Mandou bem

Trabalhadores da UPV aprovam proposta da CSN

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Por Pollyanna Xavier

Na semana em que a CSN estava completando 83 anos de fundação, o Sindicato dos Metalúrgicos deu um banho de liderança em três momentos diferentes. Primeiro, quando negociou o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT 2024/25) antes mesmo do vencimento da data base, 1o de maio. O feito é inédito na relação empresa x sindicato. Segundo, quando conseguiu a promessa da CSN de voltar com o Programa de Participação nos Resultados (PPR), que há uns bons anos foi substituído pelo abono salarial e, desde então, não contempla os valores esperados pelos trabalhadores. E, terceiro, porque parece ter reconquistado a confiança do trabalhador, que aprovou – maciçamente – a proposta da direção da CSN.
Tem mais. O G5 fez tudo isso sem Edimar Miguel, ex-presidente do Sindicato, e seus apoiadores. Edimar até esteve na Praça Juarez Antunes na quarta, 10, data da votação da proposta da CSN, mas, pasmem, não usufruiu do seu direito de votar como todo ‘homem de aço’. Três dias antes, o ex-líder sindical ajuizou uma ação, com pedido de tutela antecipada (liminar), para cassar a liderança do G5 e retomar à presidência. O juiz da 3a Vara do Trabalho de Volta Redonda, Thiago Rabello, indeferiu o pedido e marcou audiência para o final de abril, a fim de ouvir as partes e entender o imbróglio.
O objetivo da ação de Edimar é cancelar a reunião do dia 29 de fevereiro, que promoveu mudanças profundas na executiva do Sindicato, trocando de função todos os diretores, exceto
Leandro Vaz, que, por ser o único advogado do grupo, permaneceu na diretoria jurídica. Edimar foi retirado da presidência e colocado na secretaria por Local de Trabalho – cargo que não ocupou até hoje. Para a presidência, entrou Odair Mariano, até então vice de Edimar. À Justiça, Edimar declara ter sido vítima de um golpe e reivindica o retorno da executiva, tal qual foi eleita em 2022.
Já o objetivo da liminar pleiteada era reassumir a presidência do Sindicato para comandar o acordo coletivo dos trabalhadores da CSN. A intenção está expressa na petição inicial, à qual o aQui teve acesso. “O Sindicato, que tem base em 1o de maio, está em plena campanha salarial. Quem deve conduzir a campanha é o Presidente eleito!!!”, diz um trecho do documento, que traz a palavra presidente com a primeira letra em maiúscula, precedida de três pontos de exclamação.
O texto vai além. Diz que 65 mil metalúrgicos da base do Sindicato estariam “expostos pelo procedimento ilícito praticado pelo G5”, o que, para Edimar, é “inadmissível” e representa “um dano de difícil reparabilidade”. A preocupação do ex-líder sindical, expressa nos autos, é a de que “quanto mais o tempo passa, menor será a sua força” junto à categoria. Errado, não está!
A defesa de Edimar vai além. Garante que os trabalhadores da CSN estariam “sem a efetiva representatividade nas negociações coletivas”, o que indicaria um prejuízo à base. O tal prejuízo estaria no fato de que, para Edimar, as negociações para a renovação do ACT já deveriam ter começado “com evolução no dia a dia, até a data base, que termina em pouco mais de 20 dias” (o documento foi protocolado na Justiça do Trabalho no dia 8 de abril). Ironicamente, dois dias depois, as negociações do ACT 2024/25 dos trabalhadores da CSN já estavam encerradas, com aprovação maciça da proposta da CSN.
Sobre a audiência marcada pelo juiz do Trabalho, a agenda prevista é 25 de abril, às 12h, na 3a Vara do Trabalho de Volta Redonda. As partes – Edimar e G5 – devem se enfrentar perante o juiz, mas dificilmente farão algum acordo.

ACT aprovado
Os trabalhadores da CSN aprovaram, na quarta, 10, a proposta da empresa para a renovação do acordo coletivo 2024/ 25. Um total de 5.749 metalúrgicos passaram pela Praça Juarez Antunes, e 4.140 deles concordaram com a oferta da CSN, enquanto 1.598 rejeitaram. Na apuração, foram contados ainda seis votos brancos e cinco nulos. Com a aprovação, quem ganha até R$ 5 mil de salário receberá um reajuste de 3,4%, e para quem ganha acima deste valor, o percentual será de 2,4 % – a partir de 1o de maio. A CSN se comprometeu também ao pagamento de um abono de 1,7 salário, que será creditado na conta do trabalhador já na segunda, 15. A novidade é que a PPR voltará a ser distribuída a partir de 2025.
Após a apuração dos votos – que terminou por volta das 19h e foi trans- mitida ao vivo pelo perfil do Sindicato no Instagram –, o G5, liderado por Odair Mariano, esteve na UPV para apresentar o resultado à CSN. Naquela mesma noite, o ACT 2024/25 foi assinado, encerrando, com 20 dias de antecedência da data base, as negociações da campanha salarial deste ano.