Depois do quiproquó da semana passada entre o prefeito Neto e a vereadora oposicionista Gisele Klingler, os vereadores da base aliada do governo agiram rapidamente e decidiram abrir mão de R$ 5,5 milhões do duodécimo que a Câmara de Volta Redonda teria direito até o fim do ano. O valor será ‘incorporado’ ao orçamento do Executivo e ajudará Neto a equilibrar as contas municipais.
A ‘boa ação’ parlamentar foi anunciada na manhã de terça, 14, pelo presidente da Câmara, Edson Quinto, durante encontro com Neto e apenas com os parlamentares da base governista. Gisele, que é do PSB, e Raone, de malas prontas para o PT – ambos de oposição –, desta vez não puderam entrar no Palácio 17 de Julho. Ficaram a plantar batatas… E nem vão poder reclamar, sentenciou um deles, pedindo anonimato, pois, como disse: “A maioria da Casa decidiu ajudar o Neto, né?”.
Mesmo assim, os verea- dores de oposição, cheios de ciúme, reclamaram de Edson Quinto, e sobrou até para Rafael Paiva, secretário de Comunicação da Prefei- tura, por anunciar aos quatro cantos que a base parlamentar de Neto na Câmara era responsável pela ‘boa ação’ que ajudou a sal- var as contas do Palácio 17 de Julho.
Neto, em vídeo enviado pela Secom, que o aQui postou nas redes sociais, aproveitou a mão aberta da bancada governista e anunciou que naquele momento estava desistindo de reduzir os salários dos 86 médicos que atendem à rede básica de saúde de Volta Redonda. “Os vereadores da base tiveram um senso de responsabilidade imenso com o futuro de Volta
Redonda. Sou extremamente grato, e temos de valorizar os parlamentares que realmente querem ajudar o município. Com esse reforço, poderemos manter os salários dos médicos que atuam nos postos de saúde no mesmo patamar atual de R$ 20 mil – um dos maiores do Brasil”, destacou Neto, disparando farpas aos adversários.
Edson Quinto endossou as palavras de Neto. “Vamos ajudar o prefeito, mas acima de tudo ajudar a cidade. É hora de todos darem sua cota de contribuição, e estamos fazendo a nossa parte”, afirmou.
Milhões dos royalties
Antes da ajuda da base parlamentar, Neto já tinha recebido uma boa nova, que poderá encerrar de vez a polêmica crise financeira do município: a de que a Justiça Federal teria reconhecido o direito de Volta Redonda ser incluída pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) entre os beneficiários de royalties da Zona Principal de Produção (ZPP). Traduzindo: em vez de receber apenas R$ 4 milhões mensais, a cidade do aço passará a receber R$ 15 milhões. Ou seja R$ 11 milhões a mais todo mês. Tem mais. O repasse será retroativo. “Ajuda muito. Pode até não resolver, mas ajuda. Se tudo der certo, vamos respirar. Certo é que já avançamos e vamos poder pagar os salários (dos médicos) no patamar atual”, comemorou Neto. Um dos principais alia- dos de Neto, o presidente da FOA, Eduardo Prado, ao receber o vídeo do aQui com as novidades, foi taxativo. “Deu a volta por cima”, disse, referindo-se a Neto e ao qui- proquó com a oposição e suas consequências na política local.
O que pouca gente sabe é que a proposta de Volta Redonda recorrer à Justiça Federal para pedir uma revisão da distribuição dos royalties foi apresentada a Neto pelo ex-deputado estadual Edson Albertassi. Segundo uma fonte, esta teria sido a primeira contribuição dada por Albertassi ao assumir o cargo de assessor especial de Neto. Na época, o prefeito não teria gostado muito da proposta, mas acabou convencido. E deu no que deu: Volta Redonda vai passar a receber R$ 15 milhões, e não apenas R$ 4 milhões, como recebia. E tudo retroativo. Parece que Albertassi já pagou tudo o que devia a Neto.
