Por Roberto Marinho
Você sabe qual o risco de sair dirigindo pelas ruas de Volta Redonda, Barra Mansa e Resende e usar um celular para falar ao mesmo tempo com a mulher, namorada ou mesmo a sogra? A 50 quilômetros por hora, por exemplo, você vai dirigir “às cegas’ (sem enxergar nada) por 42 metros. O equivalente a uns dez carros à sua frente. A 60 km/h, você vai percorrer a distância ocupada por 15 carros, sem ver nada, nadica de nada.
Isso considerando o tempo médio de três segundos que se usa o celular ao volante, levantado em uma pesquisa do Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e Segurança Viária), localizado em São Paulo. Parece pouco, não é? Mas é o suficiente para percorrer as distâncias acima totalmente às cegas, sem tempo para reagir a uma freada do carro da frente, ou desviar do veículo que mudou de faixa, ou, pior, evitar um pedestre que esteja atravessando a rua, mesmo que no lugar apropriado. Afinal, lembre-se, você está dirigindo sem ver, já que está com olhos grudados ao celular, mesmo que seja por míseros três segundos.
Assustador, não? Ainda assim muita gente continua insistindo nesse hábito arriscado, tanto é que, só em Volta Redonda, 1.162 pessoas foram multadas por embarcarem nessa furada, segundo os dados mais recentes do Detran-RJ, que são de 2016. Em Barra Mansa, no mesmo ano, as multas por uso de celular ao volante chegaram a 1.327. Em Resende, foram aplicadas 1.093 multas. Nas três maiores cidades do Sul Fluminense, o uso do celular ao volante está entre as 10 infrações de trânsito mais registradas.
Tem mais. No ano de 2016, só em Volta Redonda 21 pessoas morreram e 269 outras ficaram feridas em acidentes de trânsito em geral (ver foto). Em Barra Mansa, os números também assustam: foram 10 vítimas fatais e 130 feridos. Em Resende, 15 pessoas morreram devido a acidentes de trânsito e outras 15 ficaram feridas.
No Brasil inteiro a situação não é diferente. Segundo a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego, o uso de celular é a terceira maior causa de acidentes no trânsito, atrás somente da embriaguez ao volante e excesso de velocidade. Ao todo, são cerca de 150 mortes por dia; quase 54 mil por ano. Tristeza e prejuízo seguem na esteira desse péssimo hábito, que em 2016 passou de infração média para gravíssima no CTB (Código de Trânsito Brasileiro). Com isso, o motorista perde 7 pontos na CNH e paga uma multa de R$ 293,47.
A punição mais severa pode até ajudar, mas órgãos como o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) apostam que é o investimento na educação dos motoristas que realmente pode fazer a diferença, reduzindo o número das infrações. A estratégia tem o apoio da especialista Roberta Torres, mestre em Segurança no trânsito do grupo Tecnowise – que usa a tecnologia para projetos de educação e segurança no trânsito.
“É preciso investir em três frentes: educação, engenharia e fiscalização. Especificamente na área da educação, é importante que tenhamos o tema sendo debatido dentro das escolas, de maneira transversal, junto com outros conteúdos. Precisamos melhorar a formação dos condutores e o simulador é um elemento importante para isso”, diz Roberta, completando: “Temos que investir também em campanhas educativas permanentes”.
A questão também é tratada nos Centros de Formação de Condutores (CFCs), com o uso de simuladores para apresentar as situações de risco com o uso do celular. De acordo com as informações da Tecnowise, estes tipos de simuladores já estão presentes em vários CFCs da região, sendo cinco em Volta Redonda, três em Barra Mansa, e dois em Resende. O custo do equipamento é equivalente ao de um carro popular, mas os centros também podem optar por usar o simulador em regime de comodato, onde só são pagas pelos CFCs as aulas realizadas no equipamento, sem a necessidade da compra.