sexta-feira, março 29, 2024
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Chute na porta (parte II)

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Na edição passada, com o título ‘Chute na porta’, o aQui abordou a questão do suicídio, problema que é tido como um tabu na grande mídia. Era. No final de semana, por exemplo, vários veículos abordaram a questão aproveitando o gancho da campanha ‘Setembro Amarelo’, desencadeada em 10 de setembro – Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Nessa edição, o aQui apresenta a palavra de um especialista, o psicólogo Alexandre Braga. Para ele, “o sujeito que se suicida quer exterminar o sofrimento e não a vida”.

 

O suicídio é uma consequência extrema de questões não problematizadas. É desta maneira que o psicólogo Alexandre Braga, que atende pelo Zenklub – plataforma de vídeo-consultas com psicólogos –, começa a tratar o assunto, que para ele ainda é visto como um tabu. “É preciso deixar claro que não há como dividir as pessoas em dois blocos, um com potenciais suicidas e outros que não correm o risco. O sujeito que se suicida quer exterminar o sofrimento, e não a vida. Todos nós sofremos e, por isso, podemos optar por tirar a nossa própria vida em um momento em que nos vemos sem esperança”, explica o especialista.

 

De acordo com ele, nos tempos atuais as pessoas buscam o prazer imediato o tempo inteiro como uma saída para evitar sofrer ao invés de tentar compreender as suas dores. “Buscar um psicólogo é pagar para ouvir o que não queremos, entretanto, o que é necessário. O vazio que sentimos não é uma doença, é uma condição humana”, conta Braga. “Desmistificar a terapia é urgente porque cuidar da saúde mental é tão importante quanto a saúde física. Não sabemos quando e por que, mas é certo que sempre teremos algum sofrimento psíquico que nos obriga a olhar pra nós mesmos e evoluir a partir disso”.

 

Não tomar contato com o que nos faz sofrer é como uma represa que pode transbordar a qualquer momento. Quando isso acontece, o especialista conta que o fato de não termos intimidade com as nossas dores faz com que não nos reconheçamos e a dor se torne insuportável, maior que o próprio eu.

 

Para esclarecer, Alexandre usa da expressão “empurrou a sujeira para debaixo do tapete”. Para ele, essa é a melhor forma de entender o que acontece com a nossa saúde mental. “Vamos evitando o desprazer de conviver com as nossas angústias e um dia parece que alguém bateu o tapete e todos os nossos problemas vieram à tona. Por isso, muitas vezes as pessoas não conseguem dizer o que sentem. Tudo fica muito mais confuso. A faxina interna deve ser uma prática constante para evitar essas avalanches”.

 

O psicólogo revela alguns sinais que podem ser identificados pelas pessoas próximas, especialmente, pais e professores, já que a maioria dos casos é com os jovens com faixa etária entre 15 a 29 anos de idade – em 2014 foram registrados 2.898 casos de suicídio, dado divulgado pelo Mapa da Violência 2017, estudo publicado anualmente a partir de dados oficiais do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.

Isolamento

Apesar de ser um comportamento tipicamente adolescente, é bom ficar atento. Não poder conviver com o outro revela dificuldades em estar consigo mesmo.

Dificuldade
de expressar agressividade

 Pessoas que não reagem a diversas situações que deveriam provocar raiva ou mesmo tristeza podem ter dificuldades em externalizar os problemas, o que os torna muito mais difíceis de elaborar.

Excessiva adaptação

Pessoas que supostamente se adaptam facilmente a qualquer lugar, situação e pessoas podem ter dificuldades em tomar contato com o próprio desejo. Normalmente estas pessoas estão fechadas em seus próprios mundos e sentem muita dificuldade de entenderem o que querem e quem são.

Bullying

Quem é vítima de bullying e tem alguma fragilidade psíquica pode não suportar o isolamento, o medo, a raiva, entre outros sentimentos. Seria ainda mais complexo quando se trata de uma pessoa que não compreende que é vítima e passa a fantasiar que ela é que seria inadequada e que não vê esperança quanto à própria vida.

