O prefeito Rodrigo Drable, mesmo sem querer querendo, mexeu num vespeiro ao postar a posição do governo a respeito da polêmica “Ideologia do Gênero” na sua página do Facebook. Foi apoiado por muitos dos 848 internautas que curtiram a postagem, que rendeu ainda 90 compartilhamentos e 163 comentários. Muitos, inclusive, pegaram carona para cobrar serviços e até pedir empregos.
Veja o que o prefeito escreveu: “Recebi algumas mensagens me perguntando sobre a posição do Governo quanto à Ideologia de Gênero dentro das escolas públicas municipais. E é importante que fique claro: Quando vereador, fui contra a inclusão do tema dentro do Plano Municipal de Educação. E o assunto foi excluído do plano. Quem trata de Ideologia de Gênero em Barra Mansa é a família e Igreja. Respeito a diversidade, respeito a liberdade, mas acima de qualquer coisa, respeito a autonomia que um pai e uma mãe têm para escolher a maneira de educar seus filhos. Tratando-se de uma posição definida por lei e adotada por nossa gestão, manteremos o diálogo com todos sem, contudo, mudar nosso posicionamento”.
Um dos internautas, identificado como Carlos Gomes, se posicionou a favor da postura de Rodrigo. “Senhor Prefeito, V.Sa. não conseguirá agradar todos. Se sofrer algum tipo de discordância (o que de certo modo seja aceitável) lembre-se da historia do Velho, do Menino e do Burro. Que Deus continue a iluminar o vosso caminhar. Amém”, escreveu, certamente se referindo aos críticos como a internauta Cris Carreiro.
“Seria bom ao menos o Sr. saber que “ideologia de gênero” não existe. É uma expressão inventada por fundamentalistas religiosos para evitar que questões de gênero sejam tratadas na escola, como sempre foram (como quando a professora ensinou o que eram os órgãos sexuais). É uma ideia que quer colocar na cabeça do “rebanho” religioso que crianças se tornarão gays por aprenderem que gays existem. Se assim fosse, todos nós teríamos nos tornado índios, ou os adultos que ‘sabem’ da existência dos gays já teriam mudado sua orientação sexual, não????”, teorizou.
Ela foi além. “Sem contar que orientação sexual não se escolhe!! Ensinar sobre questões de gênero nos dias de hoje é fundamentalmente mais amplo, pois precisamos falar (sem DEMAGOGIA religiosa, pois o Estado é LAICO) da existência das identidades de gênero e dos motivos dos crimes de ódio contra mulheres (feminicídio) e população LGBT, por exemplo; e as fundamentais iniciativas destinadas à redução da violência nessas populações (que passam explicitamente pela educação). Evitar que estas questões sejam discutidas em escolas (que é local de educação livre e não de doutrinação do que a gestão atual quer) é cercear a democracia e a liberdade do professor, além de ferir a Constituição Federal, como bem determinou o TJRJ em 17/04/2017” frisou, para encerrar deixando um recado ao prefeito.
“Agora, se mesmo buscando informações do século 21 o Sr. quiser continuar a agradar o eleitorado fundamentalista religioso, terá que saber que irá enfrentar muita resistência e crítica das minorias oprimidas, que até podem ser minorias mas tem uma força descomunal!”, pontuou.
Allan Silva também discordou de Rodrigo Drable. “Como sempre, conservador cagando pela boca pra se posicionar, ocultamente, a favor de uma maioria preconceituosa e intolerante. A começar pelo uso do termo “ideologia”. Seria interessante que o sr. prefeito, enquanto figura pública e administrador de um município se informasse um pouco mais antes de sair falando por aí. Acho que as minorias de BM, gays, lésbicas, mulheres precisam se posicionar contra essa declaração do prefeito. Preconceito disfarçado de opinião, o “mas” dele foi substituído por um “acima de qualquer coisa”, mudou-se o conectivo, mas permaneceu a intolerância!”, escreveu.
A falta de educação das pessoas sobre o assunto foi abordado pelo internauta Eduardo Abrahão Freitas. “Concordo com você prefeito. Uma vez uma feminista me explicou que não existe ideologia de gênero e sim o debate de gênero. No caso, a educação sexual e de gênero é importante ser tratada pelos pais na minha opinião, pois são temas polêmicos. O importante é ser contra o preconceito e respeitar as opções de cada pessoa, isso eu acredito que poderia ser falado nas escolas. São inúmeros os casos de transfobia, violência contra homossexuais,etc. O que é necessário é educar as pessoas a terem o respeito pelas opções, ser contra a homofobia, etc”, avaliou.
O barramansense Carlos Alberto Silva fez um pedido a Rodrigo Drable, que serve para exemplificar o que a maioria pensa a respeito. “Assunto a ser tratado dentro da casa de cada um de acordo com a vontade dos pais. Em escola NÃO. Esperamos que vc tenha o bom senso para não assinar essa aberração”, pediu, sem obter resposta.
A polêmica serviu até para que os internautas batessem em Samuca Silva, prefeito da cidade vizinha, Volta Redonda. Foi quando Maria Brum fez a seguinte sugestão a Rodrigo Drable: “Dá umas aulas pro Samuca”. A ideia agradou a Anderson Aguiar, que diz ser voltarredondense: “Como eu já disse em outras oportunidades apesar das dificuldades o prefeito tem se esforçado para pelo menos minimizar os problemas de Barra Mansa. O que eu lamento é que em contrapartida aqui em Volta Redonda o prefeito conversa… conversa e apenas conversa”. É, faz sentido!