Ao participar da tão sonhada obra de conclusão da Rodovia do Contorno, iniciada há quase três décadas – uma verdadeira ‘novela mexicana’ –, o prefeito Samuca Silva estava decidido a assumir o trecho da BR-393 que passa por Volta Redonda. Chegou a ajudar as autoridades a concluir a obra da rodovia federal esperando que pudesse municipalizar, com urgência, o trecho que passa, principalmente, pela Avenida Getúlio Vargas até a Passagem Superior da CSN. Até hoje não conseguiu.
Culpa, ele não tem. O engraçado é que, segundo uma fonte do aQui, um dos culpados por Samuca não assumir o trânsito a ser entregue à prefeitura de Volta Redonda seria justamente o prefeito de Barra Mansa, Rodrigo Drable, que também deveria ter interesse em participar do projeto de municipalização do trecho da BR que passa pelo seu município, mais precisamente pela região do 9 de Abril, até chegar à Via Dutra. “Ele não tem interesse”, dispara a fonte, pedindo que seu nome não seja revelado. “Ele (Rodrigo) não tem recursos para assumir este serviço extra”, justificou.
Ao ser procurado para confirmar a informação, o prefeito Samuca Silva desconversou. Disse apenas que já teria tentado marcar uma reunião com o prefeito de Barra Mansa para que os dois fossem a uma reunião (!) com a direção do Dnit para tratar do caso. “Estamos esperando a resposta dele (Rodrigo)”, acrescentou.
Brigar pela municipalização
Em entrevista a Betinho Albertassi, que comanda o programa Fato Popular, um dos melhores da região, Samuca chegou a dar detalhes do caso. Inicialmente, ele destacou que nada pode fazer enquanto o trecho da BR-393 não for municipalizado. “Todo o trecho do Porão (antiga boate) até o Santa Inês compete a Volta Redonda e até a Via Dutra compete a Barra Mansa. Nosso trecho é maior, o de Barra Mansa tem cerca de 3 km. É importante falar com a população, claramente, que esse trecho é um trecho federal. É do governo Federal com a atuação da Polícia Rodoviária Federal, e a prefeitura de Volta Redonda, assim como todo cidadão, segue as ordens dos órgãos federais”, pontuou.
Samuca foi além. “Eu, como prefeito, vejo que a melhor estratégia para esse trecho, depois da inauguração da Rodovia do Contorno, seria mesmo a municipalização. Aquilo pertence a Volta Redonda. Nós não podemos ir contra as regras legais e enfrentar (o governo) seria um populismo que não condiz com a minha personalidade. Ali é um trecho federal; o que nós podemos é brigar pela sua municipalização”, ponderou, para logo a seguir dizer que já apresentou a reivindicação. “É o que tenho feito. Já me manifestei junto ao Dnit, e terei uma importante reunião para (tentar) sensibilizar a prefeitura de Barra Mansa”, disparou, sem citar o nome de Rodrigo Drable. “Só teremos benefícios com a municipalização. Exemplo: todo aquele trecho será nosso, a gerência será nossa. Podemos, por exemplo, diminuir o fluxo de veículos e carretas, estabelecendo horários (para que passem), pois vai ser um trecho municipal. Será vantajoso para todos e para a cidade”, disparou Samuca ao programa Fato Popular, da Rádio 88FM, na manhã de terça, 12.
Antes de encerrar o assunto, Betinho questionou Samuca (o que poucos radialistas fazem) sobre os pontos negativos da municipalização do trecho da BR-393 que passa por Volta Redonda e Barra Mansa. Veja a resposta do prefeito: “ Essa é uma conversa nova. Eu fiz vários contatos junto ao Dnit, desde que no ano passado a Polícia Rodoviária Federal passou a coibir o estacionamento dos carros ao longo da rodovia, ali na Vila (nas proximidades do Sider Shopping) e no Centro (ao longo da Avenida Getulio Vargas). O próximo passo é ir até o Rodrigo (Drable) para que possamos conversar e somar forças. O Dnit já disse que quer entregar esse trecho aos municípios, só que nós precisamos desenhar isso. Não dá para fazer uma municipalização sem planos estratégicos. Eu tenho certeza que teremos boas notícias, pois eu defendo essa municipalização há muito tempo. A cidade de Volta Redonda pode contar comigo nessa briga”, prometeu.
Barra Mansa
Procurado pela reportagem do aQui para falar do caso, até ontem, sexta,15, o prefeito de Barra Mansa não tinha se pronunciado.