sexta-feira, outubro 11, 2024
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‘Homens-carro’

Por Roberto Marinho

bananas

Ovo, frango caipira, pão, linguiça, queijo, peixe, abacaxi, tangerina, morango e goiaba, sem contar a empadinha fresquinha, a pizza na lenha, o cachorro quente e o acessório do celular e de automóvel. Tudo ao gosto do freguês, tudo na porta de casa, ou quase. Com a crise econômica, o desemprego e a criatividade infinita do brasileiro, surge uma nova categoria profissional, que embala a todo vapor pelas ruas de Volta Redonda: o “homem-carro”. Basta um automóvel – em qualquer condição, desde que ande e não quebre muito – e uma mercadoria para vender e pronto, está criada mais uma empresa volante.

 

Mesmo com o governo Samuca Silva anunciando números otimistas de emprego e a chegada de novas empresas na cidade – como o novo shopping e uma empresa de call center, além de empresas de beneficiamento de aço -, basta uma volta em qualquer canto  da cidade para perceber o enorme número de ambulantes que tentam sobreviver pelas ruas. Sinal de que a informalidade ainda é a saída na crise. 

 

É o caso de Claudinei Godoy, que está trabalhando há cinco meses nas ruas de Volta Redonda, vendendo queijos e outros produtos artesanais. Claudinei atesta que, apesar da tão alardeada recuperação econômica brasileira, a situação é bem crítica. Sem emprego, não circula dinheiro, e sem dinheiro, as vendas vão mal. “Está fraco, muito fraco mesmo. O pessoal quer comprar, mas não tem dinheiro. É geral, rodo por várias cidades e está ruim em todo lugar”, afirma ele, que não leva muita fé nas notícias veiculadas pelo governo. “É conversa fiada por causa da eleição. Não está melhorando nada, está cada dia pior”, critica.     

 

E mesmo entre aqueles que vivem do comércio informal, a situação não está boa. É o que afirma Dilson Nagaoka, que trabalha há 14 anos como ambulante e feirante de acessórios para celulares na Rua 33. Para ele, as vendas vão de mal a pior. “A crise afetou todo mundo. Devagar vêm piorando as vendas”, aponta, afirmando ainda que o problema não é localizado. “Na minha visão é geral, não só em Volta Redonda. Eu vou fazer compras em São Paulo e vejo tudo mais vazio, muitas lojas fechadas”, garante.

 

No entanto, Dílson considera positivos os sinais lançados pelo governo Samuca. “Eu vejo como positivo (a atuação do governo), vejo que o Samuca é um político popular, vem trabalhando para as minorias. Ele está tentando uma maneira de que as pessoas que têm barracas na rua também trabalhem na feira, isso é muito bom”, diz. 

 

A única ressalva que ele (apesar de ambulante, grifo nosso) faz é sobre a falta de fiscalização, que estaria provocando uma verdadeira invasão de pessoas da região para trabalhar como ambulantes na cidade do aço, a maior do Sul Fluminense. “O Samuca está abrindo espaço para os ambulantes, mas é preciso fiscalização, tem vindo muita gente de fora. Acessório de celular, por exemplo, é campeão; tem muita gente, de Barra Mansa, Barra do Piraí, Resende”, aponta Dilson, afirmando ainda que não é contra pessoas de fora trabalharem na cidade, mas é preciso “dar prioridade a quem vive aqui”, pontua. “Além disso, nós não temos essa abertura em outras cidades daqui da região. Eu já saí corrido de Barra Mansa, pelos ambulantes de lá. E quanto maior a concorrência, mais difícil as vendas. É assim em qualquer lugar, ninguém gosta muito”, diz.   

Ano do emprego

Desde que assumiu o Palácio 17 de Julho, Samuca vem apregoando sua vontade de gerar empregos. O ano de 2018, diz, sem falsa modéstia, será o “ano do emprego”. “Nós estamos com uma pauta muito forte, Volta Redonda em 2017 ficou quase no zero a zero nos empregos, não foi o resultado esperado. 2018 vai ser sim o ano do emprego na cidade”, disse o prefeito em diversas entrevistas, inclusive ao aQui.

