Por Mateus Gusmão
Os volta-redondenses estão sendo massacrados por propagandas da Secretaria de Ordem Pública garantindo que a segurança na cidade do aço já é quase a melhor do mundo. Não é. E está longe de ser. Levantamento feito pelo aQui junto aos dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) revela que enquanto o coronel Luiz Henrique, titular da pasta, apregoa os números positivos, os que comprovam o aumento da violência – como os casos de letalidade violenta (assassinatos e mortes em confronto com a polícia) – são esquecidos, proposital- mente, em alguma mesa do Palácio 17 de Julho.
Tem mais. Os dados apontam uma tendência preocupante: o aumento de assassinatos e mortes em confronto com agentes de segurança. De janeiro a setembro de 2025, a cidade do aço registrou 38 casos de letalidade violenta, quatro a mais do que no mesmo período de 2024 (34 casos). Tem mais. No último final de semana, dois casos reforçaram a preocupação com essa tendência. Os casos ainda não entraram nos dados oficiais do ISP.
Um deles ocorreu durante um confronto entre a Polícia Militar e criminosos – cena comum no Rio de Janeiro, como a que todos assistiram estarrecidos na manhã de terça, 28. Leonardo Ferreira da Silva, 28, morreu na madrugada de domingo, 26, para segunda, 27, no Hospital São João Batista, onde foi socorrido após ser baleado em uma troca de tiros com policiais na Rua Santa Luzia, na Vila Americana. Outro suspei- to, de 23 anos, foi preso na mesma operação. Segundo o registro feito na DP, os policiais faziam uma ação contra o tráfico quando foram atacados a tiros e revidaram.
A outra morte aconteceu no coração de Volta Redonda: na Vila Santa Cecília. Wilson Paulino dos Santos, de 50 anos, foi morto em frente ao Cine Nove de Abril após ser agredido com uma barra de ferro e atingido na cabeça. Segundo testemunhas, a discussão entre Wilson e o autor do crime – um homem de 53 anos – teria começado por um desentendimento banal. Ambos estariam em situação de rua.
Mais aumento
Outro crime que teve aumento foi o furto de celulares, com 118 ocorrências nos primeiros nove meses deste ano, contra 85 no ano passado. O roubo a estabe- lecimentos comerciais também cresceu, de 11 para 15 casos. Até as bicicletas entraram na mira dos criminosos: os furtos das magrelas dobraram, passando de 21 para 42 este ano.
Apesar da alta em vários indicadores, a Secretaria de Ordem Pública comemora os números apresentados pelo ISP, afirmando, entre outras, que o mês de setembro terminou “com boas notícias”. De fato, alguns crimes registraram queda: o roubo de veículos caiu 60% (de 25 para 10 casos), o roubo de rua teve redução de 35% (de 63 para 41), o furto de veículos diminuiu 39%( de 75 para 46) e o furto a transeuntes recuou 24% (de 29 para 22).
Segundo a prefeitura, os resultados positivos – os negativos talvez nem tanto (grifo nosso) – são reflexo dos investimentos em tecnologia feitos pelo Palácio 17 de Julho e ainda por conta das parcerias com o Governo do Estado, pela integração entre as forças de segurança e da participação da sociedade.
Detalhe: para Neto, Volta Redonda é uma das cidades mais seguras do estado. “Uma cidade com mais de 280 mil habitantes , com esses índices, é um trabalho digno de aplausos a todos os agentes da segurança pública. Não tenho dúvidas de que Volta Redonda é uma das cidades mais seguras do Estado do Rio de Janeiro”, disse.
Quanto ao coronel Luiz Henrique, secretário de Ordem Pública, ele entende que os resultados refletem o uso da tecnologia e a integração entre as forças de segurança. “A redução dos índices de criminalidade reforça a confiança da população nas forças de segurança e contribui para o aumento da sensação de segurança. Estamos felizes com os resultados, mas continuaremos atentos e intensificando as ações para tornar Volta Redon- da cada vez mais segura”, prometeu, sem se importar com a nota divulgada pelo aQui na edição passada mostrando que uma loja tinha sido arrombada na Vila, ponto mais vigiado pelos espiões eletrônicos da Semop.


