Cidade do aço também tem seus pontos turísticos

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Por Elizabeth Vianna

Com pontualidade britânica – não a minha, que fui a última pessoa a chegar e quase perdi o passeio –, bom humor e muita informação, a van do projeto ‘Turismo em Volta’, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico d Volta Redonda, saiu da Praça Brasil às 9h5min de sábado, 9, com 13 volta-redondenses a bordo, em direção ao Parque Natural Municipal Fazenda do Ingá, no Santa Cruz, primeira parada de um trajeto pré-estabelecido pela pasta para mostrar à população um pouco mais da história da cidade do aço.

De início, um fato curioso: os passeios têm atraído moradores de Volta Redonda, mas também turistas da cidade do Rio, do estado de São Paulo e até alguns estrangeiros, como uma família de cubanos que mora na cidade do aço e se inscreveu para passear gratuitamente por pontos turísticos do município, como nos contou a guia Edna. Apesar de ter nascido em Volta Redonda, vivi alguns anos – justamente aquele período da vida em que as excursões escolares são frequentes e que a história da cidade onde vivemos é esmiuçada em sala de aula, antes de ampliarmos os horizontes para estado, região, país e, finalmente, o mundo – em outro estado Boa parte da história municipal acabei só conhecendo picada, contada por familiares ou, mais tarde, por conta do meu trabalho, sem uma linha muito contínua, e com um foco maior na parte política/sindical (que também não passou em branco no passeio).

Sempre atrás de aventura, aceitei o desafio lançado pelo editor do aQui, Luiz Alfredo Vieira, de fazer turismo – um dos meus maiores prazeres – em minha própria cidade. Depois de alguns dias fora do país e de conhecer outros lugares muito mais turísticos, ele apostou que seria fácil eu me entediar com limites tão pequenos e encontrar críticas e ressalvas ao projeto, já que Volta Redonda nunca foi considerada uma cidade turística, embora tenha a maior usina siderúrgica da América Latina, inexplorada até hoje, turisticamente falando.

Aos 45 anos, foi minha primeira vez na Fazenda do Ingá, e senti por não ter ido antes. Uma área verde, de proteção ambiental e aberta ao público em plena cidade do aço – que, sempre digo, merecia muito mais. Mais qualidade de vida, árvores, parques, praças em bom estado, espaço ao ar livre para lazer de um povo trabalhador, que sua a camisa diariamente e quase não tem opção gratuita e saudável para relaxar nos dias de folga. Eu desejava praia – eu sei que aqui já estava pedindo muito – e um par- que ao estilo do Ibirapuera, em São Paulo, mas me contentaria com algo como o irmão menor, Parque da Aclimação, que recebe milhares de pessoas semanalmente.

O Parque do Ingá está sendo revitalizado, segundo a equipe que nos acompanhou no passeio, tendo suas trilhas (ao todo, são quatro, com graus de dificuldade diferentes) sinalizadas e, no futuro, abrigará um jardim sensorial – ao estilo do homônimo, localizado em uma área do Jardim Botânico do Rio de Janeiro –, para que os visitantes interajam com o meio ambiente e possam exercitar melhor os sentidos através da natureza.

Vocês, leitores, sabem que havia uma represa no Parque do Ingá que abastecia quase metade de Volta Redonda? As informações são de que agentes do Inea já estiveram por lá e estariam desenvolvendo um projeto de restauração do reservatório, através do programa ‘Limpa Rio’. Tomara que isso seja feito logo e que a represa volte a funcionar sem o estardalhaço da verba e o oba- oba que será a construção da nova ETA do Aero Clube, sem data para ser concluída.

Ainda no Parque do Ingá, a guia turística contou que Volta Redonda tem, além dele, pasmem, outros quatro espaços naturais: a Floresta da Cicuta, mais famosa, mas sem visitação por ora; o Parque da Pedreira, na Voldac, que foi assunto recente entre Prefeitura e Governo do Estado, mediado pelo deputado estadual Munir Neto, visando a construção de um parque estadual; o Parque Natural de Volta Redonda – inaugurado no governo de Samuca Silva, em 2020, e construído em contrapartida à liberação de acesso a um condomínio residencial comercializado por um grupo empresarial –, mas que ainda não vingou e está fechado; e, por último, o Vale dos Puris, que abrange áreas também do Santa Cruz, o Ingá (temos um parque dentro de outro parque?) e vai até a divisa com Amparo, em Barra Mansa. Quantos você já visitou?

Do Ingá, fomos ao ‘Marco Zero’, inaugurado há poucos dias, em Niterói, indicando o primeiro núcleo de ocupação urbana do município. A partir daí, passamos por pontos importantes na história da cidade, que cruzamos diariamente em nossos caminhos e não vou mencionar, porque nos falta espaço. Uma informação eu preciso dividir aQui, mas sem entregar totalmente o ouro. Você sabia que há, quase oculta na cidade, uma casa onde Getúlio Vargas, ex-presidente do Brasil, passou uma temporada? Reza a lenda que ele conseguia, de lá, acompanhar a construção da Companhia Siderúrgica Nacional e, ao mesmo tempo, o desenvolvimento da cidade.

Depois disso, acredito, você se convenceu a fazer turismo também por Volta Redonda. Eu já preciso saber mais! Em uma cidade conhecida como a do aço, confesso, desejei visitar a Usina Presidente Vargas, como era possível tempos atrás, e entrar no outrora luxuoso Escritório Central. Apesar de ter sido um tour curtinho, de pouco mais de duas horas, saí disposta a voltar em outra oportunidade e a fazer com que mais pessoas se convençam a ver Volta Redonda por outros ângulos e descobrir histórias bacanas daqui também. Ou você já sabia que a cidade tem, além do Memorial 9 de Novembro, na Vila, mais projetos do incrível arquiteto Oscar Niemeyer? Eu não sabia!