Começou mal

Suplente do Sindicato dos Metalúrgicos é afastada por suspeita de fraude; marido foi demitido por justa causa

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Por Pollyanna Xavier

O Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense começou o ano de 2024 com a imagem arranhada por conta de uma suplente da Diretoria Executiva. Trata-se de Rosemay Cristina Ferreira, que teria sido afastada de suas funções na CSN, por suspeita de fraude no controle da sua jornada de trabalho. Pior. Estaria ‘batendo o ponto’ até do marido – um colaborador da empresa com mais de 25 anos de casa. Ele não ia trabalhar e ela batia o ponto para ele. A fraude foi descoberta pelo setor de Compliance da empresa, no final de 2023, que a denunciou à diretoria de RH. O marido de Rosemary foi demitido por justa causa e ela acabou afastada do trabalho.
Rosemary é suplente do vice-presidente, Odair Mariano, e chegou a ocupar a vice-presidência do Sindicato por alguns meses, entre 2022 e 2023, quando o sindicalista estava afastado da Executiva por determinação judicial, até que seu processo de reintegração (ele foi um dos demitidos da CSN em 2022) fosse julgado.
No ano passado, Rosemary acabou casando com seu chefe de trabalho, e permaneceu subordinada ao próprio marido. O fato é que Rosemary foi pega ‘batendo o ponto dele’ e, segundo informações de uma fonte, o operário também teria ‘batido o ponto’ da esposa nos dias que ela não ia trabalhar. Há quem garanta que a CSN, por desconfiar da prática, teria filmado a irregularidade. Não foi possível, porém, confirmar há quanto tempo isto vinha acontecendo, porque as investigações seguem em segredo.
Além de ter sido afastada do trabalho, Rosemary estaria respondendo a uma sindicância interna. Seu afastamento deve durar 120 dias e se for comprovada a conduta irregular, ela poderá ser desligada definitivamente da CSN, mediante demissão motivada. “Ela só não foi demitida ainda porque tem estabilidade sindical”, comentou a fonte. Já o marido, cujo nome não foi fornecido, acabou sendo demitido sem direito às indenizações pelo tempo trabalhado. Ele tinha 27 anos de UPV e ocupava um cargo de chefe.
O aQui enviou um pedido de informação ao departamento Jurídico do Sindicato, para saber a situação de Rosemary. Em resposta ao e-mail, o diretor jurídico Leandro Vaz, confirmou o caso e explicou que a moça permanece no quadro efetivo da suplência, “uma vez que o estatuto da entidade garante sua permanência até que se realize a apuração do inquérito”. Leandro explicou ainda que o jurídico do Sindicato fará a defesa de Rosemary como metalúrgica associada e não como suplente da Executiva. “Nosso papel é defender os trabalhadores, seja individual, coletiva, garantindo os direitos, a dignidade humana e a saúde, preservando a vida do trabalhador com segurança”, justificou.
Leandro foi além. Reconhece que o caso gerou um desconforto junto à diretoria do Sindicato, mas espera reverter a situação. “Caso seja comprovado, sempre gera uma visão negativa, pois independente de sermos dirigentes somos trabalhadores. Mas a entidade está disposta a sempre trabalhar com a verdade e transparência, nosso jurídico irá fazer o melhor para que seja revertida a justa causa.
O aQui tentou falar com Rosemary, enviando duas mensagens ao seu WhatsApp, uma, inclusive, na manhã de ontem sexta, 12, pedindo que ela confirmasse ou não as informações. Ou que apresentasse a sua versão. Até o fechamento desta edição, ela não havia respondido ao jornal. Se o fizer, sua resposta será incluída na versão digital do aQui e, na semana que vem, na edição impressa