segunda-feira, novembro 11, 2024
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Cabelo e bigode

Por Vinicius de Oliveira

O atual presidente da Câmara de Barra Mansa, vereador Marcelo Cabeleireiro, é o que os mais antigos costumam chamar de ‘velha raposa’. Ao contrário do que possa parecer, a expressão, bastante utilizada no meio, não é uma ofensa nem, tampouco, um deboche. Significa, a rigor, que ele é bem articulado; sabe o ‘mato que lenha’ e se tornou uma referência na política local (se positiva ou negativa, fica a cargo do leitor dar a palavra final).

 

A verdade é que Cabeleireiro, surfando na onda bolsonarista que tomou conta do país, conseguiu uma façanha que poucos tiveram êxito. Mesmo com uma votação relativamente pequena (não atingiu nem 20 mil votos, grifo nosso), ele foi um dos poucos candidatos da região a garantir uma cadeira na Alerj. O ex-prefeito de Volta Redonda, Paulo Baltazar (PDT), que obteve  27558 votos, 9555 a mais do que ele, ficou de fora.

 

Em entrevistas à imprensa (menos ao aQui, por estar de relações corta-das com o jornal desde que começamos a denunciar acusações que pesam sobre ele), Marcelo diz que se desdobrará para enxugar a máquina estadual. “A gente vai cobrar do Executivo. Ele tem que enxugar a máquina pública, valorizar o dinheiro do povo, porque o dinheiro dos impostos tem que retornar não só para os municípios, mas, também, para o cidadão”, comentou.

 

Embora Marcelo defenda que a máquina deva ser enxuta, para atingir seu objetivo, o vereador usou justamente a máquina pública municipal para se eleger. Conforme observou uma fonte ligada à Câmara, a maioria esmagadora dos vereadores apoiou (alguns a contragosto) a candidatura de Cabeleireiro. “Todos foram praticamente obrigados a ‘fechar’ com o Marcelo porque até o prefeito Rodrigo Drable abraçou, de forma disfarçada, o projeto dele. Ele estava com a prefeitura e a Câmara à sua disposição”, comentou, pedindo anonimato.

 

E Marcelo não economizou. De acordo com o ‘DIVULGACAND’, sistema de prestação de contas dos candidatos, disponibilizado no site do TSE, os gastos parciais do político barramansense (o total ainda não saiu) chegam a quase R$ 300 mil. Mais especificamente, R$ 297.334,79. Uma verdadeira bolada.

MP

Enquanto se preparava para o dia final das eleições, 7 de outubro, Marcelo não tirava os olhos da Justiça. É que, só pra relembrar, o Ministério Público Eleitoral, por meio da Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) no Rio de Janeiro, requereu à Polícia Federal que instaurasse inquérito para apurar se o presidente da Câmara  havia cometido “ilícitos eleitorais” no posto do Detran em Barra Mansa. Segundo denúncias do MPE, Marcelo, com a ajuda do coordenador daquele posto, Genilson de Barros Almeida, teria usado o local para guardar e distribuir material de campanha. O caso continua sob investigação.

 

Curiosamente, à imprensa, Marcelo garantiu justamente que não haverá corrupção no Detran enquanto ele for deputado estadual. “Foi muita denúncia nesse órgão. Eu estive nesse órgão dois meses atrás. Fiquei uma manhã inteira. As pessoas diziam que iam me matar, mas eu tenho o dever de fiscalizar. Fui, fiscalizei e depois o doutor Furtado esteve lá e estourou tudo isso. Eu vou ser deputado e não vou admitir corrupção no Detran. Pode me cobrar”, garantiu.

 

Isso não é tudo. Pesa sobre os ombros de Marcelo Cabeleireiro um processo de infidelidade partidária. De acordo com os autos do processo, que já foram divulgados pelo aQui em edições anteriores, o vereador está sendo acusado pelo diretório estadual do PDT de ter forjado uma expulsão da legenda, fraudando atas e aliciando testemunhas a fim de poder migrar para o partido DC, onde via maiores chances de ser eleito deputado estadual.

 

Sua motivação teria sido justamente a filiação de Paulo Baltazar ao PDT. Temendo a popularidade de Baltazar e achando que o partido só iria eleger um candidato, Marcelo Cabeleireiro deixou o PDT dizendo que teria sido expulso da legenda, mesmo dizendo que estava “feliz da vida no partido (PDT)”, para não precisar disputar votos com o ex-prefeito de Volta Redonda.

 

Sobre esses dois casos, Marcelo, em entrevista na Rádio 96, disse ao radialista Oscar Nora que foi vítima de fofocas de pessoas sem escrúpulos. “Inventaram fofoca nas redes sociais denegrindo a minha imagem. (Dizem) Que usei o Detran para me promover. Teve jornal (O Dia, grifo nosso) que fez meia página sobre isso. Nunca fui no Detran entregar material, nem para pedir voto. Os despachantes de lá sabem que eu não faço isso, e não fiz. E outras coisas mais que eu nem vou falar aqui. É lamentável ter pessoas que não têm escrúpulos, inventam fofoca, fazem fake denegrindo minha imagem. Mas Deus é maior, porque quando vem a chicotada, ela arde no lombo e ‘tá’ ardendo no lombo de muita gente e vai ter que me engolir. Aquele cabeleireiro pobre e peão vai, sim, ser deputado na Alerj”, disparou, certo de que vencerá todas as pendengas na Justiça.

