Mateus Gusmão
Desde que a crise econômica começou a assolar o Brasil – especialmente o estado do Rio – a segurança pública entrou em colapso. E os casos de criminalidade, que estavam diminuindo, voltaram a aumentar assustadoramente. Só para se ter uma ideia de como é grave a crise, no ano passado foram registrados mais de 1.300 furtos e roubos em Volta Redonda e Barra Mansa. Fora os que as vítimas não quiseram registrar. O número corresponde a cerca de quatro casos por dia. O levantamento foi feito pelo aQui junto ao Instituto de Segurança Público do Rio e corresponde ao período de janeiro a dezembro de 2016 (confira a tabela abaixo).
Em Volta Redonda, os casos de roubos a pedestres aumentaram em mais de 500%, quando se compara com o ano passado. Foram, ao todo, 373 casos. Os homicídios também aumentaram, de 50, em 2015, para 64 em 2016. Para o tenente-coronel Damião Luiz Portella, comandante do 28º Batalhão da Polícia Militar, a crise econômica tem tudo a ver.
“Volta Redonda é o centro comercial de todo o Sul Fluminense. Isso causa um impacto na segurança pública, na guerra ao tráfico, ao roubo e furto de veículos. A crise atingiu todo o Brasil e o desemprego, especialmente em Volta Redonda, é um dos fatores”, disse o militar, ressaltando que outro fator que fez aumentar, nas estatísticas, o número de furtos e roubos é que as vítimas estão passando a fazer os BOs (Boletins de Ocorrência). “Hoje há uma facilidade para as pessoas fazerem registro. Naturalmente os números foram se corrigindo de um ano para outro”, pondera.
Sobre os homicídios, que em Volta Redonda foram 64 – contra 34 em Barra Mansa –, o tenente-coronel Portella destacou que a maioria estaria ligada ao tráfico de drogas. “Uma pequena parcela é crime passional, como traição ou algo parecido. A maioria é ligada ao tráfico, muito raro acontece um caso diferente disso. Às vezes não são pessoas que são do tráfico, mas são pessoas que estão devendo ao tráfico de drogas. Então é difícil. Tem que ter prevenção às drogas, ao álcool”, opina, ressaltando que a crise que assola a Polícia Militar também atrapalha a questão da segurança. “A Polícia Militar está nas ruas. A demanda aumentou muito e os meios que temos diminuíram devido à crise do Estado. A gente conta com o apoio da prefeitura, por exemplo, para que nossas viaturas tenham manutenção”, explicou.
Outro policial procurado pelo aQui foi o delegado da 93ª Delegacia de Polícia, Eliezer Lourenço. Ele fez questão de explicar, por exemplo, que os roubos de rua aumentaram em todo o Estado. “Não é só em Volta Redonda que isso está acontecendo. No Rio, Niterói, São Gonçalo, aumentou muito. Estamos em um patamar ainda, digamos, aceitável. Colocando números de habitantes, quase 300 mil, e em comparação com a Baixada Fluminense, os números estão ainda aceitáveis. Está bom? Meu Deus, claro que não. Queremos diminuir”, bradou, salientando que a Polícia não está em todo lugar para impedir os crimes de rua. “E os vagabundos sabem disso. Eles passam por um lugar e quando veem a Polícia, vão assaltar em outro. A nossa mancha criminal, por exemplo, é diferente, porque os crimes são pulverizados. Se os crimes fossem só em um bairro, a gente atacava lá”, disparou.
“A Polícia está trabalhando para minimizar isso (os crimes de rua). Acabar a gente nunca vai acabar, temos que dizer isso. Se fosse perfeito, nos EUA não tinha roubo nem tráfico. Então imagina no nosso País ainda em fase de crescimento?”, comparou. “Nós estamos também em uma fase muito ruim em relação ao Estado. Policiais civis sem receber salários, alguns agentes em greve. Tudo isso traz uma preocupação para gente ainda maior”, concluiu.