quinta-feira, janeiro 23, 2025
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De volta para o passado

Por Roberto Marinho

sarampo

O sarampo é mais uma da extensa lista de doenças que pareciam estar erradicadas no Brasil. Coisas do passado, diriam nossas avós, que perderam noites e noites de sono na cabeceira de um berço tomando conta de seus filhos. Mas, que as mães de hoje se prepararem. É que o sarampo, assim como foi com a febre amarela, a Influenza e a pólio, bate à porta. E, depois de quase duas décadas sem registrar qualquer caso de sarampo, o Rio de Janeiro já entrou em estado de alerta, com a confirmação de dois casos da doença na capital. A preocupação das autoridades é grande, principalmente porque as duas vítimas confirmadas estudam na Faculdade de Direito da UFRJ, no Centro do Rio, lugar de grande circulação de pessoas. 

 

A secretaria de Saúde do Rio, inclusive, fez uma vacinação de bloqueio nos estudantes e funcionários do campus da UFRJ, e a secretaria estadual de Saúde está monitorando mais oito casos suspeitos de sarampo. Em Volta Redonda, a secretaria de Saúde, alertada ou não, anunciou que vai aderir à campanha de vacinação contra a doença, já a partir de agosto.

 

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Sarampo será realizada entre os dias 6 e 31 de agosto, com o Dia ‘D’ programado para sábado, 18. As vacinas aplicadas serão contra a pólio e a tríplice viral, que protege contra o sarampo, caxumba e rubéola.  A tríplice viral deve ser tomada na infância, em duas doses: a primeira com um ano de idade e a segunda com 15 meses, quando é aplicado ainda um reforço contra a varicela (catapora).

 

Como no caso da campanha contra a gripe,  Samuca Silva apela para que a população compareça aos postos de vacinação, evitando que o sarampo – doença que chegou a ser declarada erradicada no Brasil em 2016, pela Organização Mundial de Saúde (OMS) – se alastre pela cidade. “Os alertas (casos de sarampo) colocam em evidência doenças que estavam controladas graças à vacinação em massa, mas que ameaçam provocar estragos na saúde pública brasileira caso a imunização sofra baixas. Volta Redonda vai fazer sua parte”, disse.

 

Para a maior parte dessas antigas doenças, como a  febre amarela, sarampo, e a poliomielite, o melhor ataque é a defesa. “Nenhuma dessas doenças tem cura, só tratamentos paliativos, para aliviar os sintomas. E todas podem deixar sequelas graves”, frisa.

Deixando furo

Por medo, ignorância ou preguiça, ou tudo junto,  as pessoas têm deixado de se vacinar e vacinar seus filhos. Prova disso é que a cobertura vacinal contra a pólio em Volta Redonda caiu de 95% em 2014, para menos de 80% em 2016. A cidade segue a tendência do Brasil. Nas campanhas do calendário nacional de Imunização, todas as vacinas que precisam de dose de reforço estão abaixo da meta. A segunda dose da tríplice viral, por exemplo, não bate a meta de 95% do público alvo desde 2012.

 

O resultado do descaso é a volta de doenças que chegaram a ser consideradas erradicadas no Brasil, quando o vírus não circula mais pelo país.  A questão é que as pessoas viajam, e em alguns casos os vírus que causam essas doenças são endêmicos de algumas regiões – como o da febre amarela no Norte do Brasil, por exemplo – ou de outros países. A vacinação previne que pessoas não expostas aos vírus fiquem doentes, impedindo a propagação da doença. A falta da vacina fura o bloqueio.

 

Até o momento os casos de sarampo no Brasil foram identificados como sendo originários de venezuelanos que cruzam a fronteira, por causa da crise no país vizinho. Com a falta de vacinação, a doença se espalhou por outros estados do país. E a chegada do sarampo ao Rio de Janeiro – que está a 1h30min de viagem de Volta Redonda – acende o alerta: é preciso se vacinar.

 

E não é por falta de oportunidade: a coordenadora de Vigilância Epidemiológica de Volta Redonda, Milene Paula de Souza, destacou que todas essas vacinas são oferecidas na rede pública de saúde pelo Programa Nacional de Imunizações, durante todo o ano. Basta ir a um posto de Saúde.

Dúvidas sobre sarampo

A secretaria estadual de Saúde recebeu a confirmação de dois casos de sarampo no Rio de Janeiro. A doença, transmitida por vírus, provoca manchas vermelhas no corpo, febre alta, tosse, coriza, conjuntivite e pontos brancos na mucosa bucal. O sarampo já foi uma das principais causas de mortalidade infantil no país e pode deixar sequelas neurológicas. O médico da secretaria de Estado de Saúde Alexandre Chieppe orienta sobre as formas de prevenção.
Como é possível se proteger do sarampo?
A única maneira de evitar o sarampo é por meio de vacinação. As doses já fazem parte do calendário do Ministério da Saúde há muitos anos. A vacina Tríplice Viral protege não só contra o sarampo, mas também caxumba e rubéola e está disponível a qualquer época do ano nos postos públicos de saúde dos municípios.
Quem deve ser vacinado?
Crianças com 12 meses de idade devem ser vacinadas em duas doses, uma três meses depois da outra. A cobertura vacinal contra o sarampo para crianças de 1 ano no estado é de 95%. Adultos de até 49 anos que não tenham sido imunizados também devem procurar os postos de saúde. Aqueles que tomaram as duas doses da vacina não precisam tomar nova dose.
E quem não lembra se foi vacinado?
Essas pessoas devem procurar um posto de vacinação para avaliar a necessidade de se proteger contra o sarampo com a vacina.
Quais são as contraindicações da vacina?
Grávidas não devem se vacinar, pessoas com alergia grave comprovada aos componentes da vacina ou com depressão importante do sistema imunológico também não.
Quem vai viajar para fora do Brasil precisa estar com a vacina em dia?
Todos devem avaliar seu calendário vacinal, quem está com viagem marcada para fora do país ou não.
O que fazer em caso de sintomas parecidos com os do sarampo?
É muito importante procurar uma unidade de saúde. Não se deve usar medicamentos por conta própria.

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