 

No fim das contas, quem saiu ganhando com a vitória de Marcelo nas urnas foi Mauro Luiz Camilo, primeiro suplente a vereador pelo PDT, justamente aquele que reclamou o direito de assumir a vaga de Marcelo. Cabe ressaltar que, se Cabeleireiro fosse condenado por infidelidade partidária, teria de abrir mão de seu posto já que, segundo a legislação eleitoral, ele pertence ao partido e não ao político. A questão é que, como o presidente da Casa conseguiu se eleger deputado estadual e, em fevereiro do ano que vem, abrirá mão de sua cadeira, de qualquer maneira sua vaga ficará à disposição do PDT.

 

De acordo com o advogado de Mauro, Paulo César Alves, seu cliente não abrirá mão do processo contra Marcelo. “É automático. Ele [Marcelo] tomando posse na Alerj, automaticamente deixa vago o cargo de vereador. Se isso ocorrer antes da decisão da ação [de infidelidade partidária], esta terá sentença de extinção sem julgamento do mérito por perda do objeto, já que Mauro teria conseguido o que pretende. Ou seja, o processo se extinguiria naturalmente. Mas até isso acontecer, o caso segue tramitando”, explicou o advogado, dando a entender que, se depender dele, seu cliente assume a cadeira de vereador ainda este ano.

“O desembargador remeteu o processo contra Marcelo pela terceira vez ao MPE, para manifestar-se sobre o pedido de cassação (favorável ou contrariamente). Nas duas primeiras vezes o MPE perdeu o prazo, que é de dois dias. Porém o desembargador relator entende que esse prazo não é peremptório (definitivo), pois o MPE não é parte neste processo, mas sim, custos legis (fiscal da lei). Assim, o processo só deve prosseguir após a manifestação do MPE. A secretaria do Gabinete do desembargador segurou um pouco e deve encaminhar ao MPE agora, após as eleições, período em que haverá mais tempo para a devida análise”, completou Paulo César.

 

O aQui chegou a fazer contato com Mauro para que ele pudesse comentar o assunto. E ele disse que se mantém na expectativa de ser empossado vereador. “A gente acredita na Justiça. Estamos esperando o resultado do processo e a decisão dela. Mas temos a certeza de que o melhor vai acontecer e os direitos serão mantidos”, resumiu Mauro, adiantando que sua primeira medida como vereador será “fazer o que é certo”.

 

Ainda de acordo com Mauro, sua pretensão enquanto parlamentar é cuidar dos funcionários públicos de Barra Mansa. “Chegando à Câmara, vou analisar a situação dos servidores, principalmente no que diz respeito aos salários atrasados. Os funcionários precisam de alguém que acompanhe de perto essa questão”, pontuou o futuro vereador, salientando que não tem a pretensão de ser oposição a Rodrigo Drable, mas que agirá de acordo com sua consciência. “Eu não tenho problema com o prefeito, mas o vereador é eleito pelo povo e, por isso, temos a obrigação de fiscalizar”.

 

Questionado se vai manter algum tipo de contato com Marcelo Cabeleireiro, Mauro disse que não, mas afirmou que não tem nenhum problema de ordem pessoal com o ainda presidente da Câmara. “Não temos contato, mas não existe nada pessoal entre nós dois. Nenhum problema. Nosso propósito é a cadeira, um direito previsto pela Constituição. Então, a briga não é contra o Marcelo, mas, sim, para garantir um direito”, finalizou Mauro. Marcelo Cabeleireiro também foi procurado…

Com Samuca


Todo serelepe e com seu amigo e mentor Rodrigo Drable a tiracolo, o futuro deputado estadual esteve em Volta Redonda na terça, 9, para fazer uma visita de cortesia a Samuca Silva. Politicamente, o prefeito o recebeu de braços abertos. “Nossa região elegeu bons representantes, e isso vai refletir diretamente em benefício da população. É uma gratificação receber o deputado junto com o prefeito Rodrigo Drable. São os momentos de esperança que estão acontecendo, que fortalecem esta união entre as duas cidades. Irei, brevemente, marcar uma reunião de trabalho para discutir propostas”, avaliou Samuca.

Segundo a assessoria de imprensa do Palácio 17 de Julho, o vereador barramansense prometeu, como deputado, defender os interesses da região na Assembleia Legislativa, “tendo como objetivo trazer investimentos para a saúde e educação aos municípios que o ajudaram a chegar à Alerj”, teria prometido. Pode até ser.

Já o prefeito de Barra Mansa, Rodrigo Drable, aproveitou para enaltecer a visita ao Palácio 17 de Julho: “O motivo (da visita) é o fortalecimento dos laços de amizade entre as lideranças políticas das duas cidades, para que juntas, unidas, tenham mais forças para defender e buscar esses investimentos necessários para nossa população”, frisou Drable.

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