O que era para ser a prova de que existiriam ‘funcionários-fantasmas’ no Palácio 17 de Julho acabou se tornando motivo de chacota. Mais um, por sinal, pois o caso do falso cônsul do Qatar ainda é comentado na prefeitura de Volta Redonda. O mico da vez foi a divulgação da lista dos servidores públicos que não fizeram o recadastramento obrigatório exigido pelo governo Samuca. E ela era extensa – mais de 2 mil, abrangendo vários dos atuais secretários, assessores especiais e até o vice-prefeito Maycon Abrantes. Até nomes de pessoas que já morreram ou nunca trabalharam na prefeitura estavam lá para quem quisesse conferir. Médicos conhecidos também, assim como voltarredondenses já exonerados, como o arquiteto Ronaldo Alves.
O detalhe é que no próprio decreto assinado por Samuca, publicado na terça, 16, há um artigo que garantia aos secretários e assessores fazer o recadastramento até ontem, sexta, 19. Ou seja, estavam dentro do prazo e seus nomes não deveriam ser divulgados. Nem poderiam ter seus salários bloqueados, como os que não fizeram o recadastramento dentro do prazo determinado. Além de Maycon, o assessor especial Rafael Capobiango, os secretários de Desenvolvimento e de Educação, Joselito Magalhães e Rita de Cássia, respectivamente e o coordenador de comunicação, Adriano Lizarelli, aparecem na lista verde. Sérgio Donda, exonerado há cerca de dois meses, também está na lista.
A precipitação na divulgação da lista dos que poderiam ser fantasmas rendeu muitas críticas a Samuca, tanto da parte de quem teve o nome tornado público – com matrícula e CPF –, quanto de pessoas que nem se lembram mais de terem ligação com a prefeitura. É o caso de uma médica que, em contato com o aQui, garantiu que seu relacionamento com o município deve-se à época em que fez residência no Hospital São João Batista. “A matrícula que aparece na lista é de quando fui residente, identificamos esse problema quando fiz o recadastramento”, destacou, ressaltando que muitos dos seus colegas que aparecem na lista avaliam entrar na Justiça contra a prefeitura. “A prefeitura não pode divulgar nossos nomes, matrículas e CPF. Quem quiser usar nossos nomes agora já pode”, completou, indignada.
Pelo decreto, a prefeitura suspendeu o pagamento dos servidores públicos que não fizeram o recadastramento no período estabelecido – de 19 de março a 10 de maio. O nome, a matrícula e o CPF daqueles que tiveram os vencimentos suspensos estão disponíveis no site da prefeitura: (www.volta redonda.rj.gov.br). Foram recadastrados dentro do prazo 11.782 funcionários (9.267 ativos e 2.515 inativos). “Fizemos o recadastramento de forma que não atrapalhasse o andamento da máquina pública. Os servidores tinham o dia e o local agendados previamente pelo site da prefeitura. Os funcionários levaram, em média, dez minutos para se recadastrarem, com biometria e fotografia. Estamos fazendo gestão. O maior gasto mensal da prefeitura é a folha de pagamento. Isso é uma importante ação para reduzir custos”, justificou Samuca.