Nem de longe o presidente do Sindicato dos Funcionários Públicos de Volta Redonda, Ataíde de Oliveira se parece com Jesus Cristo. Mas, para azar dele, a vontade de muitos servidores públicos, principalmente professores, é de crucificá-lo. A revolta se instaurou depois que a direção colegiada do Sindicato dos Profissionais da Educação convocou uma coletiva de imprensa na sexta, 16, para denunciar o que chamaram de “golpe” orquestrado pelo sindicalista, com aval do jurídico do SFPVR, para destinar os R$ 500 mil disponibilizados pelo prefeito Samuca Silva para pagamento do PCCS apenas aos associados do órgão.
Na coletiva, a diretora financeira do Sepe, Maria da Conceição, a Sãozinha, criticou o fato de o SFPVR ter peticionado junto à prefeitura exigindo que o dinheiro não fosse rateado, excluindo, assim, os professores quando da divisão do dinheiro do PCCS. “Tanto o Sepe quanto o funcionalismo tentaram argumentar que o valor era baixo, dada a quantidade de funcionários. Queríamos que o prefeito majorasse esse valor. O problema é que pelas nossas costas, o Sindicato do Funcionalismo elaborou uma petição arguindo que a prefeitura cumprisse apenas o processo deles o que excluiria automaticamente os professores do rateio do PCCS. E apenas 30% dos funcionários da Administração Direta, ingressos na prefeitura até 2012, mais velhos e com menores salários seriam contemplados”, denunciou.
Ao saber da trama, alguns professores passaram a desabafar pelas redes sociais. Foi o caso de Catiane que, através de um grupo de WhatsApp, confrontou o sindicalista. “Gostaria de saber por que o Sindicato do Funcionalismo, após assinar acordos com o prefeito e o Sepe, está fazendo isso com os professores”, questionou, indo além. “Estou decepcionada, pesando seriamente em me desfiliar”, pontuou.
Incomodada com a falta de resposta, a professora continuou. “Gostaria de uma posição do senhor Ataíde quanto a isso. Não entendo por que esse sindicato não luta por todos os funcionários públicos. Um sindicato que apunhala parte dos funcionários depois manda representantes as escolas para que possamos nos filiar. Quero a verdade”, reclamou.
Uma fonte ligada ao SFPVR garante que os ataques a Ataíde não são apenas virtuais. “O telefone não para. Muita gente, principalmente das autarquias e professores, liga para o sindicato cobrando uma resposta do presidente”, confidenciou, garantindo que articulação para excluir o Sepe da divisão do PCCS não é a única coisa que tem deixado os servidores públicos incomodados.
A última que o sindicalista aprontou teria sido com os funcionários da secretaria de Infraestrutura. Leonel de Souza, um dos líderes do movimento que pretendia paralisar os trabalhos na SMI por falta de materiais de segurança e comida, disse que o SFPVR prometera carro de som e apoio ao levante. Mas, na hora ‘H’, teria roído a corda. “O Ataíde ficou de vir e não veio. O pessoal contava que ele levaria o carro de som. Mas, sem falar com ninguém, ele procurou o secretário (Toninho Orestes) e resolveu por conta dele. Por isso não foi possível fazer a paralisação, mas o chefe de gabinete da SMI nos recebeu e prometeu enviar ofício a prefeitura com nossas reivindicações. Estamos aguardando”, explicou Leonel, frustrado.
A gota d’água sobre Ataíde pode acontecer em pouco tempo, mais especificamente se ele não responder ao ofício enviado pelo Sepe, marcando uma reunião entre os dois sindicatos para tratar do PCCS. Segundo uma fonte, o documento foi enviado no último dia 16 e, até o fechamento dessa edição, nenhuma resposta teria sido pelo líder sindical.