Pouca autoridade
dos pais

Os jovens precisam de limites e sentem-se abandonados inconscientemente quando os pais não exercem sua autoridade. O limite é uma forma de contenção e carinho, um contorno necessário para quem ainda está se desenvolvendo rumo à vida adulta.

Sobre o Zenklub

 A empresa brasileira foi criada em 2016, a partir da percepção do médico português e CEO da empresa, Rui Brandão, de que o sistema médico estava mais focado em curar doenças do que em promover cuidados em relação à saúde mental. Depois de uma experiência pessoal, ele largou uma promissora carreira médica nos Estados Unidos para batalhar pela causa do autoconhecimento, da necessidade de se falar em terapia sem que isso seja visto como algo negativo.

 

O sócio José Simões, após ter tido sua vida transformada ao fazer terapia pelo Zenklub, se tornou um investidor, e agora, é sócio da plataforma. Ex-diretor de produto da Dafiti, resolveu se juntar integralmente à equipe do Zenklub e propagar a importância do autoconhecimento.

 

O Zenklub tem atuação nacional com flexibilidade de horário e valores de sessões mais acessíveis, possibilitando ao interessado atendimentos personalizados, quando e onde a pessoa quiser. A empresa acaba de lançar a operação em Portugal também.

 

Pfizer e CVV lançam campanha de prevenção do suicídio 

Se por um lado as discussões relacionadas ao suicídio vêm ganhando mais espaço na sociedade, ainda é preciso avançar no entendimento dos aspectos médicos ligados ao problema. Mais de 90% dos casos de suicídio estão associados a distúrbios mentais, segundo a Organização Mundial de Saúde. E os transtornos de humor, em especial a depressão, representam o diagnóstico mais frequente (36%). Também estão relacionados ao problema o alcoolismo (23%), esquizofrenia (14%) e transtornos de personalidade (10%).

“Muitos acreditam que o suicídio resulta de uma escolha livre, entre a vida e a morte. Na verdade, em quase 100% dos casos ele está associado à doença mental. A literatura médica indica que em apenas 3,2% das vítimas não se chegou a um diagnóstico. E esses transtornos mentais alteram a percepção da realidade e podem interferir no livre-arbítrio”, diz o psiquiatra José Alberto Del Porto, professor-titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Para desmistificar o assunto, desde 2014 o Brasil participa da campanha mundial Setembro Amarelo, com foco no Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, celebrado no dia 10. Neste ano, considerando a relação do problema com os quadros depressivos, a Pfizer firmou uma parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV) para criar uma ação digital de conscientização. Por meio de um videocase criativo e vinculado ao universo do teatro, disseminado pela hashtag #naoehsotristeza, a ideia é desconstruir estereótipos associados à depressão, esclarecendo que se trata de uma doença complexa, com vários componentes biológicos e que deve ser tratada adequadamente.
“Considerando a relação entre transtornos mentais e suicídio, o diagnóstico precoce deve ser prioridade. E desmistificar o assunto, encorajando as pessoas na busca por auxílio médico, é uma contribuição para a sociedade” afirma o diretor médico da Pfizer, Eurico Correia. “Estamos falando de doenças para as quais existe tratamento, o que significa que o suicídio, em grande parte, pode ser prevenido”.

Presidente do CVV, Robert Paris destaca a importância do suporte social aos pacientes com depressão. “O apoio e o estimulo à inclusão em grupos e vivências sociais que valorizem a pessoa são fundamentais”, diz. Reconhecido pelo Ministério da Saúde, o CVV presta um serviço gratuito de prevenção do suicídio. Os voluntários atendem todos que buscam apoio emocional, de forma sigilosa, seja em algum posto do CVV, por telefone (141) ou pelos canais da instituição na web.
Confira o vídeo: https://goo.gl/sFjuaq
FONTE Pfizer

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