Por Pollyanna Xavier
Os três servidores públicos da prefeitura de Volta Redonda, presos há uma semana suspeitos de venderem material furtado do local de trabalho, já estão soltos. Eles foram colocados em liberdade no domingo, 28, após passarem por audiência de custódia e pagarem fiança. Um, inclusive, já voltou a trabalhar, mas responde a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), sendo que os outros dois foram demitidos. Eles estavam lotados na Secretaria de Ordem Pública e foram flagrados vendendo refletores, luminárias e reatores sucateados para uma empresa de reciclagem, localizada no Siderlândia. O dono do estabelecimento também foi preso, mas já está em liberdade.
O aQui conversou com Marcela Grégio, advogada que defende o comerciante Elias Ramos, dono da reciclagem. Ele foi flagrado pela Guarda Municipal receptando o material furtado. Marcela contou que seu cliente pagou R$ 300 por 10 quilos de sucata e não sabia que a parafernália pertencia à prefeitura, muito menos que era fruto de um furto. “O material não tinha patrimônio, era um monte de ferro velho e meu cliente pagou por ele. Os funcionários chegaram falando que encontraram o material jogado na rua, pegaram e levaram para vender na reciclagem. Meu cliente avaliou, viu que dava para reciclar e ficou com a sucata”, contou Marcela.
Segundo a advogada, Elias nunca teve passagem pela Polícia, é natural de Volta Redonda, tem 50 anos e há 25 trabalha com reciclagem. Na sexta, 26, ele teria recebido, pela primeira vez, os três funcionários da prefeitura em seu estabelecimento e ouvido a história de que a sucata teria sido encontrada na rua. Quando a Guarda Municipal chegou, o material já estava em um caminhão para ser levado para outro lugar. Elias, dois funcionários e o veículo com a carga foram conduzidos para a 93a DP. O caminhão, porém, foi liberado, e somente o material furtado e receptado ficou apreendido para ser periciado.
Elias pagou fiança para responder em liberdade por receptação de material furtado. Seus dois funcionários não foram criminalizados e responderão como testemunhas. Já os três servidores, que não tiveram os nomes divulgados, responderão por peculato, que é um crime praticado por funcionário público contra a Administração Direta ou Indireta. O peculato consiste na apropriação ou desvio de bem público, em favor próprio e em razão do cargo. Os três trabalhavam no Departamento de Iluminação Pública da Semop e tinham acesso fácil aos materiais furtados.
Ao aQui, a Secom (Secretaria de Comunicação) da prefeitura de Volta Redonda confirmou a demissão de dois servidores e disse que o terceiro responderá a um PAD até que o caso seja julgado pela Justiça. Informou ainda que o material furtado e vendido “estava sendo juntado como sucata, para ser leiloado pela prefeitura”, e que nem todos tinham a placa de patrimônio público. Segundo a pasta, a conduta dos servidores foi denunciada por populares que viram a movimentação irregular do trio, porém, não há informações se o episódio do dia 26 foi o primeiro ou se a prática era constante. Uma sindicância interna foi aberta para apurar a questão.