Paolla Gilson
A onda de crimes que atinge o estado do Rio chegou a Barra Mansa. Na noite de terça, 31, dois estudantes do curso de Psicologia foram baleados e um deles morreu quando deixavam o Centro Universitário de Barra Mansa. As investigações indicam que teriam sido vítimas de latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte. Caio Cesar Alves, 22, não resistiu aos ferimentos e faleceu na Santa Casa. Breno Cane-da, 19, por sua vez, passou por uma cirurgia e está internado no CTI, em estado instável.
Os universitários foram abordados em um local conhecido como “Buraco Quente”, de acesso ao UBM, no Centro. Testemunhas relataram que os dois teriam sido ‘ameaçados’ por um homem que saiu de um Gol cinza, já recuperado, e teriam sido atingidos por tiros quando tentavam fugir. Uma terceira vítima de assalto prestou queixa na 90ª Delegacia de Polícia e confirmou ter sido roubada no mesmo local, instantes antes.
A notícia gerou uma grande repercussão, principalmente entre os estudantes do UBM. De acordo com alguns, que preferiram não se identificar, essa não foi a primeira vez em que situações deste tipo ocorreram nas proximidades do campus. Em outubro de 2016, um jovem teria sido baleado na mão durante uma tentativa de assalto. Aliás, casos de assalto são frequentes entre os universitários, que geralmente são abordados ao deixar a universidade, no turno da noite.
Crimes como esse, entretanto, já assustam moradores de cidades vizinhas há bastante tempo. Em Volta Redonda, por exemplo, já foram contabilizados 46 casos de homicídio em 2017, conforme dados da Funerária Municipal. Em agosto e setembro, foram sete ocorrências em cada mês. E de acordo com o que foi publicado pelos jornais diários, conforme levantamento feito pelo aQui, em outubro já foram registrados outros cinco casos de homicídio. A maioria, homens.
Os casos mais recentes aconteceram no Açude I e na Minerlândia, em dias seguidos. O primeiro foi no domingo, 29, quando Tiago Pires Teixeira foi assassinado com pelo menos cinco tiros em um escadão da Viela Boa Vista. O segundo ocorreu na segunda, 30, e a vítima fatal foi o jovem Luís Roberto dos Santos, 24 anos, negro. Os responsáveis pelos dois crimes ainda não foram identificados.
Durante audiência pública na Câmara dos Deputados, realizada na terça, 30, para avaliar a criação de um Plano Nacional de Enfrentamento ao Homicídio de Jovens (PL 2438/15), representantes do governo e de organizações sociais destacaram que a população tem sido afetada pelo genocídio dos negros no Brasil. O deputado Reginaldo Lopes, autor do pedido para a audiência, defendeu mudanças na estrutura geral da segurança pública no país. “Nós queremos uma política de Estado no enfrentamento da violência, em especial no enfrentamento de homicídios de jovens negros e pobres. O Brasil vive uma guerra civil declarada contra esses jovens”, declarou.