Secretário de Ordem Pública nega participação em quadrilha investigada pelo MP

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Caiu como uma bomba a notícia, divulgada pelo aQui na manhã de quinta, 21, dando conta que o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MP, com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência, estaria com mandados de busca e apreensão a 15 pessoas investigadas em um suposto esquema de venda de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs). Entre os alvos estariam dois policiais, sendo um deles o secretário de Ordem Pública de Volta Redonda, coronel Luiz Henrique Monteiro Barbosa.

A operação ‘Meia Roda’ apurava a atuação de uma suposta organização criminosa composta por servidores do Detran, pessoas ligadas a autoescolas e clínicas médicas, além de despachantes e policiais militares. Segundo informações do MP, os candidatos pagavam para serem aprovados, sem realizar as provas obrigatórias, em um esquema que envolvia a inserção de dados falsos no sistema e até o uso de moldes de silicone para fraudar o controle biométrico.

Os alvos estariam sendo investigados pelos crimes de corrupção passiva e por organização criminosa. Os mandados, expedidos pela 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa, foram cumpridos em endereços da capital, da Baixada Fluminense e em cidades do interior, como Volta Redonda e Barra Mansa. Logo após a nota do MP, a Prefeitura de Volta Redonda liberou uma nota oficial para “esclarecer que o nome do coronel Luiz Henrique Monteiro Barbosa, atual secretário municipal de Ordem Pública, teria sido citadoNde forma indevida em conversas interceptadas no curso de uma investigação”.

“Duvido que vão achar alguma coisa”

Na manhã de ontem, sexta, 22, o secretário de Ordem Pública, coronel Luiz Henrique, deu uma entrevista a Dário de Paula e negou categoricamente o seu envolvimento na ação do MP. “Eu não vou justificar, pois o fato é inexistente”, disparou logo de cara. “Me senti na obrigação, em respeito aos meus familiares, pois é muito difícil receber uma visita (dos policiais, grifo nosso) que cumpriam (o dever) e querer justificar um fato inexistente”, completou. Inspirado, Luiz Henrique comentou que está em Volta Redonda desde 2009 e que faz reuniões com autoescola, com comerciantes, com moradores.

“Eu me relaciono com todo mundo, pois eu entendo que o sucesso na Segurança Pública está na proximidade. E quando você se aproxima da população, você consegue saber exatamente do que ela precisa”, disse, como querendo explicar o envolvimento do seu nome na ação do MP.  “Eu duvido que vão achar alguma coisa que me vincule a um benefício para fazer tamanha falcatrua. Respeito o Ministério Público, sou servidor público e tenho minha vida pautada naquilo que a gente prega. Eu não tenho dúvida nenhuma de que o MP e a Justiça, os juízes, eles têm a mesma conduta. Eles procuram apurar, são pessoas que buscam a verdade a todo tempo. Eu não tenho problema nenhum em responder nada, o único problema é ter vinculado o meu nome”, pontuou.

Indagado por Dário de Paula a respeito do seu nome ter sido envolvido em uma ‘trama diabólica’, Luiz Henrique deu detalhes da decisão da Justiça contra os suspeitos. “A decisão judicial tem 15 envolvidos, e fala da conduta de cada um”. Quando chega no coronel Henrique, tem o seguinte: “Em ligação no dia 5 de maio de 2024, do alvo Maneco com o alvo Pablo, o Maneco cita que após denúncia de possíveis fraudes de aquisição de CNH em autoescolas da região de Valença e Volta Redonda e delito de corrupção nas provas práticas, passou a chamar um tenente coronel e um P2 da Polícia Militar para ficar de segurança onde ocorrem as provas. Aí depois ele (Maneco) fala assim ‘Suspeita-se ser um dos envolvidos em esquema de fraude’”, contou Henrique.

O secretário de Ordem Pública foi além. “Eu tenho certeza que o fato será esclarecido. Quando eu falo que o fato é inexistente, é porque eu sei que é inexistente. Ninguém vai me vincular a nada de corrupção em Volta Redonda, pois eu sou um profissional”, garantiu. “Eu duvido que alguém em Volta Redonda possa falar que me deu qualquer vantagem em benefício de algo errado, não tem, Dário. Então eu devia isso (esclarecimento) à população”, justificou.

Antes de encerrar a longa entrevista que concedeu a Dário de Paula, Luiz Henrique acabou desabafando. “Eu vou falar sobre um jargão que todos nós falamos e que vai ser riscado das minhas falas: que eu boto a cabeça no travesseiro e durmo tranquilamente. Daqui para a frente, não posso mais fazer isso, porque fui incomodado. Fui tratado como um criminoso, sendo um operador da segurança pública por ofício… Fui incomodado. Isso pra mim foi doloroso, pois afetou minha honra, me fez atingir um estado vexatório, porque incomodar é algo que é muito ruim. Agora, eu tenho certeza que eu estou de cabeça erguida, minha família sabe exatamente o que eu represento, eu falo isso todo dia pra eles”, disse, para logo completar: “O que me estranha é que são 15 envolvidos e ninguém foi citado, falam o nome de 15 envolvidos e do coronel Luiz Henrique Monteiro Barboza, secretário de Ordem Pública. Isso que vendeu, isso que foi dito. Então parece que eu sou o chefe de um esquema criminoso”, lamentou