Maldade (I)
Ainda sobre os dois anúncios – de Edson Quinto e da Justiça Federal –, um dos parlamentares presentes ao encontro com Neto fez a seguinte colocação. “A oposição (a Neto) ficou igual ao Brasil. Ganhava de 2 a 0 do Japão, tomou três no segundo tempo e perdeu o jogo”, comparou, referindo- se ao amistoso da seleção brasileira realizado na manhã de terça, 14, que terminou com a vitória do Japão por 3 a 2. Faz sentido…
Maldade (II)
Outro parlamentar aproveitou a deixa e soltou: “O anjo da guarda do Neto voltou a agir”. Também faz sentido…
Dormindo bem (I)
Na quinta, 16, em entrevista a Renan Cury, que substituía Dário de Paula, que estava com problemas na voz, Neto confessou que voltou a dormir bem depois de receber as boas notícias: da Câmara e da Justiça. “Com certeza voltei a dormir”, disparou. “O município recebia R$ 4 milhões por mês, agora vamos receber R$ 15 milhões. Volta Redonda era a que menos recebia, é um absurdo o que acontecia, mas, graças a Deus, essa situação vai melhorar muito a situação financeira do Poder Público”, comentou. “Estamos trabalhando para arrecadar mais”, acrescentou.
Dormindo bem (II)
Neto também comen- tou com Renan, vereador da base governista, que já come- çou a conversar com os ban- cos que operam na cidade para ‘vender a folha de pagamento de 2026’ em agosto do ano que vem. “Eu vou conversar com todos. Na última licitação, conseguimos quase R$ 40 milhões”, revelou.
Dormindo bem (III)
Em relação à CSN, Neto detalhou que espera apoio da empresa no sentido de pagar na íntegra o IPTU de 2026. É que, por decisão judicial, todo ano a prefeitura recebe o imposto com um desconto da ordem de R$ 11 milhões. “Volta Redonda é descontada todo ano em torno de R$ 11 milhões de um IPTU que estamos devendo à CSN. Estamos conversando para ver se eles não descontam no ano que vem. Que cobrem!
Anistia para aumentar arrecadação
A Câmara de Volta Redonda aprovou na terça, 14, mais uma proposta do prefeito Neto para tentar aumentar a arrecadação do município. O projeto, encaminhado em regime de urgência, criou o ‘Programa de Parcelamento dos Créditos Tributários e Não Tributários’. Os pagamentos poderão ser à vista ou parcelados, em cotas mensais e sucessivas. A adesão vai se dar com a assinatura de um Termo de Acordo após a comunicação do deferimento via aplicativo de mensagens (preferencialmente pelo WhatsApp) ou por e-mail.
Segundo Neto, a nova anistia vai propiciar que as empresas regularizem suas situações, na busca do equilíbrio econômico financeiro, abrindo assim oportunidade para novos empreendimentos na cidade.
Secretaria de Saúde vai parcelar pagamentos
A Secretaria de Saúde de Volta Redonda, através do Fundo Municipal de Saúde, resolveu adotar uma medida para reduzir as despesas: vai parcelar o pagamento de fornecedores. “Informamos que o Fundo Municipal de Saúde se encontra em déficit financeiro. A situação se dá pelo fato de que as demandas em saúde são superiores ao que temos recebido, portanto, não estamos com condições financeira de arcar com todos os pagamentos no vencimento estabelecido contratualmente”, diz um memorando, assinado pela secretária de Saúde, Márcia Cury, aos chefes de gabinete de cada setor da pasta.
Segundo o memorando, o Fundo Municipal de Saúde está com déficit mensal de R$ 4,2 milhões. Com isso, foi instituído um plano financeiro que consiste em parcelar notas fiscais de pagamento: até R$ 50 mil não haverá parcelamento; de R$ 50 mil a R$ 100 mil haverá pagamento de 85% da nota fiscal e o restante no próximo repasse do Ministério da Saúde; até R$ 250 mil, o pagamento será de 80% até o próximo repasse do MS. Já para notas acima de R$ 250 mil, o primeiro pagamento será de 70% e o restante no próximo repasse.
“A proposta é de que esse método seja aplicado durante três meses, que no momento entendemos ser o suficiente para equilibrarmos as contas e para que os gestores de contratos consigam encontrar maneiras de diminuir os valores das prestações de serviços, adequando a oferta com a real realidade atual do município”, completou Márcia Cury.