A cada 10 promessas de fim de ano, pelo menos seis são associadas à perda de peso: vou fazer dieta, entrar na academia, parar com a cerveja, caminhar três vezes por semana, e por aí. Mas, terminado janeiro e (quase) fevereiro, muita gente nem começou. A falta de força de vontade tem uma explicação científica: o emagrecimento não é uma questão de mudança de data e sim da maneira de pensar. E é esta transformação que a ciência chama de mudança cognitiva. Para especialistas, é preciso colocar a cabeça a favor do processo de emagrecimento.
A novidade é que, em Volta Redonda, os gordinhos podem contar com a ajuda de especialistas em Terapia Comportamental Cognitiva (TCC). A técnica tem dado evidências de seu papel coadjuvante no tratamento da obesidade. O aQui foi atrás destes especialistas e encontrou o grupo denominado NutriAção, formado por psicólogos e psicoterapeutas, que ajudam as pessoas a emagrecer, mudando não apenas a alimentação e os hábitos físicos dos pacientes, mas principalmente a forma como lidam com a comida na mente.
“Na abordagem cognitivo-compor-tamental, orientamos a mudança dos pensamentos em relação à comida. Trabalhamos para modificar a forma que as pessoas percebem e lidam com o ato de comer, promovendo, em conjunto, uma mudança comportamental em relação à alimentação”, resumiu a psicóloga e terapeuta cognitivo-comportamental Sacha Alvarenga Blanco, coordenadora do NutriAção. Segundo ela, o Grupo tem “como missão ajudar as pessoas que precisam modificar a relação com a comida e aprender a controlar a ansiedade na hora de comer”.
Para Sacha, a pessoa pode até conseguir emagrecer apenas diminuindo as calorias e se exercitando, mas a manutenção do peso perdido só ocorre se houver uma mudança na forma de pensar. Mesmo quem se rende às dietas da moda – jejum, das luas, dos chás, dos médicos de sobrenome importante, das celebridades, tem consciência que, no fundo, as regras para ver o peso na balança cair passam pela mudança na cabeça. “Buscamos uma nova relação com a comida, ensinando a conhecer os sinais do corpo, em busca de equilíbrio”, comentou.
Na página da internet do NutriAção, questões como “Se você já sofreu com dietas restritivas e engordou tudo de novo; se você sente frustação por não conseguir emagrecer; ou mesmo se você faz farras alimentares e depois fica mal humorado, se sentindo cansado”, funcionam como um atrativo para que a pessoa se renda ao método. E ele parece ser realmente eficaz. Afinal, o grupo busca ajudar os participantes a ter uma nova relação com a comida, ensinando-os a conhecer os sinais do corpo, em busca de equilíbrio.
Em entrevista ao aQui, Sacha explicou ainda sobre o coaching nutricional – uma espécie de ‘carruagem’, que tem a função de levar o cliente do estado atual para o desejado. Atualmente, o NutriAção trabalha com este coaching. “É um processo para acompanhar suas metas e ajudar a conquistar objetivos. Sejam eles de emagrecer, de se reeducar ou driblar as dificuldades específicas, como a compulsão alimentar ou a superação de alguma dificuldade emocional”, explicou, acrescentando que a ideia é levar o participante a sair de sua zona de conforto e visualizar os resultados.
Sacha explicou ainda que o diferencial do método utilizado pelo Grupo, em relação a tantos outros existentes por aí, é que os profissionais trabalham com a formação de pensamento dos participantes. Além, claro, da formação de novos hábitos, educação do paladar, reeducação alimentar, mudança de comportamento, diferença entre fome física e fome emocional. “Nós trabalhamos com a implementação de ações e Implementação de ações e estratégias para alcançar resultados desejados, através de metas, fazendo a pessoa redescobrir seus valores, habilidades e autoestima.
Consciência do Problema
Muitas pessoas que estão acima do peso acabam se rendendo a dietas mirabolantes, tomando remédios perigosos ou se exercitando excessivamente nas academias, sem qualquer indicação médica. Dificilmente estas pessoas procuram um acompanhamento psicológico para vencer o problema da obesidade. Não é por acaso que na equipe médica multidisciplinar para pacientes pré e pós bariátricos (redução de estômago) é obrigatória a presença do psicólogo ou do psiquiatra, que não permite – ou pelo menos não deveria permitir – a realização da cirurgia antes de um acompanhamento minucioso do paciente. O protocolo é justamente para prepará-lo para comer bem menos do que ele estava acostumado.
Ainda de acordo com Sacha, as atividades em grupo ajudam, e muito, no sucesso do emagrecimento e da manutenção do peso. “As pessoas na mesma situação acompanham o esforço do outro. Na verdade, quando comemos por emoção, por muitas vezes comemos além do que realmente nosso corpo precisa, e esse tipo de situação pode nos levar a um sentimento de culpa. Acreditamos que a relação com a comida pode e deve ser saudável, porque comer, além de nutrir, está relacionado com prazer e socialização”, comentou.
O Grupo NutriAção funciona na Drogaria Galanti, na Vila Santa Cecília e atende cerca de 15 pessoas, em oito encontros (dois meses), sempre às quartas-feiras, de 19 às 20h30min. Segundo Sacha, no primeiro grupo, os participantes tiveram uma perda abdominal de 64 cm em conjunto – sem remédios, apenas com a retomada da consciência. “Temos resultados positivos de emagrecimento duradouro e sustentável, com melhora na relação com a comida e a manutenção do peso”, concluiu.