechaçado por Neto. “Não levaram em conta o que eu gastei no Furban, que sempre usei para a reforma de escolas. E eu ainda provei que os cálculos deles estavam errados”, apontou o ex-prefeito, que completou: “Eu não roubei, não fiz nada de ilegal. Estou confiante que tenho chance de vencer isso”, pontuou.

A pedidos

Que os adversários torcem para que Neto se torne realmente inelegível, não é segredo para ninguém. E que ele é um dos candidatos mais fortes que a região tem, também não. Tanto é que assim que a notícia sobre uma possível candidatura a vice-governador começou a circular nas redes sociais, os maiores apelos dos internautas eram para que Neto fosse ele próprio o candidato a govenador, e, claro, voltasse a ser prefeito de Volta Redonda.

 

Apesar de se mostrar agradecido com a recepção de boa parte do público – claro, tem gente que o rejeita para qualquer cargo – Neto afirma que “ainda” (grifo nosso) não se decidiu sobre a candidatura.  “Me deixa muito feliz o pessoal me pedindo para ser governador, ao invés de vice. Gente pedindo para voltar a ser prefeito de Volta Redonda eu ouço todo dia, em todos os lugares que eu vou. É cedo ainda, temos que vencer uma etapa”, avaliou.

 

Mas, para quem quer descobrir para onde o coração de Neto aponta – Palácio Guanabara ou Palácio 17 de Julho – ele deu uma pista. “Não tenho a empolgação de ser candidato a vice do Eduardo Paes. Vou ajudar, independente de ser vice ou não. Até porque acho que é o melhor para o Rio”, afirmou, referindo-se ao ex-prefeito da cidade maravilhosa.