 

E ele parece estar se esforçando para isso. Conta, é claro, com a chegada de uma empresa de call center (mais de 600 empregos, segundo a prefeitura) que foi atrair no quintal de Pezão (em Piraí); passando pela inauguração do maior shopping center da região (o Park Sul), que tem tudo para gerar cerca de 3 mil vagas ou mais; além de cinco empresas de beneficiamento de aço (clientes da CSN), que poderão gerar mais renda e empregos.

 

Não se sabe de onde Samuca tira tanta fé para afirmar isso, uma vez que os números oficiais mostram que a situação está longe de ser a ideal. O último levantamento do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, mostra que Volta Redonda está patinando há mais de um ano no quesito geração de empregos. Em junho, o saldo de empregos foi negativo, com 83 vagas perdidas.

E apesar de 2018 apresentar um saldo positivo de 440 vagas criadas desde janeiro, o balanço dos últimos 12 meses (junho de 2017 a junho de 2018) aponta também para um saldo negativo, com a perda de 354 postos de trabalho. Ou seja, até agora estamos correndo atrás do prejuízo.

 

“A economia do Brasil mudou nesses últimos anos, e as condições hoje, se não são ideais, são melhores do que em 2015 e 2016, mas também foi preciso mudar o ambiente de negócios em Volta Redonda, criando na cidade uma ecologia favorável ao empreendedor. Tornamos o processo de registro das empresas muito mais simples, abrimos canais constantes de diálogo com as entidades que representam os empresários e passamos a ter na CSN, maior empregadora e maior geradora de arrecadação na cidade, um interlocutor com quem se conversa com respeito e boa vontade, em vez de um adversário com quem só se interage através do Judiciário”, avalia Samuca nas suas otimistas entrevistas.

 

Autodeclaração pode substituir contrato de locação de imóvel

Alvará mais fácil

06.08.18.Álvara Fácil (17)

Proprietário de uma bicicletaria no Aterrado, Leandro de Souza Amorim vai poder expandir sua loja para um imóvel em frente. Isso só será possível graças à nova medida adotada pela prefeitura de Volta Redonda, que já permite aos empresário obter o alvará de funcionamento com uma ‘autodeclaração’ em substituição ao tradicional contrato de aluguel do imóvel. “O imóvel é muito antigo e acabou ficando (de herança) para os filhos dos proprietários, que muitas vezes não regularizam o imóvel. Com essa autodeclaração, você consegue abrir uma empresa muito mais facilmente”, contou Leandro, que estava há cerca de oito meses tentando levantar a documentação e, com a nova medida, acredita que abrirá sua nova loja em pouco mais de um mês.

A Autodeclaração de Uso e Ocupação de Imóvel é um documento firmado pelo próprio contribuinte, ou representante legal da pessoa jurídica, com o objetivo de substituir a apresentação de contrato de locação do imóvel. O contrato ou a autodeclaração são exigidos nos processos de obtenção de Alvarás de Licença e Funcionamento de empresas que exercem atividades de comércio, indústria e prestação de serviços. “O objetivo é desburocratizar os processos de concessão, alteração e transferência de Alvarás de Licença e Localização para Atividades Econômicas e Sociais no município. Certamente irá contribuir na agilidade e julgamento dos processos”, explicou o prefeito Samuca Silva.

Quem também acaba sendo beneficiado com a mudança são os contadores, como o caso de Leandro Cunha Glória. “Para o profissional da contabilidade foi fundamental a implantação deste recurso, pois havia um desperdício enorme de tempo, além de ficar numa posição delicada entre o cliente e o município, pois em alguns casos o cliente não entendia a burocracia e achava que o contador poderia ser mais ágil”, explicou o contador.

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