quarta-feira, janeiro 15, 2025
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Daqui não saio…

Ataide

Ronaldo Rodrigues, ex-assessor da ex-vereadora América Tereza, encabeça um dos grupos de funcionários públicos que querem a cabeça de Athaíde de Oliveira, presidente do Sindicato do Funcionalismo Público de Volta Redonda, que está no cargo graças a uma jogada não prevista no estatuto do órgão. Contudo, o ataque que pode derrubar Ataíde de uma vez por todas foi orquestrado pelo atual vice-presidente e secretário geral Luiz Fernando Pereira.

 

Em um lance imprevisto por todos, Luiz Fernando reuniu mais 10 pessoas da direção do Sindicato e, juntos, pularam do barco, renunciando aos seus cargos, deixando Ataíde sozinho, para morrer à deriva ou convocar novas eleições. “Nós fomos motivados pela insatisfação da própria categoria. Há muito tempo ouvíamos as reclamações e o desejo de mudança por parte deles”, justificou Luiz Fernando, afirmando que, embora tenha feito parte da direção, não compactuava com o ‘modo Athaíde’ de administrar. “Ele é autoritário, não respeita nem a categoria, nem a direção. Faz apenas o que quer e ainda vai às rádios elogiar o prefeito (Samuca), que é nosso patrão e não tem a intenção de ajudar ninguém. Estamos no sindicato justamente para fazer pressão no governo, e não para elogiar”, reclamou.

 

Prova de que Luiz Fernando não se dava bem com Ataíde é que como vice-presidente, por uma ação que teria sido orquestrada por seu superior, perdeu sua licença sindical, concedida pelo ex-prefeito Neto, tendo que retornar ao seu posto, no Saae, sob ameaças de ser exonerado por abandono de emprego. “Eu não sabia, mas Ataíde não mandou o documento para o Saae informando que eu estava licenciado a serviço do Sindicato. Era como se o mandato tivesse acabado e eu estivesse em casa, dando cano na autarquia. Quando soube, já estava com falta e poderia perder meu emprego”, explicou Luiz. “Preferi voltar ao meu posto do que continuar ao lado de Ataíde”, completou.

 

Além desse episódio, Luiz Fernando conta que já estava a par das denúncias de fraude que pesam sobre Ataíde. Para quem não se lembra, o presidente do SFPVR teria usado uma festa, em 2014, na qual seria sorteado um carro zero quilômetro para colher assinaturas dos funcionários presentes. O pretexto, segundo as denúncias, seria a participação no sorteio, mas, na verdade, o sindicalista teria assinado uma lista autorizando a modificar o estatuto e estender o mandato de Athaíde até 2020. “Como nós não participamos de qualquer tipo de falcatrua, procuramos meios de resolver a questão. Mas Ataíde não liberava a ata, não se explicava e permanecia irredutível. Então tomamos a decisão de renunciar”, contou Luiz Fernando.

 

A decisão dos 11 diretores colocou Ataíde em uma saia justa. Sem tesoureiro e secretário, ele fica impossibilitado de comprar uma caneta sequer. Não pode nem lavrar atas. A alternativa seria convocar os suplentes, mas Luiz Fernando garante que nenhum deles está disposto a assumir o posto. Desta forma, como determina o estatuto, no caso de vacância dentro da direção e na impossibilidade de suplentes assumirem, o caminho legal para o presidente seria convocar novas eleições. Mas não é essa a intenção dele. Muito pelo contrário.

 

Questionado pelo programa Dário de Paula, Athaíde teria dito que só vão se posicionar nos próximos dias. Mas uma fonte de dentro do sindicato garantiu que Ataíde estaria se contorcendo feito minhoca no asfalto quente em busca de alternativas jurídicas para permanecer no cargo. Sobre a questão, Luiz Fernando disse que a manobra não o assusta. “Como ele (Ataíde) disse que vai se manifestar na semana que vem, vamos esperar até segunda-feira. A única resposta que aceitamos é a convocação de novas eleições, nem que para isso tenhamos que entrar com uma representação judicial e criminal contra ele”, declarou o ex-vice-presidente. “Caso a resposta não seja a esperada, vamos organizar uma comissão de servidores sindicalizados e convocar uma assembleia, que é soberana, para finalmente declarar as intenções da categoria. Esse governo autoritário não pode continuar”, completou Luiz Fernando.

 

A renúncia dos diretores rachou o sindicato e a categoria. De um lado, Ataíde, sozinho. Do outro, os diretores que abriram mão de seus mandatos e, no meio do furacão, o grupo de Ronaldo, que procurou a imprensa para criticar a decisão dos desistentes. Em entrevista ao programa Dário de Paula, na manhã de quinta, 6, Ronaldo, servidor aposentado, disse que a saída dos diretores é mais um golpe contra a categoria. “Achei errado. Por que não fizeram a denúncia em 2014? Eles abandonaram a categoria. Acho que fizeram a renúncia justamente para ter o direito de disputar a eleição. É mais um golpe”, denunciou.

Ao ser interpelado por Dário de Paula sobre o desejo de Luiz Fernando e seus seguidores de disputarem as eleições, Ronaldo concordou, mas pediu que os servidores analisassem as circunstâncias na hora de votar. “É direito de todos os sindicalizados montar sua chapa. Estamos fazendo esse movimento justamente por isso, porque tiraram o direito da categoria de votar em seus representantes. Mas pedimos para que o funcionalismo pense bastante antes de votar, porque eles (os diretores que renunciaram) são oportunistas e deram um golpe. Confiar de novo é uma situação complicada. Querem jogar a culpa toda no Ataíde, mas eles assinaram a alteração do estatuto”, comentou.

 

O aQui tentou entrar em contato com Ataíde de Oliveira, mas o presidente do Sindicato do Funcionalismo Público de Volta, até o fechamento desta edição, não atendeu as ligações da equipe de reportagem nem retornou os telefonemas.

 

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